Música
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'Amo pop, mas o que eu faço é mais profundo', diz brasileira indicada a revelação no Grammy Latino

Pernambucana, Natascha Falcão diz que 'não tem nada mais moderno que música nordestina'

A cantora e atriz pernambucana Natascha Falcão - @nataschafalcao no Instagram

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São Paulo

A lista de indicados ao Grammy Latino foi divulgada no último dia 19 e, entre várias vozes que cantam em espanhol, uma soa familiar para os brasileiros: a da pernambucana Natascha Falcão, 35. Ela é a única indicada do Brasil na categoria revelação, a mesma que premiou Maria Rita em 2004 e que já teve como indicadas Paula Fernandes, Clarice Falcão e Giulia Be, entre outras donas de músicas que acabaram na boca do povo.

A recifense ainda não é tão conhecida fora de sua bolha, mas espera que o reconhecimento traga também uma visibilidade maior. "Ser uma artista independente que fala e canta o Nordeste e chegar nesse lugar é por si a mensagem", diz ela, que tem humildes 15,7 mil seguidores no Instagram e três mil ouvintes mensais no Spotify, ao F5.

Natascha nasceu no Recife e, desde pequena, faz teatro e dança. Mora no Rio de Janeiro há cerca de uma década. Seu lugar favorito é em cena: "Eu amo fazer show, o palco é a caminha casa".

"Sou uma atriz, cantora e compositora que tem na arte um refúgio, uma forma de expressar minha subjetividade", comenta. "Percebi que era isso que eu faria quando, em show no meio da rua em um Carnaval em Santa Tereza, todo mundo fez silêncio para me ouvir cantar."

A formação como atriz contribui para a dramaticidade presente em "Ave Mulher", o álbum que lhe valeu a indicação ao prêmio. "Como toda boa atriz, acho que o drama está aí para gente viver e usá-lo", diz. "Eu jamais escolheria produzir algo que não contasse minha história."

"Ave Mulher" transita entre o coco, a ciranda, o maracatu, o frevo e o mangue beat. "Essas músicas têm que tocar no mundo inteiro", almeja. "Não tem nada mais moderno do que a música nordestina. O meu álbum é contemporâneo, é coração."

A artista comemora que, pelo menos dessa vez, os gêneros populares se sobressaíram em relação ao pop, já tão reconhecido e valorizado no mercado. "Eu amo música pop, brega, funk, pagode, mas o que eu faço é mais profundo", afirma. "A mensagem que o álbum leva, e eu com a minha voz e o meu sotaque, precisa ser ouvida."

Natascha conta que foram três anos produzindo o álbum. "A mesa de mixagem queimou, tive que recomeçar a mixagem, depois passei bastante tempo para conseguir lançar e ainda perdi mainha [como chama, carinhosamente, a avó, que a criou]", conta.

Enquanto isso, ela esteve em cartaz com o espetáculo "Viva Gal", no Rio de Janeiro, no qual dava voz às músicas do repertório de Gal Costa (1945-2022). "Qual cantora não aprendeu com a liberdade que Gal colocava no mundo?", questiona. "É um espetáculo lindo. [Somos] eu e mais oito cantoras, todas muito diferentes nas suas origens, nos seus estilos."

Para ela, o anseio por liberdade que encontra nas músicas de Gal é o que a guiou até hoje. Quando mais jovem, diz que era chamada de louca: "Quando você vem do absoluto nada, não é filha nem mulher de ninguém, não tem ninguém próximo que te estendeu a mão, é um pouco delirante".

A cerimônia do Grammy Latino acontece em 16 de novembro em Sevilha, na Espanha, onde Natascha se apresentará, a convite da organização. Ela também faz show em São Paulo no dia 15 de outubro no Sesc Bom Retiro, com ingressos ainda disponíveis.