Marido de Hebe em série, Marco Ricca recorda ter desprezado Paulo Maluf no programa dela
'Uma indelicadeza terrível', diz ator, que está na série 'Hebe', que estreia na Globo
O ator Marco Ricca, 57, conta que é de uma geração que julgou, sim, a apresentadora Hebe Camargo (1929-2012) por seu apoio político ao malufismo. "Eu era um militante político, e estava do outro lado dela. Assim como hoje, é difícil a gente não julgar algumas pessoas que tomam determinado partido em um momento tão crítico e doloroso."
Na série "Hebe", que conta a trajetória da apresentadora e será exibida a partir de quinta (30), na Globo, o ator dá vida a Lélio Ravagnani, com quem ela foi casada por quase 30 anos. Em entrevista com jornalistas para divulgar a produção, Ricca lembrou de um episódio em que foi grosso com Paulo Maluf, justamente em um programa da Hebe, no SBT.
Na ocasião, ele fazia uma novela na emissora e todo o elenco tinha sido chamado para participar da atração. O político, que era amigo pessoal da apresentadora, estava na plateia e foi cumprimentar os artistas. O ator, porém, se recusou a dar a mão para ele.
"Foi uma indelicadeza terrível...A Hebe fazia você passar por essas coisas e, ao mesmo tempo, depois ela foi lá e se desculpou quando descobriu que aquele homem [o Maluf] não era exatamente aquilo, que ele não correspondia à expectativa dela", afirma Ricca.
Para o ator, é "muito bom" que a série sobre a vida da apresentadora seja transmitida na TV aberta para mostrar que tudo bem errar, mas que é importante também reconhecer os erros. "Para que a gente consiga ver essa personagem tão complexa e tão contraditória como a Hebe, que sabe se desculpar e se virar para o lado correto da história [...] Essas contradições desses personagens é o que fazem que sejam grandiosos", diz.
Para a roteirista Carolina Kotscho, idealizadora do filme e da série sobre a artista, a intensidade da humanidade na Hebe é uma de suas principais características. "De se jogar nesse abismo sem rede de proteção, e de fazer a pergunta que quer fazer, de dar a mão para Maluf, mas chorar entrevistando a Dilma [Rousseff], e tão inteira em cada um desses momentos", destaca.
Para interpretar Lélio, Ricca conta que fez muito da construção do personagem pelo roteiro, mas também conversando com pessoas que conheceram e foram amigas do empresário, que morreu em 2000, como o seu amigo e ator, Luis Gustavo.
"Ele [Lélio] era esse playboy paulistano. Hoje, ele seria esse cara que estaria na Paulista, vestindo verde e amarelo, na frente do prédio da Fiesp. Ele tinha esse reacionarismo, que eu acho muito característico dessa burguesia paulista", diz o ator. Na série, Lélio é apresentado como um homem machista, muito ciumento e que chega a ser agressivo e desrespeitoso com a apresentadora.