As 11 canções essenciais de Tina Turner
Cantora que morreu aos 83 anos passou do R&B para rainha do rock e superestrela pop
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Como todos os maiores ícones do pop, Tina Turner, que morreu na quarta-feira (24), aos 83 anos, teve mais de uma vida.
Ela começou como uma cantora ruidosa e dançarina inesgotável de R&B que, ao lado do marido Ike, fazia o show ao vivo mais empolgante do pop, se excetuarmos James Brown. Depois, foi uma heroína do rock que fez turnê com os Rolling Stones e atuou como a Acid Queen do Who. E, por fim, ela se tornou um exemplo definitivo de sobrevivência -a mulher que sofreu abusos, mas deixou seu homem para trás e, sem pedir desculpas, conquistou uma coroa só para ela.
Abaixo, alguns dos melhores momentos musicais de Tina Turner, em discos e filmes.
Ike & Tina Turner, "A Fool in Love" (1960): Os primeiros sucessos de R&B de Ike e Tina são momentos eletrizantes de poder musical bruto, mas, em retrospecto, também são profundamente assustadores em seu conteúdo lírico. O primeiro single da dupla apresenta o rugido incomparável de Tina e a faz cantar sobre um relacionamento conturbado no qual seu homem a maltrata e "me faz sorrir enquanto meu coração está sofrendo", mas ela ainda assim promete "fazer tudo o que ele quiser". Foram palavras escritas por Ike Turner, que leva crédito sozinho pela composição.
Ike & Tina Turner, "I Idolize You" (1960): Mais uma letra estranha e incômoda: Tina não professa amor, mas sim idolatria, e diz que, em troca, "basta apenas um pouco de atenção para segurar meu lado". O grito gutural de Tina por sobre uma linha de baixo pulsante era o som mais sexy e sem filtro da música naquela época, mas é praticamente impossível ouvir essas canções agora sem fazer uma careta de repulsa diante do show de horrores que Tina revelaria mais tarde sobre seu casamento com Ike.
Ike & Tina Turner, "It's Gonna Work Out Fine" (1961): O maior sucesso dos primeiros anos de Ike & Tina -alcançou o segundo lugar na parada de R&B da Billboard e ficou entre as 20 mais na parada pop- é uma rotina mais leve de troca de elogios e insultos por um casal que persevera em meio a seus problemas. E, de novo, "cringe". Mas, pelo menos dessa vez, a música não foi composta por Ike. É uma composição de Rose Marie McCoy, juntamente com Joe Seneca e James Lee, e a dupla de R&B Mickey & Sylvia participou da gravação.
Ike & Tina Turner, "River Deep - Mountain High" (1966): Phil Spector assistiu ao "Ike & Tina Turner Revue" –o show ao vivo do casal, de energia extremamente alta, destacando Tina, que cantava e dançava com as Ikettes, as vocalistas de apoio- e convidou a dupla para gravar esse single, escrito por Spector com Jeff Barry e Ellie Greenwich, para sua gravadora Philles. Ele controlou o estrondo dos uivos de Tina e substituiu a banda de Ike por uma versão meio nebulosa da "muralha de som" característica de suas produções. O single foi um fracasso, o que fez com que o álbum homônimo fosse adiado por três anos nos Estados Unidos.
Ike & Tina Turner, "Proud Mary" (1971): "Nós nunca fazemos nada agradável e fácil. Preferimos fazer agradável, mas bruto". É assim que Tina apresenta seu maior sucesso com Ike, uma cover enérgica da canção do Creedence Clearwater Revival que chegou ao quarto posto nas paradas. Depois de uma execução despojada, "agradável e fácil", nas duas primeiras estrofes, a banda completa, com metais e as Ikettes, se junta a Turner para conduzi-la energicamente até a linha de chegada.
Ike & Tina Turner, "Nutbush City Limits" (1973): Tina, que leva crédito sozinha pela composição dessa canção, conta sua própria história pela primeira vez, detalhando sua criação na zona rural do Tennessee, onde "você vai para o campo nos dias de semana e faz um piquenique no Dia do Trabalho". A canção é tocada como um funk ácido, com teclados elétricos apropriados para a época e um solo de Moog. Mas ela ainda assim é um devaneio, e jamais imagina uma vida que vá além das simplicidades de uma cidade pequena.
"The Acid Queen" (1975): Para a versão cinematográfica de "Tommy", do The Who, Tina foi escalada como a Acid Queen, a "cigana" com um grito selvagem e lábios trêmulos, que usa sexo e drogas para tentar curar o garoto. Àquela altura, Tina já era um símbolo sexual mundialmente famoso, e seu prenome bastava, por si só, como abreviação do poder feminino. Também não demorou muito para que ela deixasse Ike. Mas o mundo não saberia de seu segredo por muitos anos.
"What's Love Got to Do With It" (1984): Na década de 1980, Tina estava na casa dos 40 anos e já havia deixado Ike há muito tempo, e sua marca era a sobrevivência. As músicas de "Private Dancer", seu álbum solo inovador, foram escritas em sua maioria por homens, mas se encaixam perfeitamente no papel de uma mulher independente que não se resigna a ficar sozinha. "What's Love Got to Do With It" é a história de uma mulher com o coração partido que se sente tentada, mas tem medo de arriscar o amor novamente, "uma emoção de segunda mão".
"Better Be Good to Me" (1984): Um apelo confiante e desafiador a um homem, a canção tem como um de seus autores Holly Knight, e foi originalmente lançada por sua banda Spider. Mas desde que Tina a gravou, ela tomou posse da canção, dando-lhe não só a oportunidade de declarar "I don't have no use for what you loosely call the truth" [isso que você chama frouxamente de verdade não serve para mim], mas também de soltar seu rugido rouco ao acrescentar "should I?" [e deveria?].
"We Don't Need Another Hero (Thunderdome)" (1985): Tina usava uma juba branca e um traje tribal pós-apocalíptico como figurino para "Mad Max: Além da Cúpula do Trovão", no qual estrelou ao lado de Mel Gibson. A música-tema é um pop de fossa bem limpo ao estilo da década de 1980, embora Tina use o figurino do filme no vídeo da canção.
"The Best" (1989): Originalmente gravada por Bonnie Tyler, "The Best" é uma canção de louvor a um amante. Mas se você fechar bem os olhos e cantar junto, como um fã, percebe que ela poderia ser homenagem à própria Tina: "Você é simplesmente a melhor, melhor do que todo o resto".
Tradução de Paulo Migliacci