'Êta Mundo Bom!' termina como fenômeno de audiência com personagens ingênuos e otimistas
Novela teve melhor performance do Vale a Pena Ver de Novo em dez anos
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"Êta Mundo Bom!" (2016) chega ao fim nesta sexta-feira (11), no Vale a Pena Ver de Novo, da Globo, com performance superior à sua antecessora na faixa, a reprise de "Avenida Brasil" (2012), que já tinha sido um grande sucesso.
No Painel Nacional de Televisão (PNT), a história do caipira Candinho (Sergio Guizé) registrou média de 22 pontos de audiência (cada ponto equivale a 260.558 domicílios), três a mais que a saga de Carminha (Adriana Esteves) e Nina (Débora Falabella).
Em São Paulo e no Rio, a trama escrita por Walcyr Carrasco também é considerada um fenômeno, com média de 21 e 24 pontos, respectivamente. "É a melhor performance de uma novela do Vale a Pena Ver de Novo em, pelo menos, nos últimos dez anos", afirma a Globo, em nota. Em muitos momentos, a trama teve audiência superior a da novela das seis, a reprise de "Novo Mundo" (2017).
O que explica tamanho sucesso? Para o autor, a história leve e bem-humorada de "Êta Mundo Bom!" funcionou como um respiro diante das tensões e incertezas provocadas pela pandemia do novo coronavírus –a novela passou a ser reprisada no fim de abril, quando o número de mortes pela Covid-19 estavam em alta e grande parte do país teve de ficar em isolamento social.
"O fato de trazer uma mensagem de esperança em dias tão difíceis torna a novela luminosa. Eu acredito que o telespectador se sente bem em assistir", afirmou Carrasco em entrevista por email ao F5.
Carrasco já contou em outras oportunidades que para escrever o enredo se inspirou no conto "Cândido ou O Otimismo" (1759), do francês Voltaire, e no filme brasileiro "Candinho" (1954), protagonizado por Mazzaropi –este último que já era baseado no texto iluminista de Voltaire.
Para Elmo Francfort, diretor do Instituto Memória da Mídia, "Êta Mundo Bom!" é uma novela gostosa de se ver, que tem romance, leveza e toques de humor "que se igualam ao segredo dos filmes de Mazzaropi". "É um oásis, um colírio para olhos e cabeças nervosas com a situação atual. A pureza da trama fará sucesso sempre", afirmou.
Em 2016, quando passou pela primeira vez na faixa das 18h, a história também foi considerada um fenômeno –teve a melhor audiência no horário desde "O Profeta", de 2007.
Claudino Mayer, doutor em ciências da comunicação e especialista em teledramaturgia pela USP (Universidade de São Paulo), destaca que, além de ser lúdica e passar uma mensagem otimista, o enredo principal tem um elemento forte que costuma atrair o público: o amor de uma mãe (Anastácia, vivida por Eliane Giardini), que faz de tudo para encontrar seu filho (Candinho).
Se por um lado, pode-se fazer uma crítica há ingenuidade de muitos dos personagens, como a jovem do interior Mafalda, vivida por Camila Queiroz, e a sua curiosidade sobre o "cegonho", por outro, é justamente essa ingenuidade que agrada o público, especialmente, no momento atual, segundo avalia Mayer. "É fazer o espectador acreditar que aquele mundo do Candinho, de uma certa maneira, ainda existe".
Para fazer o caipira que leva a sério o seu lema de vida, "tudo o que acontece de ruim na vida da gente é pra 'meiorá'", o ator Sergio Guizé contou que se inspirou no seu ídolo Charles Chaplin e fez uma homenagem à sua avó Maria, que era do interior do Paraná. "Foi ela que me criou, e ela falava desse jeito [caipira] e era muito engraçada", disse ele.
Segundo Walcyr Carrasco, a interpretação do ator foi fundamental para transformar Candinho em um sucesso. "Sergio Guizé entendeu perfeitamente a essência do personagem e o jogou para cima". Ele também destacou a direção de Jorge Fernando (1955-2019), que comandou um elenco afinado.
REPERCUSSÃO
O autor afirmou que recebe muitas mensagens positivas dos espectadores da trama, que torcem pelos personagens e, claro, querem que a vilã, Sandra (Flávia Alessandra) tenha seu castigo –ela será condenada pelos crimes que cometeu e vai presa no último capítulo.
Durante a quarentena, o autor disse que conseguiu acompanhar a reprise e que não faria nada de diferente na história. Questionado sobre a possibilidade de fazer uma série sobre o núcleo da Fazenda Dom Pedro 2º, como sugeriu a atriz Elizabeth Savala, a divertida Cunegundes, em entrevista ao F5, Carrasco despistou: "Eu acredito que cada experiência na vida tem seu tempo e, mesmo uma experiência maravilhosa como 'Êta Mundo Bom!', também tem o momento de nascer, desabrochar e terminar".