Televisão

Patricia Pillar afirma estar em crise e relembra como foi fazer Flora, sua 1ª vilã

Atriz diz que é hora de refletir sobre como a arte pode ser mais inclusiva pós-pandemia

Flora (Patricia Pillar) na noite da morte de Gonçalo (Mauro Mendonça) - Globo

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São Paulo

Patricia Pillar, 56, está em crise. Para a atriz, o "mundo está vivendo um momento muito estranho" em meio à pandemia do novo coronavírus e das disputas políticas. Diante desta situação, ela afirma que antes de idealizar novos projetos tem se dedicado a ler, ouvir, absorver, aprender e refletir sobre tudo o que está acontecendo.

"Mas não estou com ansiedade [...] O meu pensamento está muito nesse lugar em como ser útil...em como vamos ter que nos comportar para ser útil neste Brasil que eu acredito estar se reconstruindo depois da lama e do caos", diz a atriz, que é crítica ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido).

Pillar afirma que na hora em que for pensar em um projeto artístico, ele precisará ser inclusivo e ter representatividade. Para ela, por exemplo, é fundamental ter ações sérias de combate ao racismo "para a gente realmente poder construir o país em outras bases." Como transformar todas essas reflexões em arte é o motivo da sua crise.

Enquanto se mantém longe da TV, Pillar pode ser vista nas reprises de "Brega & Chique" (1987), no Viva, e "A Favorita" (2008), que acaba de entrar no catálogo do Globoplay. Na trama de João Emanuel Carneiro, a atriz faz a sua primeira vilã: Flora.

No começo da história, por uma ousadia do autor, não era revelado ao público quem era a mocinha e quem era a malvada. A ideia era realmente embaralhar as percepções sobre as protagonistas Flora e Donatela (Claudia Raia). Para conseguir esse efeito, Pillar conta que desde o início tentou construir a personagem para que ela fosse verossímil nas duas versões: a da vilã e a da boazinha. Deu certo. E o espectador acabou acreditando mesmo que Flora era uma vítima das armações da rival.

No meio da trama, a verdadeira face dela é revelada. Assassina e cruel, a personagem de Patricia Pillar entrou para o time das grandes vilãs da dramaturgia brasileira. Flora se destacou, entre outros fatores, por não ter nenhum carinho ou afeto pela filha Lara (Mariana Ximenes), a quem ela costumava chamar de "purgante" ou "vaquinha".

A atriz diz que buscou inserir algumas pitadas de humor em Flora para atenuar as maldades. "A Flora era tão perversa que tinha um absurdo em tudo aquilo, acho que ela se divertia. Foi onde tentei colocar uma coisa mais engraçada para que não ficasse tudo tão pesado", diz.

Pillar também afirma que a vilã era, no fundo, muito infeliz. "Na verdade, ela amava aquela irmã [Donatela], ela só se sentia inferiorizada. Ela achava que cantava mal, que não era tão bonita, que não era tão paquerada." Para a atriz, rever "A Favorita" hoje pode ser uma oportunidade para as pessoas olharem para dentro de si e refletirem o motivo de tanto ódio e intolerância presentes hoje no Brasil.

"A gente está vivendo em uma época de sombra, de gente odienta. Amar, querer bem as pessoas é o que faz a vida ser tão legal, e não o ódio, a intolerância, o racismo."