Shows do Rammstein terão área de proteção às mulheres após vocalista ser acusado de agressão sexual
Primeiros relatos de fãs que dizem ter sido dopadas por cantor surgiram em maio
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Em meio a uma turnê europeia, o vocalista do Rammstein, um dos grupos de metal mais populares do mundo, foi acusado de estar no centro de um sistema destinado a agredir sexualmente jovens fãs após os shows. As acusações feitas por várias mulheres na imprensa alemã, nos últimos dias, são consideradas graves e o suficiente para que o governo exija que os organizadores dos shows protejam o público.
Diante dos relatos, o governo alemão solicitou medidas de proteção do público feminino em relação ao Rammstein. "As jovens devem estar mais bem protegidas contra as agressões", declarou à AFP a ministra da Família, a ecologista Lisa Paus.
A ministra propõe a criação de áreas de proteção para as mulheres nos shows, assim como a presença de equipes que possam intervir em caso de agressão sexual. É preciso discutir "rápida e concretamente" sobre medidas de proteção, afirma Paus, para quem "seria útil um debate sério sobre a responsabilidade dos artistas e dos organizadores para com os fãs".
No estádio Olímpico de Munique estão previstos quatro concertos esta semana. A área logo em frente ao palco ("Zero Row", geralmente chamada de "grade" no Brasil), na qual o cantor conseguia ver as jovens, será removida.
Fundado em 1994 por músicos da antiga República Democrática Alemã, o grupo deve tocar na França, Itália, Suíça, Suécia, Bélgica, Holanda, Polônia e Áustria durante as próximas semanas. Rammstein, cujo nome se refere ao desastre aéreo sobre uma base americana na cidade homônima em 1988, é o grupo em alemão mais famoso do mundo. A banda é conhecida por suas espetaculares apresentações, marcadas por pirotecnia e pela vontade de provocar, algo que valeu ao grupo acusações de proximidade com a ideologia nazista - firmemente rejeitadas por seus integrantes.
INVESTIGAÇÕES
As suspeitas contra a banda de língua alemã que mais vende álbuns no mundo podem marcar o "fim do espetáculo" para o grupo de metal, afirma o jornalista que deu espaço para as denúncias, Süddeutsche Zeitung. O caso começou no final de maio, com o depoimento de uma irlandesa de 24 anos que acusou o cantor e letrista da banda, Till Lindemann, de tê-la drogado e agredido sexualmente após um show na Lituânia que aconteceu no mesmo mês.
O primeiro testemunho motivou outras jovens, que descreviam quase o mesmo cenário. As fãs seriam localizadas na grade dos shows e fotografadas, ou filmadas, para que Lindemann pudesse escolher, antes de serem convidadas para festas privadas. Algumas delas teriam sido drogadas antes de serem atacadas pelo cantor de 60 anos.
"É importante para nós que (as fãs) se sintam confortáveis e seguras nos nossos shows, na frente e por trás do palco", diz um comunicado publicado no Instagram. A assistente russa Alena Makeeva, que teria convidado as jovens a se juntarem ao grupo nos bastidores, foi removida da equipe, informou o semanário Die Welt nesta terça-feira.
A alemã Kayla Shyx, de 21, contou em um vídeo de cerca de 30 minutos que Makeeva abordou ela e uma amiga em um show de 2022, convidando as meninas para uma "festa mais tarde". Levada para uma sala onde encontraram dezenas de outras jovens, ela foi estimulada a beber álcool depois que segurança confiscaram os celulares.
"De repente, me dei conta de que estava ali como objeto sexual e entrei em pânico!", conta a jovem, que finalmente conseguiu sair do local.