Chico Brown diz que parceria com Marisa Monte é 'bonita e genuína'
Músico está em uma produção 'quase eterna' para seu primeiro álbum
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Filho de Carlinhos Brown, neto de Chico Buarque, sobrinho-neto de Miúcha e primo de Bebel Gilberto. Com todo esse DNA e o contato desde pequeno com grandes artistas da MPB, foi inevitável que Chico Brown, 25, seguisse o caminho da música.
Brown é cantor, compositor e multi-instrumentista. Ele aprendeu as primeiras notas musicais ainda criança, no piano na casa da avó, a atriz Marieta Severo. “Comecei [a tocar] piano um pouco sozinho desde criança. Eu ia para o cantinho escondido do piano aos cinco anos e fui aprendendo”.
Nesta época, o cantor começou a batucar com colheres de pau as panelas e latas de tinta em casa, antes mesmo de aprender percussão e bateria com o pai. Aos 11 anos, Brown se mudou para o Rio, onde aprendeu a tocar guitarra e violão. Na faculdade, se formou em produção fonográfica, mas continua pesquisando música o tempo inteiro.
Perfeccionista, o cantor ainda está selecionando sem pressa o repertório para lançar seu primeiro álbum de carreira. Ele brinca que ainda está em um processo “quase eterno” de lançar o primeiro disco porque fica preocupado por onde começar e em mostrar uma identidade própria.
Para o artista, uma das dificuldades é ser sucinto quando se tem muito a dizer. Ao mesmo tempo, ele tem a preocupação de fazer jus a expectativa e carinho das pessoas que acompanham o trabalho musical dos seus familiares antes mesmo dele nascer.
“Eu sempre digo que existe uma subestimação e uma superestimação dos dois lados e a gente tentando encontrar o meio. Eu acho que a minha família tem até um cuidado de não ir para esse caminho”, explica.
Mas engana-se quem pensa que a falta de álbum torne Brown um iniciante. Ele faz shows desde a adolescência com banda, compôs o instrumental da valsa “Massarandupió” (2017) com o avô Chico Buarque e é parceiro musical de Marisa Monte há pelo menos três anos, repetindo a história do pai com a cantora.
Brown compôs com Marisa Monte cinco das 16 músicas do novo álbum “Portas”, lançado em julho e primeiro trabalho inédito da cantora após dez anos. As canções são: “Calma”, "Déjà Vu”, “Medo do Perigo”, “Em Qualquer Tom” e “Fazendo Cena”.
O single que abre o disco de Marisa é “Calma”, que foi composto com ele fora do contexto da pandemia. Brown revela que a cantora já chegou com a letra quase pronta. A canção "Déjà Vu” ele diz que havia escrito os cinco primeiros versos com a melodia, que foi inspirada em um ritmo tradicional dos africanos.
Brown fala que “Déja Vu” chamou a atenção de Marisa Monte e eles terminaram a música por telefone. “A gente foi compondo e terminando o resto da letra, criando mais uma coisa de reencontro, de saudade, do reviver e manter sempre as portas bem abertas como ela tem reafirmado tanto no disco”.
Uma curiosidade da canção é que o refrão foi criado a partir de uma melodia abandonada por Brown, que ele pensava usar no final de uma música. “Eu mandei por [Whats App] um arranjo cantando a melodia em versos, toquei instrumentalmente. O que era o final de uma música, ela transformou em refrão”.
Já a canção “Em Qualquer Tom”, o compositor fala que era uma música que ele não tinha conseguido terminar sozinho nem em parceria com o avô Chico Buarque. Mas, quando ele mostrou para Marisa, ela ajudou a completar os versos que faltavam no mesmo dia.
“Quando ela me deu a generosidade de escrever e cantar com ela foi um pouco da abertura das portas do baú. É uma troca muito bonita e genuína”, diz ele sobre a parceria com a cantora.
O artista diz que é diferente compor uma canção com o avô Chico Buarque porque ele já mostra a letra pronta. Enquanto que com Marisa eles vão construindo juntos e ela o consulta mesmo que seja para mudar uma palavra. Mas Brown faz questão de dizer que não está desprezando a poesia do avô.
“[Compor com a] Marisa é uma coisa muito coletiva e mágica por mais que a melodia já esteja entrelaçada ou seja um quebra-cabeça que a gente vai montando junto. É sempre uma troca muito bonita, genuína”.
Para o cantor, é mágico repetir a parceria de tantos anos do pai Carlinhos Brown com a cantora. Ela também pensa o mesmo dele e disse, em julho ao Fantástico (TV Globo), que só tinha a agradecer e que achava surpreendente a vida por estar trabalhando com o filho do amigo Carlinhos Brown.
O cantor lembra que cresceu ouvindo as músicas da cantora no carro, indo a shows e vendo o pai, Marisa Monte e Arnaldo Antunes compondo para o trio musical Tribalistas. Ele diz que ficava atento ouvindo eles e os conselhos do pai porque nesta época já estava começando a estudar música.
“Os Tribalistas faziam [as composições e gravações] meio que nas férias, não era aquela coisa de estúdio, estrutura. Era eles em casa, curtindo mesmo, às vezes na minha casa em Salvador ou eu tava junto aqui no Rio de Janeiro mesmo."
Mas ele admite que só começou a entender mesmo a dimensão artística de Marisa e o que a parceria dela com o pai representava aos 14 anos. “Eu não tinha ideia do quanto a obra dela era parceria com ele [Carlinhos Brown]. Comecei a ver nos créditos [da composição e pensei]: ‘essa música é do coroa, não sabia’."
O artista lembrou ainda de um momento emocionante da sua vida quando ouviu a Marisa cantar em um show a música “Arrepio”, que quase não tem letra. No final da canção, seu pai disse que fez a música quando descobriu que ele iria nascer. “Foi um impacto, às vezes eu me sinto como se eu mesmo fosse uma composição dele com a Marisa e os parceiros."