Descobridor de Whitney Houston prepara cinebiografia da cantora
Produtor musical Clive Davis também protagoniza série no streaming
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Você pode nunca ter ouvido falar em Clive Davis. Mas é óbvio que conhece vários dos artistas que ele descobriu ou influenciou ao longo de seus mais de 60 anos como produtor musical e executivo de gravadora: Janis Joplin, Bruce Springsteen, Aretha Franklin, Santana, Billy Joel, Dionne Warwick, Simon & Garfunkel, Aerosmith, Carly Simon, Barry Manilow, Maroon 5, The Notorious B.I.G., Patti Smith, Alicia Keys, Rod Stewart, Jennifer Hudson, Earth, Wind & Fire, Annie Lennox, Chicago e Whitney Houston, só para citar alguns.
Sua importância no cenário musical americano é tão grande que ele é um dos poucos não-músicos a integrar o Rock’n’Roll Hall of Fame, que homenageia os grandes nomes do rock e do pop.
Com 90 anos de idade recém-completos, Clive Davis segue na ativa. Em entrevista exclusiva ao F5, por videoconferência, ele contou que acaba de coproduzir a cinebiografia de Whitney Houston, contratada por ele ainda na adolescência e depois moldada para se tornar uma superstar global.
"Não vamos suavizar nada", diz Davis, referindo-se aos problemas com drogas que acabaram por matar a cantora, em 2012, com apenas 48 anos. "Mas vamos mostrar um retrato completo de Whitney, algo que o público nunca viu. Ela foi uma das três maiores vocalistas da música pop de todos os tempos, ao lado de Aretha Franklin e Barbra Streisand. Todos os seus lados merecem ser conhecidos".
O filme "I Wanna Dance Somebody", cujo título é o mesmo de um dos primeiros hits de Whitney Houston, deve estrear no final de 2022. A direção é da cineasta negra Kasi Lemmons e o roteiro, do neozelandês Anthony McCarten, o mesmo de "Dois Papas" e "Bohemian Rhapsody".
Aliás, como na cinebiografia de Freddie Mercury, os vocais originais serão respeitados: a atriz Naomi Ackie, que interpreta a protagonista, não canta –apenas dubla a voz de Whitney. "A voz dela era inimitável, não dá para replicar", sublinha Davis.
O produtor também ri da estranheza de se ver na pele de outro ator. "Stanley Tucci, que faz meu papel no filme, leu tudo sobre mim, assistiu meu documentário na Netflix, pesquisou bastante. Acabamos ficando amigos".
Outro projeto novo desta lenda da indústria musical é a minissérie "Clive Davis’ Most Iconic Performances", que estreia nesta terça (26) na plataforma Paramount +. Em quatro episódios, ele apresenta alguns de seus artistas favoritos em momentos históricos no palco, e depois conversa com os próprios ou com pessoas ligadas a eles. A lista inclui vários nomes que Davis admira, mas com quem nunca trabalhou, como Tina Turner, Joni Mitchell, ou a banda Queen.
E dos astros de hoje, com quem Clive Davis gostaria de trabalhar? Ele não titubeia na resposta: "Lady Gaga. O talento dela como cantora, compositora e performer é um dos maiores que eu já vi. Também gosto muito de Drake, The Weeknd e Taylor Swift".
O mercado fonográfico de hoje é totalmente diferente do que existia quando Davis começou. Quase não existem mais suportes físicos, e as pessoas consomem música online. "Olha, eu confesso que sinto saudades dos CDs. Eu gosto de acompanhar uma música lendo a letra, gosto dos encartes. Mas sou muito grato ao streaming, Serviços como o Spotify e o Apple Music salvaram a música das garras da pirataria. Tem mais gente ouvindo música hoje em dia do que em qualquer outro momento da história".
E o que ele gosta de ouvir nas horas vagas? "Horas vagas? Eu não sei o que é isto. Quando você faz o que eu faço, não há um minuto em que não esteja trabalhando. Eu estou sempre procurando novidades. Ouço todos os álbuns que chegam ao Top 10 das paradas, assisto vídeos... Eu amo a música. Entrei neste negócio por acaso, e ele virou a paixão da minha vida. Além do mais, eu não quero que os meus ouvidos envelheçam".