Televisão

Bruna Linzmeyer pediu permissão a entidades da região antes de 'Pantanal'

'Tenho uma crença espiritual grande', diz atriz que interpreta Madeleine

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Bruna Linzmeyer, 29, ficou deslumbrada com a região de Aquidauana (MS), onde gravou boa parte de sua participação na novela "Pantanal", que a Globo exibe na faixa das 21h. Tanto que precisou se concentrar para não deixar sua fascinação pelo local traspassar para a personagem Madeleine.

"Eu tive uma dificuldade de estar muito encantada com o Pantanal, que é muito exuberante e muito lindo", contou em bate-papo com a imprensa, do qual o F5 participou. "Eu estava com o olho brilhando e, ao mesmo tempo, me esforçava para olhar com a perspectiva da personagem para aquele lugar."

Isso porque Madeleine foi parar na região a contragosto, após se casar com José Leôncio (Renato Góes), mas estava acostumada a viver na cidade grande. "O encontro de Madeleine com o Pantanal não é um bom encontro", avaliou a atriz. "Eu ficava colocando esses óculos de Madeleine e vendo aonde que estavam esses incômodos."

Para ela, o fato de ser uma região menos povoada gera alguns sentimentos conflitantes em quem a visita. "Eu lembro de uma sensação que foi muito comum para todo mundo que passou muito tempo lá, de estar em um isolamento", disse.

Isso não se dava apenas pela distância física. "[É um lugar que] não tem esquina, você não vai ali e tem um boteco onde você pode beber uma cerveja ou uma igreja onde você pode sentar e rezar", explicou. "[Só] tem o rio, as árvores e esse horizonte sem fim —porque é uma planície—, então você não vê montanha, não vê curva.."

Bruna diz que tentou investigar essa aflição que algumas pessoas podem sentir no local para emprestar a Madeleine. "O olhar dela é de quem não se dá bem com aquele lugar, para quem aquele lugar representa uma prisão, uma angústia, uma solidão muito grande, que ela encontra de ficar sozinha lá", compara.

Estar na locação a ajudou a chegar a essa sensação. "Eu lembro que, quando eu cheguei lá, fiquei muito impressionada com o nível de produção, uma logística inalcançável", surpreendeu-se. "Como é possível essa quantidade de gente? De equipamento? Nós ocupamos 5 ou 6 fazendas e tinha esse deslocamento todo dia, de uma hora e meia para ir e uma hora e meia para voltar. Ou você ia de aviãozinho, que todo mundo morria de medo."

A atriz diz que pediu permissão às entidades que ela acredita existirem por lá para realizar o trabalho. "Quando a gente fala de respeito de estar lá é respeito por esses encantados e encantadas que vivem nessas terras, de pedir permissão para estar ali, para acessar essas energias, essas emoções", revelou.

"Eu tenho uma crença espiritual grande", explicou. "Eu fiz muito esse trabalho de pedir permissão de falar: 'Dá licença que vou mexer com coisas aqui e a gente vai junto nessa jornada'. É muito poderoso estar em uma locação como o Pantanal para fazer uma personagem, contribui muito com o trabalho."

Também foi no Pantanal que ela e Malu Rodrigues —que vive a irmã de Madeleine, Irma— gravaram suas primeiras cenas. "Não gravamos nada antes da nossa viagem ao Pantanal juntas, como irmãs", contou Malu. "Rolou uma conexão muito louca no Pantanal. A gente teve essa intimidade de Big Brother lá na fazenda que ajudou muito nessa construção. Essa conexão foi ótima para as duas irmãs."

Na trama, Madeleine é quem conhece José Leôncio primeiro, e os dois vivem uma paixão avassaladora, que termina em um casamento-relâmpago. Irma, por sua vez, também demonstra uma paixão platônica pelo cunhado, que vai perdurar muitos anos.

"Esse encontro no Pantanal foi especial, porque a gente teve um tempo de conviver, tomar café da manhã juntas, almoçar...", concordou Bruna. "E a relação de Irma e Madeleine é muito intensa e paradoxal. Ao mesmo tempo que elas se amam e têm muito uma à outra, é complexo. Tem inveja, tem raiva, tem ressentimento."

"Acho que a relação de irmãos tem um pouco essa intensidade", avaliou. "Aqui ela está colocada num nível um pouco maior. Foi muito importante ter essa preparação para a gente ter essa intimidade com o corpo uma da outra, construir essa raiva, esse ressentimento e essa paixão que elas têm uma pela outra."

Outra colega com quem Bruna conviveu no Pantanal foi Leticia Salles, intérprete de Filó. Na trama, a ex-prostituta é completamente devota de José Leôncio. Ela passa a trabalhar em sua fazenda com a esperança de que os dois ainda possam ficar juntos, mas é pega de surpresa com a chegada de Madeleine.

Bruna falou da companhia da colega em momentos muito especiais. "Tinha uma vila perto da fazenda onde a gente estava ficando", lembrou. "A gente ia lá nos dias de folga, conversar com a galera. Sentava no banquinho, as pessoas recebiam a gente, ofereciam café, ficavam batendo papo... E fomos conhecendo umas Filós e umas Madeleines. Voltávamos caminhando para a fazenda impactadas com as histórias que a gente tinha ouvido."

"Eu digo que a Bruna é a pessoa mais destemida desse elenco", elogia Salles. "A gente passou um sufoco com ela nos rios, porque ela ia para uns lugares desbravar, que eu ficava: 'Bruna, pelo amor de Deus, volta!'. E eu falava: 'Cara, acho que eu que sou a Madeleine e você que é a Filó'. Impressionante, ela não tem medo de nada."

De fato, Bruna disse que não viveu grandes perrengues durante a gravação. "O maior perrengue, e isso talvez seja unânime, era abrir e fechar porteiras e os deslocamentos de todos os dias", disse. "Esse abrir e fechar porteira os meninos eram gentis também de abrirem e fecharem mais que a gente, que tinha cabelo, aí tinha poeira, tinha bicho, as porteiras eram intensas para todo mundo."

Já com os animais, ela não teve muitas preocupações. "A parte dos jacarés é lindo demais, eles não são um perigo para nós, a gente pode chegar muito perto deles", garantiu. "Eu não vi sucuri e também não vi onça. Agora, quando a ariranha passava, eu saia do rio, ia para a areia. Ela passava e depois eu entrava de volta (risos)."

"Essa sensação de você se sentir enquanto animal humano, estrangeiro no meio dos outros animais, é muito interessante", comentou. "É uma subversão muito grande de uma lógica a que a gente está acostumado hoje em dia, seja na cidade ou mesmo no interior em que eu cresci. De fato lá [no Pantanal] a gente é intruso e essa inversão de lógica é uma sensação muito importante de se sentir."