De protetor solar a alimentação balanceada: Cuidados que não podem faltar durante o verão
Especialistas dão dicas para manter a saúde da pele e cabelos nessa época
Em épocas como o verão, em que a exposição ao sol é mais constante e também mais prejudicial, cuidados básicos como hidratação, proteção solar e uma alimentação balanceada vão além de estética e passam a ser uma questão de saúde.
Para a dermatologista Natalia Cymrot, "devemos dar atenção especial à pele facial no que diz respeito à proteção solar, pois esta é a área mais frequentemente acometida pelos cânceres de pele não melanoma". Ela também lembra outros problemas comuns no verão, como por exemplo a desidratação, insolação, queimaduras solares e aumento da incidência de micoses de pele.
Questão de hábito para alguns, a rotina de cuidados com a pele, que evitaria todos esses danos, nem sempre é prioridade para algumas mulheres, como o caso da aposentada Dina Barile, 63. Quando o assunto é cuidados com a beleza, ela possui uma relação completamente oposta à da estudante de comunicação Carolina Merino, 21.
Apaixonada pelo universo de "skincare" –termo que chegou ao Brasil em 2018 e faz referência à rotina de cuidados com a pele–, Merino faz parte de uma nova geração de mulheres que prezam pela prevenção contra os problemas de pele. "Com o tempo eu comecei a gostar muito e a minha rotina virou sagrada, uma verdadeira loucura", conta.
No verão, não é diferente. Merino afirma que não existe chances de sair de casa sem passar no rosto um protetor solar com fator, no mínimo, 50. "Acho que a tendência agora é a gente cuidar mais da pele, usar menos maquiagem. Pro verão essa é a maior sacada, porque isso faz com que você use menos produtos."
Além da atenção ao rosto, a estudante conta que também procura se hidratar bastante em épocas mais quentes, e chega a tomar dois litros e meio de água por dia. "Além de a gente falar de produtos, o mais importante é a água e a alimentação. É o que mais muda", diz a jovem.
Em contrapartida, Dina Barile, aposentada do INSS e freelancer como vendedora de pacotes de turismo, tem uma rotina diferente. Ela vem percebendo os efeitos nocivos da falta de cuidado a sua saúde desde que teve o primeiro câncer de pele, há 20 anos.
"Em 1999 eu tive o primeiro câncer de pele no colo, e agora recentemente um bem grande no nariz. Teve que ser retirado até com cirurgia plástica", conta. Após o primeiro câncer, Barile enfrentou a doença mais três vezes; em 2009, 2011 e por último 2019.
Para ela, a falta de consciência é um problema de geração. "Sou de uma geração que não se preocupava com os cuidados contra o sol, pelo contrário, a gente ficava torrando desde cedinho até o anoitecer."
A dermatologista Natalia Cymrot afirma que de fato houve uma mudança de pensamento nos últimos tempos. "A gente não espera mais aparecer um problema, seja estético ou não, para tratar. A gente já previne o aparecimento. Tivemos um avanço nos procedimentos, na tecnologia e no conhecimento em geral. Essa geração está tendo mais acesso a mais coisas do que a geração passada tinha", ressalta.
Apesar de hoje em dia dar mais atenção ao assunto, Dina Barile diz que ainda não criou o hábito de proteger o rosto, mesmo no verão. "No corpo eu uso bastante hidratante após o banho. No rosto ainda não criei o hábito. Mas já comprei uns produtos que vão começar a me ajudar. Ácido tônico e um hidratante. Vamos ver se eu corro atrás do prejuízo agora [risos]."
MITOS SOBRE O PROTETOR SOLAR
Recentemente começaram a aparecer uma onda de dúvidas e mitos em relação aos benefícios do uso de protetor solar. Um deles seria de que o composto oxibenzona (presente nos protetores) seria tóxico e agressivo para a pele.
Segundo a dermatologista Natalia Cymrot, "realmente a oxibenzona ou benzofenona, que protege contra os raios UVB e UVA, tem sido evitada por alguns fabricantes, principalmente por ser mais alérgica. Mas o protetor solar protege contra o câncer de pele, sendo este um consenso entre os dermatologistas."
Cymrot ressalta que a aplicação do produto precisa ser feita de forma correta, ou seja, deve ser passado 30 minutos antes da exposição solar e reaplicado a cada duas horas.
Outro mito em relação ao protetor solar seria ligado ao protetor solar de uso oral. Segundo a dermatologista este tipo de produto ajuda na proteção mas nunca deve ser usado isoladamente.
Ainda de acordo com Cymrot, os protetores solares tintos são mais eficientes que os transparentes, pois "bloqueiam a luz visível, que também contribui para o escurecimento de manchas, como o melasma."
Apesar de ser queridinho por muitos (há quem não resista a um bronze), o sol envelhece. Os raios UVA são os principais causadores da danificação da pele, que segundo a explicação da doutora, eles penetram mais profundamente na pele e afetam as fibras colágenas e elásticas, além de contribuírem também para o surgimento de câncer de pele.
O CABELO TAMBÉM IMPORTA
Algumas delícias de verão, como banhos de piscina, mar e até mesmo o sol, são capazes de prejudicar o cabelo, segundo a dermatologista Andrea Frange. Para evitar o desgaste, a especialista ressalta a importância de hidratar os fios nesses momentos. "Lavar com água doce fresca para remover o excesso do sal e do cloro é essencial."
Em comparação com os cuidados com a pele, Carolina Merino admite que nunca foi de cuidar muito dos fios; "no máximo passo creme para hidratar". Mas assim como o rosto, é importante aplicar produtos que possuam filtro solar e usar bonés e chapéus para proteger do sol.
"Estudos mostram que a radiação UVA, UVB e luz visível causam alterações na cor e perda proteica da fibra capilar. Portanto, essas medidas são aconselháveis”, afirma Frange.
Para os cabelos com química, é preciso ficar atento com a reposição de queratina, proteína que compõe os fios capilares. "Por serem fios mais fragilizados, eles demandam cuidados redobrados. O uso de máscaras naturais e procedimentos nos salões são sempre bem-vindos", explica a dermatologista.
Especialmente quem tem cabelos cacheados não pode abrir mão da hidratação, pois segundo Andrea Frange, os fios são naturalmente mais secos. "É bom usar cremes mais hidratantes antes e após a exposição solar."
Por fim, os cabelos oleosos também podem piorar no verão. A doutora aconselha utilizar xampus mais adstringentes ou aumentar a frequência das lavagens para uma limpeza "mais profunda do couro cabeludo."