Tony Goes

Com ritmo frenético, 'Cara e Coragem' estreia exigindo atenção do espectador

Nova novela das 19 horas da Globo parece o oposto de 'Pantanal'

Taís Araújo, Marcelo Serrado e Paolla Oliveira em 'Cara e Coragem' - Fábio Rocha/Globo

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"Cara e Coragem" começou com seus protagonistas em plena ação. Os dublês Pat e Moa, vividos respectivamente por Paolla Oliveira e Marcelo Serrado, pularam de uma altura assustadora, saltaram de contêiner em contêiner e fecharam a sequência com um beijo cinematográfico.

Era a gravação de um comercial para a Siderúrgica Gusmão. Assim que o diretor gritou "corta!", Clarice, a dona da empresa, feita por Taís Araújo, abordou a dupla. Ela foi logo dizendo que queria propor um negócio para os dois, e pareceu que a trama principal da novela de Claudia Souto, nova ocupante da faixa das 19 horas da Globo, já iria deslanchar nos primeiríssimos minutos.

Quase. Moa e Pat alegaram outros compromissos, e foram para suas casas ver suas famílias. Ela tem dois filhos e um marido acometido de uma doença misteriosa; ele é pai solteiro de um garoto. A esta brevíssima exposição dos personagens, seguiu-se uma reunião dos dublês com Clarice no dia seguinte, no escritório desta. A empresária então propôs que eles tentem recuperar uma pasta com documentos importantes, perdida num local de difícil acesso, em troca de muito dinheiro.



Toda estreia de novela costuma ser ágil, mas "Cara e Coragem" extrapolou. Um senso de urgência atravessou o primeiro capítulo, como se uma bomba precisasse ser desarmada. Mesmo assim, a autora e sua equipe conseguiram estabelecer claramente quem são os protagonistas do folhetim. Tudo com o didatismo obrigatório ao gênero, mas sem desrespeitar a inteligência do espectador.

Esse ritmo frenético exige uma atenção redobrada, e quem prefere o bucolismo das paisagens de "Pantanal" pode ter se desapontado. Trata-se de uma aposta ousada da emissora, justamente quando sua atual novela das 21 horas conquista audiência e arranca elogios justamente por ressuscitar o novelão tradicional.

Não que "Cara e Coragem" seja uma revolução formal. Pelo que se viu nesta segunda (30), é um bem calibrado remix contemporâneo da fórmula estabelecida para o horário, em que gente de todas as idades está diante da TV: romance, pitadas de humor e alguma ação. No caso, muita ação.

"Cara e Coragem" está prevista para ter mais de 200 capítulos, terminando apenas em janeiro de 2023. A duração maior que a habitual será compensada pela duração mais curta dos episódios, de apenas meia hora (incluindo dois intervalos comerciais). Mesmo assim, a vida dos roteiristas não será fácil, pois será preciso criar mais ganchos e cenas impactantes.

Nos próximos dias, Clarice Gusmão morrerá, mas Taís Araújo não deixará a novela: ressurgirá como a misteriosa Anita. Outras reviravoltas estão a caminho.

Números preliminares indicam que "Cara e Coragem" alcançou 22,5 pontos de audiência na Grande São Paulo. Não é um resultado espetacular, mas tampouco é um vexame. E é comum que uma novela melhore seu desempenho no Ibope ao longo de suas primeiras semanas.

Resta saber se o público terá fôlego para acompanhar esta mistura de thriller e folhetim, ou se está mais mesmo para os plácidos jaburus de "Pantanal".