Conheça Delia Fischer, a premiada diretora de musicais indicada ao Grammy
Da carreira de música erudita, a veterana se dedica às canções pop e MPB
Delia Fischer, 55, pode ainda não ser conhecida pelo grande público, mas tem uma trajetória de poucos. De estudiosa de música clássica, jazzista e diretora de produções premiadas, como o “Elis – a Musical”, ela se finca como cantora no seu sexto disco, “Tempo Mínimo”, em que une a sua expertise da música erudita ao seu gosto pela MPB e pelo pop. O disco foi indicado como melhor álbum de MPB ao Grammy Latino, que acontece em 14 de novembro em Los Angeles.
“Vou de Ravel a Dorival Caymmi”, diz Fisher, em tom de brincadeira, ao contar um pouco de sua história. Foi de seus estudos de música clássica, orquestra a aulas de piano a Ed Motta que ela foi convidada a orquestrar “7 – O Musical”, de autoria de Motta com Claudio Botelho e Charles Möeller, nomes conhecidos do teatro musical brasileiro.
Daí em diante, ela formou um grande currículo na área teatral, passando por “Beatles Num Céu de Diamantes” (2008), “Milton Nascimento – Nada Será como Antes” (2012), “Chacrinha, o Musical” (2014), e outros trabalhos que lhe renderam dez prêmios como diretora musical.
Foi com o musical de Motta, inspirado na história da Branca de Neve, mas com um tema adulto e músicas inéditas, que Fisher começou a gostar de compor e de músicas cantadas. “Essa história de poder usar a palavra, mudou a minha conexão com a música. Em 2010, fiz meu primeiro disco com canções”, conta a musicista e cantora.
O trabalho acabou mal divulgado porque ela foi, novamente, “atropelada pelos convites para os musicais”. Com “Tempo Mínimo”, ela matou todas as suas vontades. Descobriu-se uma boa cronista e fez das suas experiências letras de música.
“A faixa ‘Mesmos Sons’, por exemplo, veio de uma vez só. Foi a primeira vez em que fiz uma letra, outras faixas surgiram depois de um filme, por exemplo. A inspiração sempre vem depois de alguma situação”, explica a artista.
Foi com o álbum “Antonio” (1999) que ela iniciou a sua carreira solo com um repertório instrumental. Já em “Presente” (2010), Fischer se revelou cantora e compositora em disco que teve participações de Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal e Ana Carolina.
Estreou na Europa em Montreux, em 1989, com o Duo Fenix. Mais tarde, tocou no Sofia Jazz Festival, na Bulgária, e no New Morning, em Paris. Na Escandinávia, fez turnês com a cantora sueca Lisa Nilsson. A partir dessa experiência, ela buscou nomes que lhe pudesse agregar um conteúdo moderno.
“Sempre arranjei para os outros, queria alguém com uma pegada mais pop, contemporânea”, diz Fischer, com teve uma forte conecção com Sacha Amback, que já trabalhou com Zeca Baleiro, Adriana Calcanhotto, Nenhum de Nós, e Rodrigo Tavares, ex-Fresno.
“Ainda tive Rodrigo Campello como um grande coordenador geral, que me deu muitos caminhos. Tem participação especial de Ed Motta, de Marcos Valle, meu ídolo desde criança, e o Pretinho da Serrinha, outro querido de muitos anos”, enumera.
Para a artista, esse projeto traz uma pegada eletrônica, que remete ao seu início com o Duo Fênix, lá nos anos 1980. Agora com o mercado em crise, e com as leis de incentivo sendo questionadas, a artista diz que não espera receber tantos convites no teatro. Ela aproveitará o momento para pôr sua banda na rua.
Para os palcos, ela quer reproduzir toda a produção do disco com seu powertrio familiar: o filho, Antonio Fischer-Band (que aparece nas faixas “Orgia” e “Mercado”), e com o marido, Matias Correa, que participa de “Canção de Autoajuda” e toca baixo em outras faixas.
“Meu marido faz percussão com a voz, resolve muita coisa com programação eletrônica, eles valem por muitos músicos no palco e estamos a meses preparando esse show”, diz Fisher.
Erramos: o texto foi alterado
Delia Fischer concorre ao Grammy Latino na categoria de melhor álbum de MPB, e não como melhor cantora. O título foi corrigido