Susana Vieira conta que teve coach para fazer tia Emília em 'Éramos Seis': 'Personagem difícil'
Rica, personagem não ajuda Lola e é uma mulher amargurada e esnobe
Esqueça a imagem de Susana Vieira, 77, em personagens expansivas como a Branca, de "Por Amor" (Globo , 1997-1998), ou a Maria do Carmo, de "Senhora do Destino" (Globo, 2004). Em "Éramos Seis", nova novela das seis Globo, a atriz conta que terá de "reduzir toda a sua alegria de viver", já tão conhecida do público, para dar vida à triste e amargurada tia Emília.
"É um personagem difícil para mim, difícil para qualquer atriz. Já foi feita pela Nathalia Timberg, que deve ter dado um show", afirma Susana em referência a versão de 1994, exibida pelo SBT, em que Timberg encarnou o papel.
"É só eu ser bem dirigida, que eu vou entrar direitinho na tia Emília, vocês podem ter certeza", complementa Susana em entrevista ao F5.
Para a atriz, o desafio vem também pelo fato da trama ter início nos anos 1920, quando a maneira de falar, os gestos, o tom de voz eram mais contidos, especialmente para as mulheres, que nem sequer podiam votar na época (direito que foi conquistado só em 1932).
"É uma novela contida. Para mim, é um exercício fantástico, porque toda a minha alegria de viver vou diminuir, porque faço uma pessoa traumatizada, uma pessoa amargurada, uma pessoa triste, preocupada, rica, esnobe e meio antipática", diz sobre tia Emília.
Para dar conta de todos esses hábitos diferentes, Susana conta que foi auxiliada por um coach e teve aulas de prosódia, português e até de como eram os valores e o comportamento da classe média da época. "Tinha que dar muito mais satisfação para os outros até na maneira de sentar, de se vestir. E muitas coisas eram proibidas (...) Mulher não podia votar, não podia usar calça comprida, não podia jogar futebol", afirma.
"Então, era uma gente tão cerceada que eu acho que a gente tinha que sentar numa cadeira e ficar ali, múmia, anos e anos. Não podia fazer nada", continua.
Apesar das diferenças, Susana conta que adorou todo esse momento de preparação e até sentiu vontade de voltar para a faculdade. "E acho que eu quero coach sempre, porque acrescenta", diz.
Na história, que se passa em São Paulo, Emília é a tia rica da protagonista Lola (Gloria Pires). Ela, porém, pouco ajuda a sobrinha e vive muito sozinha por ter vergonha da filha mais velha, Justina (Julia Stockler), portadora de um distúrbio mental não diagnosticado pela medicina da época.
"Ela gosta da filha, claro, mas ela tem vergonha, porque é uma pessoa de família muito rica e como é que você tem um filho que não é o auge?." A personagem tem também outra filha, Adelaide (Joana de Verona), que cresceu na Europa e, por isso, tem hábitos e roupas modernas.
"Éramos Seis" estreia no dia 30 de setembro, na Globo. Confira a seguir a entrevista completa com a atriz: