Rodrigo Bocardi é acusado de racismo na web após questionar jovem que ia ao Clube Pinheiros
Apresentador sugeriu que rapaz negro era catador de 'bolinhas' em clube de tênis
Apresentador do Bom Dia São Paulo (Globo), Rodrigo Bocardi, 44, tornou-se alvo de uma polêmica durante a exibição do programa dessa sexta-feira (7). Enquanto acompanhava uma reportagem externa, feita pelo repórter Tiago Scheuer, que entrevistava um jovem negro na plataforma de um metrô de São Paulo, o apresentador fez uma pergunta considerada tendenciosa pelos internautas.
O jovem, chamado Lionel, esperava o trem e alegou que estava indo para o Clube Pinheiros, considerado um clube de elite em São Paulo –para conseguir uma vaga nele é preciso comprar o título de um sócio desistente através de uma transferência de titularidade, que pode custar até R$ 70 mil, além de pagar uma mensalidade de R$ 420.
Bocardi pede que Scheuer questione se o jovem está indo "pegar bolinha de tênis", sugerindo que ele seja o gandula do clube. Scheuer, que parece não entender a pergunta, questiona Lionel, que responde: "Não, sou atleta lá do Pinheiros, eu jogo polo aquático".
O apresentador, que também frequenta o clube, mostra-se surpreso com a resposta e afirma: "E eu estava achando que eram os meus parceiros ali, que me ajudam nas partidas".
A cena fez com que diversos internautas questionassem a fala de Bocardi nas redes sociais, levantando a uma discussão sobre racismo estrutural. O termo designa práticas racistas que acontecem comumente no dia a dia, mas que não são percebidas com clareza por aqueles que as praticam.
Momentos depois, Bocardi foi ao seu perfil no Twitter e ao Instagram e disse que é "muito triste" a acusação de preconceito. "Os jogadores de tênis não usam uniformes, mas os pegadores/rebatedores, sim: uma camiseta igual à do Lionel, com quem tive o prazer de conversar hoje. Ao vê-lo com a camiseta que vejo sempre, todos os dias, pegadores/rebatedores de todas as cores de pele, pensei que fosse um deles", explicou-se.
O apresentador ainda disse que não tem o costume de frequentar as demais áreas do clube, onde outros esportes seriam praticados, e por isso não sabia que a camiseta era semelhante. "Se soubesse, teria perguntado em qual área ou esporte trabalhava ou treinava".
Em seguida, ele fala que nunca escondeu suas origens humildes, e que começou a vida como "garoto pobre", "andando mais de duas horas de ônibus todos os dias para ir e voltar do trabalho e escola".
"Alguém como eu não pode ter preconceito. Eu não tenho, nunca tive, nunca terei. E condeno atitude assim todos os dias. Mas se ofendi pessoas que não conhecem esses meus argumentos e a minha história, peço desculpas. Não o chamei de pegador pela cor da pele ou pela presença num trem. Chamei-o por ver que vestia o uniforme que eu sempre vejo os pegadores usarem. Peço desculpas a todos e em especial ao Lionel".