Helena Rizzo entra no MasterChef e torce para reality potencializar seus negócios
Chef renomada e cheia de prêmios substitui Paola Carosella e se diz exigente
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Substituta de Paola Carosella, 48, que deixou o MasterChef (Band) após seis anos, a chef gaúcha Helena Rizzo, 42, está feliz com a oportunidade de transmitir em TV aberta todo o conhecimento adquirido em 25 anos de carreira.
Ela afirma que mostrar aos telespectadores sua bagagem acumulada pelas excursões internacionais que fez em prol da gastronomia. Além disso, a chef pensa em potencializar seus negócios com a exposição na televisão.
"Tudo que já fiz para a TV sempre impactou positivamente o movimento dos restaurantes e a oferta de trabalho. E em tempos difíceis como esse, acredito que possa ser muito bom", afirma Rizzo, em entrevista ao F5.
Nascida na cidade de Porto Alegre (RS), Helena Rizzo é proprietária do renomado Maní, que é a matriz de onde tudo começou em sua trajetória de sucesso, além dos restaurantes Manioca, a Casa Manioca e duas Padocas, todos em São Paulo.
O restaurante Maní, no Jardim Paulistano (zona oeste de SP), rendeu a ela seus principais prêmios até hoje. Foi por meio dele, em 2015, que conseguiu uma tão conceituada estrela Michelin de qualidade.
Mas esse é só um dos prêmios na lista da cozinheira. A chef já foi destaque algumas vezes com prêmio de melhor estabelecimento gastronômico pela Folha. Também foi eleita por dois anos consecutivos, em 2013 e 2014, a melhor chef mulher do mundo pela revista britânica Restaurant.
"São marcos de um reconhecimento, de uma trajetória construída com paixão e dedicação, mas nunca os colocamos à frente do nosso objetivo principal", afima Rizzo, que já participou de outros reality shows, como The Taste Brasil (GNT, 2017) e The Final Table (Netflix, 2019).
Helena Rizzo retorna à TV para o maior dos desafios. Sua missão é bem clara: compartilhar tudo o que aprendeu com um público maior. "Acredito que a TV pode ser usada como fonte de informação, educação e entretenimento."
"A gastronomia, muitas vezes, se fecha em si mesma. Tenho a impressão de que a TV aberta pode ser uma oportunidade de furar essa bolha", diz a chef, que ainda não teve a oportunidade de trocar dicas com Paola Carosella.
A Band, inclusive, abriu as inscrições para a oitava temporada do programa, a ser realizada em 2021. Os interessados devem preencher um formulário no site oficial da emissora.
Confira trechos editados da entrevista com Helena Rizzo.
Como surgiu o convite para o MasterChef?
Quando anunciaram a saída de Paola, algumas pessoas começaram a me marcar no Instagram e também vi algumas reportagens me citando como possível escolha. Até então, nunca tinha pensado nesta possibilidade, mas confesso que, quando começaram as conversas com a Band, me senti tentada pelo desafio e pela possibilidade de comunicar para um público mais amplo.
Já era fã da atração?
Por causa da minha profissão, eu não assisto muito TV. Não que eu não goste, mas por falta de tempo mesmo. Quando não estou no restaurante, aproveito para curtir a filhota [Manoela, 5] e ficar com ela. Assisti, sim, alguns episódios e sempre gostei, mas não consegui acompanhar uma temporada completa. Em 2016 participei como chef convidada. Fiz um ceviche de caju que a gente tem no [restaurante] Maní.
O que acha de Paola Carosella?
A achava ótima como jurada. Poderosa, divertida e com comentários claros e pertinentes. É uma pessoa pela qual tenho grande admiração e respeito absoluto.
Chegou a pedir dicas a ela?
Adoraria conversar com ela, mas não tive essa oportunidade, ainda. Toda a negociação foi sigilosa e quis respeitar isso.
O que veremos de Helena Rizzo no programa?
Sou exigente no meu trabalho e falo tudo o que tem de ser falado. Qualquer coisa que não esteja do jeito correto precisa ser corrigida, seja no mis en place [preparação] ou na hora do serviço. O senso crítico é muito importante numa cozinha, e cabe ao chef sempre corrigir, mas antes de tudo contribuir para que toda a equipe desenvolva essa capacidade.
Já viu muita coisa ruim na área gastronômica?
Passei por várias cozinhas ao longo da minha carreira onde aprendi coisas que levo comigo até hoje e outras que fiz questão de não carregar. Já vi chefs de cozinha e cozinheiros humilhando outros na frente de toda uma equipe, e essas situações nunca me caíram bem. Nada se consegue à base de grito e humilhação. Uma cozinha precisa ter harmonia, concentração e alegria.
Pensa em potencializar seus negócios após a entrada na TV?
Penso sim! Tudo que já fiz para a TV sempre impactou positivamente o movimento dos restaurantes e a oferta de trabalho. E em tempos difíceis como esse [pandemia do novo coronavírus], acredito que possa ser muito bom. Ao longo desses 15 anos de Maní, construímos um time consistente e talentoso. E graças a essas pessoas e o apoio dos meus sócios, vou conseguir me dedicar ao programa.
Você participou do reality The Taste Brasil. Como foi?
Adorei. Foi minha primeira experiência em um reality de cozinha e só carrego boas recordações. Aprendi muito com meus parceiros Claude Troigros, Felipe Bronze e André Mifano, cada um com sua personalidade. Me acolheram e me fizeram sentir à vontade. As gravações eram longas, dinâmicas e a equipe nota mil.
E como o programa The Final Table contribuiu?
Foi mais uma participação gravada em duas etapas: primeiro o episódio do Brasil e depois a final com todos os chefs. Foi uma experiência bem surreal. Hollywood, megaprodução e chefs de cozinha que admiro demais. Dá um frio na barriga (risos). Mas, por ter trabalhado como modelo, acabei ganhando alguma intimidade com as câmeras.
De volta à TV, qual a sua missão?
Acredito que a TV pode ser usada como fonte de informação, educação e entretenimento. Aprendi, ao longo dos anos, que conhecimento deve ser compartilhado e a gastronomia, muitas vezes, se fecha. Tenho a impressão de que a TV aberta pode furar essa bolha. Tive o privilégio de viajar e aprender em algumas das melhores cozinhas do mundo. Entusiasma-me a oportunidade de poder compartilhar tudo.
O que espera da fama agora na TV aberta?
Tenho uma relação de carinho com as pessoas que trabalham comigo. Não me importo de tirar foto quando me abordam na rua. Se estou com tempo, gosto também de trocar uma ideia. Só vivendo para saber.
Como caracteriza a sua cozinha?
No Maní, onde estou mais presente, fazemos uma cozinha inspirada nos ingredientes e na nossa história, com técnicas que trouxemos de fora. E cada vez mais olhamos para as técnicas desenvolvidas por aqui. Já o Manioca acabou incorporando clássicos do Maní, de forma mais simples e casual, mas construindo uma personalidade própria.
E como são os cardápios das duas Padocas em SP?
Tiveram inspiração nas próprias padarias de São Paulo, que têm além de pão, cafés da manhã, almoço e um bolo para lanche da tarde. O cardápio é um compilado de receitas de avós, amigos, cozinheiros que trabalham aqui e coisas que gostamos. Além disso, temos um empório com produtos para levar, desde xícaras personalizadas até congelados.
Pensa em expandir os negócios?
Para mim está de bom tamanho (risos). Não é fácil tocar tudo isso. O trabalho nas cozinhas é bem artesanal e eu sempre penso que tem coisas para melhorar. Tem que polir o que já temos antes de construir mais um. Acreditar e investir nas pessoas que trabalham connosco é fundamental.
Quais são suas experiências fora do Brasil?
Meu primeiro destino fora do Brasil foi a Itália onde fiz dois estágios, primeiro no restaurante La Torre, em Spilimbergo, depois no Sadler, em Milão. De lá, fui para Barcelona, onde vivi por quatro anos alternando períodos de estágio e trabalho (Ot, Síbaris, Sala, Iradier, Celler de Can Roca, Moo, grupo Tragaluz e Mugaritz). Foi uma experiência muita rica e diversa.
Você sempre atuou no ramo gastronômico?
Eu estagiei e trabalhei em praças diferentes com cargos distintos. Fui chef em uma academia de ginástica onde éramos eu e mais um —inclusive a louça era a gente que lavava também. Fiz banquetes gigantes para mais de 3.000 pessoas. No Celler de Can Roca, vivi a efervescência da cozinha de vanguarda espanhola e tive certeza de que era isso que eu queria fazer na vida.
Como tudo isso agregou à sua profissão?
Peguei gosto pelo ofício. Todas essas experiências foram a minha escola de cozinha e, somadas à vontade de aprender, me tornaram a pessoa que sou hoje.
Seu restaurante Maní já foi um dos melhores da América Latina. Esperava?
É muito gratificante! Cada vez mais me dou conta de que quando colocamos nossa energia no processo, na caminhada, o resultado vem como consequência.
Você é uma chef premiada e com estrela Michelin no currículo. Como vê esse reconhecimento?
Sou grata a todos os prêmios que já recebemos e tenho muito orgulho de todos eles. Quando abrimos o Maní, em 2006, lembro de ficar olhando pela janela da cozinha a entrada de cada cliente no restaurante e de comemorar com a equipe. Os primeiros anos foram difíceis. Para mim, os prêmios são marcos de uma trajetória construída com paixão e dedicação, mas nunca os colocamos à frente do nosso objetivo.
Quem é a Helena Rizzo em sua intimidade?
Sou casada há sete anos e temos uma filhota que está com cinco anos agora. Eu pretendo tocar a vida como sempre fiz. Sou uma pessoa bem caseira. Faço coisas igual a todo mundo: supermercado, busco a filha na escola e levo na pracinha. Vou seguir assim.