Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
No ar como a Geíza de "Justiça 2" (Globoplay), Belize Pombal vai voltar também a "Renascer" (Globo). Nos próximos capítulos, o fantasma de Quitéria, a mãe de Maria Santa (Duda Santos), vai aparecer para Inácia (Edvana Carvalho) e revelar dois segredos que vão causar uma reviravolta na trama.
Em meio à boa safra de trabalhos, Belize está comemorando o sucesso e o reconhecimento dos telespectadores. Nem sempre foi assim. Aos 38 anos, 27 deles dedicados à atuação, ela somente agora chegou a papéis de destaque no mainstream do audiovisual.
"Minha entrada na TV aconteceu na hora que tinha que ser, no momento em que eu tinha mais maturidade. Ao mesmo tempo, a gente sabe de pessoas brancas que, mesmo sem maturidade, foram amadurecendo ao longo das oportunidades que lhes foram dadas", pondera em entrevista ao F5, na qual falou sobre sua primeira experiência em novela, a trajetória no mundo artístico e a importância de existir cada vez mais diversidade nos elencos.
"São traços da minha própria trajetória como indivíduo que se misturam com questões culturais, históricas e raciais. Para além das minhas pessoalidades, há uma estrutura coletiva que corrobora para que pessoas negras alcancem alguns espaços mais tardiamente", avalia.
Formada em artes dramáticas pela USP, Belize começou a estudar teatro com 11 anos. No currículo, acumula trabalhos como atriz, dramaturga, performer e compositora musical. Também já atuou em filmes e séries como "Sessão de Terapia", "Vítimas do Dia", fez parte da companhia teatral "Os Crespos" e idealizou os espetáculos infantis "Fulaninho e Menininha" e "Os Coloridos".
Para ela, esse cenário vem mudando na TV aberta e no streaming, mas ainda é preciso abrir mais portas e diversificar elencos e equipes. "Não está nem perto do que deveria ser em termos de equidade", diz.
OPORTUNIDADE PARA QUEM?
Enquanto artistas como Belize lutam por mais destaque, pessoas que não necessariamente almejam uma carreira nas artes acabam sendo alçadas a grandes papéis quase que por acaso. É o caso de influenciadores, ex-BBBs e modelos que recebem personagens importantes sem, nem sempre, ter condições de entregar o que se espera.
"É angustiante saber que tem colegas profissionais que não estão trabalhando, enquanto pessoas que não necessariamente desejam de fato se dedicar a isso estão ocupando espaços de trabalho", diz Belize.
Apesar de sua educação formal nas artes, a atriz acredita em outros caminhos para o aprendizado e a profissionalização. "Temos artistas incríveis, com trajetórias potentes e bonitas e que aprenderam e se desenvolveram por meio de outras dinâmicas que não necessariamente a universidade", diz.
"Ainda tenho muito o que aprender, assistir, ler, descobrir e desenvolver tecnicamente. Acredito muito na importância da educação, mas nossa sociedade tem um olhar limitado para o que significa ser inteligente ou bem informado", pondera. Ainda assim, ela acredita que o cenário artístico precisa ser mais cuidadoso e "perceber que existem profissionais excelentes precisando trabalhar e sem espaço".
Para ela, esse cenário vem mudando na TV aberta e no streaming, mas ainda é preciso abrir mais portas e diversificar elencos e equipes. "Não está nem perto do que deveria ser em termos de equidade", afirma.
GEÍZA E QUITÉRIA
Na segunda temporada de "Justiça", Belize vive Geíza, uma manicure da Ceilândia, periferia do Distrito Federal, que mata um homem para defender sua filha, Sandra (Gi Fernandes). "Diversos aspectos da história da Geíza se repetem na história das mulheres brasileiras", diz a atriz, que acredita que o poder da arte é trazer o exercício crítico para os telespectadores.
Já a Quitéria de "Renascer" é uma mulher submissa que sofre nas mãos do marido abusivo, Venâncio (Fábio Lago) e não consegue proteger as próprias filhas. "Acho fundamental que as pessoas tenham espaço para tecer as próprias reflexões", diz.