Por muito pouco, Academia não repete o vexame do #OscarsSoWhite
Entre os 20 indicados nas categorias de atuação, só um não é branco
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Quatro anos atrás, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood sofreu a maior saraivada de críticas de sua história, ao anunciar os indicados ao Oscar pelos filmes lançados em 2015. Pela primeira vez em décadas, só atores brancos foram escolhidos nas quatro categorias de atuação. Nenhum negro, nenhum latino, nenhum oriental, nenhum nativo americano.
A internet reagiu com fúria. No mesmo dia do anúncio, surgiu a hashtag “OscarsSoWhite” (Oscars Tão Brancos). Seguiu-se um debate acalorado: quem seriam os atores negros (ou de qualquer outra etnia) que mereciam ser indicados? Não teria sido uma mera casualidade? Ou o Oscar é, de fato, racista?
A Academia sentiu o golpe e propôs mudanças. “Aposentou” todos os membros que não trabalhavam mais na indústria do cinema, mas ainda tinham direito a voto. Ampliou os convites a artistas e técnicos de outros países para se tornarem membros –e, desde então, vem fazendo isso todo ano.
Hoje em dia, a Academia conta com mais mulheres, mais estrangeiros, mais jovens e mais “people of color” (gente de cor, um termo que os americanos usam para qualquer um que não seja de origem anglo-germânica ou eslava) do que em qualquer outro momento.
Isso se refletiu nas premiações dos últimos anos, quando até um filme escrito, dirigido e interpretado por negros –“Moonlight – Sob a Luz do Luar”, de 2016– levou o prêmio principal. E nunca mais houve só atores brancos entre os indicados nas quatro categorias de atuação.
Este “nunca mais” inclui os indicados pelos filmes lançados em 2019, que foram anunciados na manhã desta segunda (13). Mas por muito pouco: apenas uma negra, a britânica Cynthia Erivo, chegou entre as cinco finalistas ao prêmio de melhor atriz principal. Todos os outros 19 indicados são brancos.
Nos Estados Unidos, há quem veja Antonio Banderas como não-branco. O ator espanhol concorre como ator principal por “Dor e Glória”, de Pedro Almodóvar. Segundo a lógica de alguns americanos, Banderas seria latino. Mas é claro que ele é branco: basta olhar para o tom de sua pele.
Na categoria de melhor atriz coadjuvante, os eleitores da Academia parecem ter se esforçado para garantir um plantel 100% branco. A latina Jennifer Lopez, tida como uma das favoritas ao prêmio pelos sites especializados, não foi sequer indicada. O mais estranho é que seu filme “As Golpistas” teve críticas melhores e muito mais bilheteria do que “Richard Jewell”, que rendeu uma indicação a Kathy Bates.
Muitos outros nomes cotados ficaram de fora: Lupita Nyong’o (“Nós”), Eddie Murphy (“Meu Nome É Dolemite”), Awkwafina (“The Farewell”), Song Kang Ho (“Parasita”). Claro que, com apenas cinco indicados por categoria, sempre haverá algum injustiçado. O curioso é quase todos os injustiçados não serem brancos.
De qualquer forma, os Oscars não foram tão excludentes quando os BAFTAs (o Oscar britânico), que este ano não só escolheu apenas atores brancos, como ainda teve o desplante de indicar a louríssima Margot Robbie duas vezes na categoria de atriz coadjuvante.
A organização responsável pelos BAFTAs já prometeu mudanças no sistema de votação, assustada com a repercussão negativa deste ano. Vamos ver o que acontece com a Academia de Hollywood.