'A política está em tudo, mesmo no entretenimento', afirma Gabriela Prioli
Terceira temporada do talk show À Prioli chega neste sábado (3) na CNN Brasil
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A CNN Brasil estreou em março de 2020, na época em que a Organização Mundial da Saúde declarou a pandemia da Covid-19. A filial brasileira de uma das maiores franquias de notícias do mundo entrou no ar com o enorme desafio de cobrir a hecatombe que se avizinhava, mas já contava com um time de estrelas do jornalismo vindo da concorrência, como Willim Waack, Evaristo Costa, Mari Palma e Phelipe Siani.
No entanto, quem se destacou no novo canal logo nos primeiros dias foi uma advogada criminalista pouco conhecida, sem formação em jornalismo e com pouca experiência de televisão. Mesmo assim, Gabriela Prioli parecia pronta para enfrentar as câmeras: assertiva, articulada, bonita, o pacote completo.
Gabriela foi escalada para participar do quadro O Grande Debate, do telejornal CNN Novo Dia. Já superado pela matriz americana, o segmento contrastava visões opostas a respeito de um assunto quente do momento. Naquele comecinho de 2020, nada queimava mais que os descalabros iniciais do desgoverno Bolsonaro.
Graças à sua formação em direito, Gabriela se acostumou a buscar a maior quantidade possível de informações sobre uma determinada questão. Treinada nos tribunais, apreendeu a se impor e a expor suas ideias com clareza. Na véspera do programa, chegava a passar a noite em claro fazendo pesquisas.
Não deu outra. Gabriela Prioli rapidamente se firmou com a voz da razão diante de comentaristas mal-informados, desses que não só acreditam como espalham fake news. Havia um certo prazer perverso em vê-la desmontar, um por um, os pífios argumentos que lhe eram apresentados.
O sucesso foi imediato, mas Gabriela sentiu a pressão. Pediu para deixar o quadro depois de apenas duas semanas, cansada de ser interrompida por seus oponentes e até mesmo pelo mediador. A atração acabou sendo extinta. Mas a direção da CNN Brasil percebeu o tesouro que tinha nas mãos, e segurou a moça na casa. Depois de uma passagem pelo programa CNN Tonight, Gabriela Prioli ganhou seu próprio talk show.
À Prioli estreou em outubro de 2021, sob o guarda-chuva da marca CNN Soft, que foca entretenimento, viagens e culinárias e produz programas que ocupam a grade da emissora nos finais de semana. A primeira convidada da atração foi a cantora Anitta, amiga de longa data de Gabriela. Por isto mesmo, a apresentadora diz que esta foi a entrevista mais difícil que já fez, dada a intimidade das duas.
As conversas são gravadas numa mansão em São Paulo, que permite que entrevistadora e entrevistados percorram diversos ambientes. O clima é o de uma visita informal, e o papo costuma correr de maneira amena até esbarrar em algum assunto sério. "Eu faço força para não chorar em todas as entrevistas", admite Gabriela.
Por isso mesmo, ela se recusa a dizer que deixou de comentar política para focar apenas o mundo do showbiz.
"Claro que tem política no À Prioli", afirma. "Quando a gente diz que a política tem que ser o único assunto na vida, as pessoas fogem dela. Mas podemos mostrar que a política está em tudo, que ela pode ter leveza. Na nova temporada em falo em abuso sexual, em violência contra a mulher, em assuntos fortes".
Mesmo assim, ela reluta em convidar políticos de quem não gosta para participar do programa. "A gente precisa pensar no que esse tipo de embate promove, no sentido de dar visibilidade também para o outro lado", reflete.
Filha de uma fonoaudióloga e de um contador que morreu quando ela tinha apenas seis anos, Gabriela Prioli não vem de uma família de advogados. Cursou direito na USP, no Largo de São Francisco, e fez mestrado no Mackenzie. Terminado este curso, foi chamada para dar aulas lá.
Foi seu trabalho de conclusão de curso, sobre usuários de drogas, que deu um novo rumo à sua carreira. "Eu cheguei a pensar em estudar jornalismo, mas achei que não teria a maturidade necessária para suportar as críticas de que eu só queria aparecer".
"Aliás, essa é uma fala recorrente das mulheres que vão ao meu programa. Preta Gil falou isso na primeira temporada, de forma muito explícita. Esse medo da mulher de que qualquer ação no sentido de ser conhecida, ainda que seja na difusão de uma mensagem, na produção de seu trabalho intelectual ou artístico, de que isso vá ser tomado como vontade de aparecer. Por que uma mulher não pode querer aparecer? Eu sou uma mulher ambiciosa. Eu quero ser vista e ser ouvida. Mas essa fala não é recebida com tranquilidade por todo mundo".
A boa repercussão do TCC gerou alguns convites para participar de programas de TV. Gabriela chegou a gravar três pilotos na Record, mas preferiu não ficar na emissora. Ao mesmo tempo, pediu demissão do escritório onde trabalhava e passou a ser mais ativa nas redes sociais. O convite da CNN não demorou a chegar.
Hoje, ela tem mais de 400 vídeos em seu canal no YouTube, um livro publicado pela Companhia das Letras ("Política É para Todos") e um novo volume a caminho. Sem falar na terceira temporada de À Prioli, que começa neste sábado, às 23h, na CNN Brasil. Os 10 episódios inéditos trazem entrevistas com Angélica, Baco Exu do Blues, Casagrande, Cleo, Dani Calabresa, Laerte, Maitê Proenca, Thaynara OG, Tiago Abravanel e, na estreia, a jogadora Marta.
Sempre muito falante, Gabriela Prioli esconde o jogo quando perguntada se já recebeu convite para mudar de emissora. "Eu estou muito feliz aqui na CNN Brasil", desconversa.
Outro segredo é o nome do bebê que irá nascer no final de dezembro, uma menina. A chegada de sua primeira filha sinaliza que, depois da terceira temporada do À Prioli, a apresentadora talvez demore um pouco para voltar ao vídeo. Quem sabe, num programa com plateia, um sonho que ela ainda não realizou?