X de Sexo Por Bruna Maia
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Deborah Secco está certa: fingimos por muito tempo e agora eles têm que saber que fizeram tudo errado

Quem finge orgasmo presta um serviço para o empoderamento do homem ruim de cama

A atriz Deborah Secco: 'A moleza acabou. Agora eles vão ter que se esforçar' - Nico Salim/Divulgação

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Deborah Secco disse, em entrevista para a Folha, que "está mais do que na hora de contar para esse bando de marmanjo que a gente estava fingindo o tempo todo, sim, mas que essa moleza acabou. Agora eles vão ter que se esforçar".

A atriz foi hiperbólica: claro que nem toda mulher estava fingindo o tempo todo com todo e qualquer homem. Mas muitas já fingiram várias vezes com o intuito de ter uma noite agradável (pra quem?). É aquele gemido exagerado enquanto o cara está metendo como uma britadeira sem se preocupar com seu prazer, aquele "ai que delícia, não para" quando o que ele deveria estar ouvindo é "não é aí, parça, se localiza".

Como já falei aqui, muitos não têm noção de onde fica ou como se estimula a glande do clitóris, órgão responsável pelo prazer de quem tem vulva. O que tem de mané que chupa a uretra e não usa os dedos e se acha um cara legal porque afinal ele pelo menos faz oral, né?

Ah, claro, tem a questão do nosso orgasmo. Eles se sentem muito especiais quando gozamos, mas uma quantidade imensa deles é incapaz de identificar quando isso acontece. Lembro de um cara com quem fiquei há uns anos, ele me contou antes de transarmos que uma ex dele tinha orgasmos múltiplos, com muita facilidade, vários por trepada.

Eu fiquei "nossa, jamais vou conseguir o mesmo, tenho um ou dois e eles levam um tempo pra acontecer". Sob a sombra da ex hipergozante nós passamos a noite juntos e gozei duas vezes (com a ajuda dos meus dedos).

Acontece que o rapaz ficou meio impressionado. "Peraí como assim, que coisa incrível isso, você tremeu tanto, nunca vi coisa igual" –não havia sido nada especialmente avassalador, apenas uma gozada cotidiana. Não tive presença de espírito para dizer que se ele nunca tinha visto aquilo, talvez ele nunca tivesse presenciado um orgasmo real e que talvez e só talvez a moça com quem ele namorou fosse muito dedicada a atuar para agradá-lo.

Algumas amigas minhas têm histórias parecidas de homens inábeis na arte de identificar um orgasmo. Por sorte, NEM TODO HOMEM é assim, e alguns sabem muito bem quando você está apenas performando. Simpatizo muito com o João (vamos chama-lo assim), que estava chupando dedicadamente minha amiga Laura quando ela deu um gemidinho mais alto e disse que havia gozado. Ele tirou a cabeça do meio das coxas dela e disse: "Mas seu cu nem piscou".

Sagaz, habilidoso e experiente, João sabe que a mulher pode até fingir, mas o cu dela não finge. Durante o orgasmo, tanto o cu, quanto a buceta, quanto o clitóris latejam. São indicativos muito mais inequívocos de prazer do que gemidos. Laura me disse que ela estava já com um pouco de sono, e como João era devotado, achou que ele merecia o presentinho de saber que ela chegou lá.

Entendo a boa intenção dela, mas fica a lição: se o cara é tão bom assim a ponto de merecer que você finja gozar, ele vai notar a sua mentirinha e ela será inócua. Já se o cara for ruim, ele talvez presuma que você gozou mesmo que você não tenha simulado nada.

Nesses casos, o que fazer? Dizer que eles precisam de feedback é fácil. Mas na prática isso nem sempre é possível. Tem horas que eu penso "nossa, não vou nunca mais encontrar esse cara, não quero perder meu tempo explicando".

Em outros momentos eu penso "curti essa pessoa, então vale explicar com jeitinho conforme nos conhecemos". E em outros "esse bobão se acha demais, vou situar ele". E claro, por trás de cada experiência feminina tem um fundo de "tenho medo de dizer o que penso de verdade e sofrer violência" ou "tenho medo de desagradar o outro porque me criaram pra ser um doce".

Caso você não se sinta segura para falar como e por que não foi bom na hora, leitora, uma boa estratégia pode ser enviar o link de algumas colunas minhas pra ele depois!

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