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'Além da Ilusão': Bárbara Paz diz que Úrsula tem vários lados e não é só 'bruxa má'

Atriz celebra volta como a manipuladora vilã após anos afastada das novelas

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São Paulo

Afastada das novelas desde "O Outro Lado do Paraíso" (2017), Bárbara Paz, 47, está de volta como a manipuladora Úrsula Alves de "Além da Ilusão". Na novela das 18h da Globo, ela trabalha na casa de Eugênio (Marcello Novaes), por quem é apaixonada.

"Estou muito feliz de estar de volta, foram quatro anos longe", comentou a atriz em bate-papo com a imprensa, do qual o F5 participou. "No começo foi meio estranho eu voltar, achei que não sabia mais fazer, nem sei se sei ainda (risos). A gente fica longe, do lado de lá, e fica uma confusão mental, mas é um prazer. A gente é mordido pelo bicho e vai embora."

Sobre a personagem, ela conta que Úrsula não se conforma com o papel que lhe foi reservado pela sociedade. "A Úrsula é uma mulher muito misteriosa no começo, ninguém sabe o passado dela", conta. "Ela chega nessa família e vira uma espécie de governanta. Cuida do Eugênio como se fosse o marido dela, na verdade. Ela trabalha na casa, mas quer ser da família."

"É uma mulher muito ambiciosa, apaixonada por esse homem", continua. "Mas mais apaixonada por dinheiro, por ter um nome, por ter um pedigree. Então é uma mulher que vai passar por cima de muita gente para conseguir o que ela quer."

Então podemos definir Úrsula como uma vilã? "A Úrsula é uma vilã, dependendo do ponto de vista", concorda. "Toda vilã tem um coração também, todo ser humano tem um coração, dependendo do ponto de vista."

Para a atriz, no entanto, não se trata de uma personagem que é apenas isso. "Ela tem muitos lados, algumas caras", explica. "Todo mundo tem um pouco de vilania porque todo mundo tem vários lados também, dependendo de como você vai agir na sua vida. E é isso que ela está fazendo, ela vai em busca do que ela quer."

"Ela não vai sossegar tão cedo e vai passar em cima de muita gente", analisa. "Então, sim, ela é uma vilã do ponto de vista de muita gente. Mas ao longo da novela vai se desvendar quem ela foi, quem ela é, o que ela está fazendo ali, a gente nunca sabe... É uma personagem gostosa de fazer. Estou gostando dela, está jogando de vários lados e isso é bom."

Bárbara conta que está à vontade não só na pele, mas também no guarda-roupas da personagem. "Os figurinos são lindos, a caracterização maravilhosa, então isso ajuda", afirma. "Eu me identifico muito com os figurinos, anos 40, 50, sou uma mulher que acho que talvez vivi nessa época. Então para mim já é um conforto vestir essa roupa."

"Como dizia Bibi Ferreira, tudo começa pelo pé: qual o sapato que ela usa? Como ela anda? Já vai dizer muito do que ela é", conta. "Estou experimentando, como em todos os trabalhos. Somos várias, somos uma imensidão, vivem em nós inúmeros, então estou buscando mais uma aqui dentro."

Na novela, Úrsula é mãe do mau-caráter Joaquim, interpretado na primeira fase por Thiago Voltolini e na segunda fase por Danilo Mesquita. A atriz conta que está se divertindo ao contracenar com outras gerações.

"Essa geração está nascendo com outro chip, já estão preparados, já sabem tudo", diz. "A criança e o jovem trazem essa espontaneidade que acho que é primorosa e também nos ajuda. É um bate-bola, um jogo. Acho que isso também passa para o público."

Bárbara afirma que o adiamento das gravações por causa da pandemia de coronavírus não foi uma questão para ela. "Interferir não interferiu, porque a gente teve que fazer do mesmo jeito", comenta. "A gente vai se adaptando."

Ela conta que, pelo menos para o elenco, isso inclusive trouxe algumas vantagens. "Tem que fazer, tem que botar no ar, e nós somos as peças que têm que ajudar isso a acontecer", explica. "Eu acho que a gente ficou mais junto, se uniu mais, conversou mais —talvez em outro momento a gente não conversaria certas coisas— porque a gente foi obrigado a conversar. A gente foi obrigado a se juntar."

​E em meio a tanta notícia trágica mundo afora, ela acredita que o entretenimento escapista em que a trama aposta pode ser uma diversão para quem está assistindo. "Principalmente por ser uma novela das 18h, que é uma novela que o público que está em casa quer assistir, gostar, se identificar e se esquecer do mundo lá fora e viver uma outra época, uma outra história", avalia.

Isso tem reflexos, inclusive, em sua forma de atuar. "A Úrsula é uma delícia de fazer porque ela é uma vilã, mas essa palavra é forte, parece que só vai fazer maldade", diz. "Estou tentando fazer algo um pouco mais suave, tentando fazer um pouco mais não só a bruxa má. Essa novela tem esse lado lúdico, leve, que permite."

Ela lembra que a novela aposta nesse equilíbrio entre temática e abordagem. "É bom ver o que veio antes da gente, como foi essa libertação da mulher, como era viver isso, essa novela fala disso". conta. "É bom a gente estar discutindo de uma forma leve, apesar de ter temas pesados, mas discutir algo que é a história do nosso país, a história nossa, então estou feliz."