Marcos Palmeira diz que 'Renascer' é trama atemporal e remake faria sucesso
Novela de 1993 entra no catálogo do Globoplay a partir desta segunda
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Um dos grandes clássicos da televisão brasileira, "Renascer" (1993), de Benedito Ruy Barbosa, poderá ser revista, a partir desta segunda-feira (11), no Globoplay. A trama narra a história de José Inocêncio (Leonardo Vieira/Antonio Fagundes), poderoso fazendeiro de cacau em Ilhéus, na Bahia.
Pai de quatro filhos, ele rejeita o mais novo, João Pedro (Marcos Palmeira), a quem culpa pela morte do grande amor da sua vida, Maria Santa (Patrícia França) —ela morre ao dar à luz o menino.
Intérprete do caçula, Palmeira, 58, destaca que, mesmo quase 30 anos desde a primeira vez que foi ao ar, "Renascer" segue atual ao discutir dramas familiares como o conflito entre pais e filhos. "É um conteúdo atemporal", opina.
O trabalho marcou a volta do ator para a Globo após o êxito como Tadeu em "Pantanal", novela também de Benedito Ruy Barbosa, que foi exibida Manchete e causou impacto em 1990. "Apesar de ser muito jovem, tive uma liberdade total para construir o meu personagem [em 'Renascer'], foi muito bacana", relembra Palmeira.
"O mais difícil era acertar a linha tênue durante a minha interpretação entre a idolatria que ele tinha pelo pai e a tristeza de saber que apesar de o amar, era rejeitado", completa.
O ator destaca como a sua cena mais marcante a morte de José Inocêncio, quando pai e filho se reconciliam, já no último capítulo da trama —é também um dos momentos mais lembrados pelo público e pela crítica. "Eu tinha acabado de perder o meu avô e aquela cena acabou funcionando para mim como uma despedida que não pude ter porque eu estava trabalhando no Sul quando ele faleceu no Rio de Janeiro. Foi uma cena intensa e carregada de muitas emoções", afirma Palmeira.
Assim como "Pantanal", que vai ganhar um remake na Globo —em que Palmeira vai atuar agora como José Leôncio, papel que foi de Cláudio Marzo (1940-2015)— funcionaria uma refilmagem de "Renascer"? "Acho que essa é uma ótima ideia e acredito que faria muito sucesso, sim. Remakes de clássicos costumam dar certo", aposta.
Palmeira acrescenta que fazer José Inocêncio numa releitura do enredo seria uma "boa oportunidade" de ver a história por meio de outro olhar, "já que interpretaria o pai que rejeitava o filho, e não o filho rejeitado".
Vale destacar que "Renascer" só existiu por causa do sucesso de "Pantanal". A Globo inicialmente recusou a história apresentada por Benedito Ruy Barbosa, que a ofereceu para a Manchete. Depois do seu sucesso, o autor voltou à Globo com bandeira branca para contar a história que quisesse, como relata a colunista Cristina Padiglione. Surgiu assim "Renascer".
OUTROS DESTAQUES
A novela teve outros pontos altos, como uma primeira fase com cara de cinema e que marcou a estreia de Leonardo Vieira na TV no papel de José Inocêncio jovem. No "Livro do Boni", José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o então diretor todo-poderoso da Globo, diz que o início de "Renascer" era tão forte que eles decidiram reduzir o número de capítulos para evitar uma possível rejeição da segunda parte da história.
Mariana, jovem vivida por Adriana Esteves, e que foi mais um motivo de discórdia entre pai e filho, ambos apaixonados por ela, foi um dos poucos personagens que não deram certo. Embora tenha se afastado da TV após "Renascer", a atriz disse que se sente muito honrada de ter feito parte do projeto.
"Essa personagem foi dificílima para mim na época. Tive que me dedicar muito para dar conta do enorme desafio. Mas acho que consegui", afirmou ela.
Outro problema, mas este interno, foi a desavença do ator Osmar Prado com a produção da novela, o que fez com que a morte do seu personagem, Tião Galinha, um dos melhores da história, fosse antecipada.
Pela sua interpretação como o humilde e matuto criador de caranguejos, Prado recebeu o prêmio da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor ator coadjuvante. "Renascer" foi escolhida a melhor novela de 1993, e Fagundes, o melhor ator. Também tiveram seus trabalhos reconhecidos Regina Dourado (1953-2012) como melhor atriz coadjuvante por sua atuação como Morena, e Jackson Antunes, que levou o prêmio de ator revelação por seu papel como Damião.
Regionalismos e lendas deram tempero ao enredo como a aposta do poder do diabo trancado em uma garrafa, receita que explicaria a riqueza de José Inocêncio. Benedito Ruy Barbosa contou que a trama surgiu de uma viagem que fez à Bahia. A história já tinha sido explorada por ele em "Paraíso" (1982). Na novela das seis, quem mantinha o diabinho na garrafa era o coronel Eleutério (Cláudio Corrêa e Castro).
"Renascer" também inovou com Buba, personagem intersexual (na época da trama ela era apresentada como hermafrodita, termo que não é mais utilizado por ser considerado pejorativo), vivida pela atriz Maria Luisa Mendonça em sua estreia na TV.
A novela contou ainda com uma participação especial de Fernanda Montenegro no papel da sábia Jacutinga, dona do bordel que recebe Maria Santa como filha na primeira fase da trama.