BBB25

BBB 25: Por que os brothers não querem se envolver em polêmicas?

Elenco morno teme prejudicar contratos de publicidade pós-reality, mas especialistas em mídias digitais dizem que não basta a exposição para garantir sucesso

Ícone fechar

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Beatriz Reis e Viih Tube se deram bem nas redes sociais com a exposição do BBB; Manu Gavassi criou modelo de estratégias nas mídias usado por participantes nas edições seguintes - Reprodução

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

"Fiquei com muito medo de ser vista como agressiva, me preocupava. Sei que o cancelamento está aí e o quanto seria difícil para mim". Esse foi o discurso da carioca Camilla Maia no dia seguinte à sua eliminação do BBB 25, na manhã de quarta-feira (12) .

Se até a antagonista da edição, eliminada com 94,67% dos votos, teve medo de se comprometer para não ser cancelada, pode-se afirmar que muitos brothers, sejam Pipoca ou Camarotes, compartilham deste temor. Eles fogem de conflitos e têm conversas conciliadoras por estarem preocupados com a imagem que terão do lado de fora da casa quando saírem do confinamento.

O resultado disso é a audiência do BBB 25, a mais baixa das últimas edições do reality. O elenco morno, portanto, pode acreditar que vale mais a pena sair cedo, mas não cancelado, do que vencer o prêmio. Vale mais conseguir a adoração do mercado publicitário do que dos espectadores do jogo em si?

"A comunicação no país mudou muito. O mercado artístico não é mais o mercado artístico. Ele hoje é o mercado de influência", afirma Gis de Oliveira, relações públicas que já trabalhou com diversos ex-BBBs, como Arthur Aguiar e Carla Diaz.

"O Big Brother um dia foi sobre o prêmio. Hoje em dia ele é muito mais sobre a exposição", diz Isabela Matte, influenciadora e especialista em marketing digital.

As profissionais explicam que o BBB virou, de fato, um trampolim para a fama e para o dinheiro. No caso de anônimos, o reality os torna conhecidos. Entre os famosos, pode alavancar carreiras e até ajudar a melhorar uma imagem "queimada", atrair simpatizantes.

É o caso de Bianca Andrade, a Boca Rosa, que usou a exposição para fazer explodir no mercado a sua marca de maquiagens. E também o de Arthur Aguiar, que venceu o BBB 22, mesmo entrando na casa cancelado.

"Ele estava há dois anos sem trabalho, ninguém queria fazer nada com ele. Ninguém queria gravar música com ele, não não recebia contrato de mídia nem de publicidade há anos. Estava completamente queimado no mercado", conta Gis de Oliveira, que trabalhou com Arthur durante e após o programa.

"Conheço pessoas, inclusive, que foram chamadas para ir no Big Brother, que seriam personagens interessantes, e elas falaram: 'Não. Eu só entraria se eu estivesse cancelada'. Porque eu tenho muito mais a perder do que a ganhar", completa Isabela.

Contudo, elas defendem que não basta só estar lá. É preciso alinhar estratégia e personalidade.

ESTRATÉGIA

Manu Gavassi gravou 133 vídeos antes de entrar no BBB 20 e conseguiu mobilizar a maior torcida já registrada em um reality. Ao sair do programa, fechou contrato com diversas empresas para publicidades e deixou sua marca registrada na estratégia de mídia adotada por outros depois dela.

Isabela explica que, através das redes, é possível criar um objetivo e controlar a narrativa do lado de fora. "Então, o que o participante e o time podem fazer em termos de estratégia é controlar a percepção e a narrativa do lado de fora".

Mas, para ela, a comunicação deve estar estritamente associada ao jeito da pessoa dentro da casa. Caso contrário, é inútil: "Trazer essa autenticidade de quem você é, fortalecendo aqui fora os atributos que você gostaria", exemplifica.

AUTENTICIDADE

Para as profissionais, o que falta na edição é personalidade. "A dinâmica do programa é o próprio elenco. Se está todo mundo indo com medo, como vão conseguir ser autênticas? Como elas vão falar o que elas pensam?", questiona Isabela.

"Se você tem uma personalidade mais de um jeito ou mais de outro, se você se veste mais de um jeito ou mais de outro, se você tem atributos mais de um jeito ou mais de outro, quanto mais você for autêntico e eles forem fortes, mais fácil vai ser de você construir uma comunidade que se identifica com você", explica a profissional

Segundo ela, há espaço e oportunidades para quem é autêntico. Aqueles que copiam e ficam na média não terão tantas opções.

BBB 25

Para Isabela, Vitória Strada é a participante com maior potencial para o mercado digital, por ter personalidade alinhada a estratégia. "A imagem dela ali está sendo dessa pessoa que faz o que pensa. Ela está tendo um protagonismo e um protagonismo positivo, no sentido de que existe uma grande massa de pessoas que está ficando do lado dela", diz.

Ela também usou a estratégia de preparar suas redes sociais antes de ser confinada, usando até recursos de Inteligência artificial para comentar seus próprios resultados.

"As redes sociais dela são muito bem trabalhadas e usam os atributos que são interessantes e os aumentam. Por exemplo, essa narrativa dela estar sozinha, tem publicações ali que mostram ela sozinha. É justamente para fortalecer a narrativa", explica Isabela.