O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) notificou todos os 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro e outros 13 da Série B para que entreguem, até o próximo dia 31, detalhes dos contratos fechados com a Globo para a transmissão do torneio. O órgão deseja saber se a emissora privilegia times em valores e impede negociações e transmissões de outros grupos de mídia.

O F5 teve acesso em primeira mão aos 33 ofícios enviados aos clubes na semana passada. O Cade pede o envio de uma versão pública e outra privada dos esclarecimentos, que precisa ser mandada por e-mail até o fim do mês. Caso os clubes se neguem a prestar esclarecimentos, podem pagar multa administrativa de R$ 5 milhões.

Entre os notificados, estão Flamengo e Corinthians, clubes de maior torcida do Brasil e que tem o maior contrato de televisão com a emissora em valores. Somente pelo Premiére, serviço de pay-per-view para transmissão de jogos, a Globo pagou R$ 270 milhões em 2022 aos dois, de um total de R$ 400 milhões distribuídos aos clubes.

Uma nova notificação também foi enviada para a Warner Bros Discovery solicitando à empresa o detalhamento dos contratos que chegou a ter com clubes até 2021. Em uma reunião realizada com o Cade em julho, a Warner diz que deixou de transmitir a liga nacional por conta de situações criadas pela Globo nos bastidores.

No caso de times da Série B, o Cade deseja saber como é o acordo para a transmissão da segunda divisão nacional, e como ficaria caso alguns destes times subam para a Série A. Hoje, a Globo só tem direitos de TV paga e pay-per-view da Série B, válido até o fim do ano. Na TV aberta, o torneio é exibido pela Band.

O atual acordo entre clubes da divisão de elite e a Globo é válido até 2024. Para 2025, as ligas Forte Futebol e Libra negociam renovações com a Globo. A Amazon, que já é parceira da Globo para os contratos da Copa do Brasil, tem interesse em ampliar esse acordo com a emissora para o Brasileirão e negocia uma entrada conjunta.

O Cade voltou a investigar a Globo por um possível monopólio em junho, ao reativar um inquérito que estava parado desde 2021. Procurado, o órgão diz que não comenta inquéritos em andamento. A Globo também não comenta o assunto.