Thiago Stivaletti
Descrição de chapéu mostra de cinema

Marjorie Estiano é a estrela de um terror chamado Brasil

Depois de sofrer num hospital público em 'Sob Pressão', ela estrela três novos filmes que abordam mazelas graves do nosso país

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Cena do filme "Abraço de Mãe" com Marjorie Estiano - Divulgação

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São Paulo

Há alguns anos, o cinema brasileiro voltou a produzir em abundância um gênero que andava adormecido: o terror. Não faltam no nosso país motivos para nos deixar em pânico. E uma atriz vem desbravando corajosamente esse filão: Marjorie Estiano.

Marjorie está em três filmes assustadores que acabaram de ser lançados no Festival do Rio e na Mostra de São Paulo. Em "Abraço de Mãe", que estreia nesta quarta (23) na Netflix, ela vive uma bombeira durante uma das históricas enchentes que abalaram o Rio de Janeiro, em 1996. Ana, sua personagem, precisa evacuar os moradores de uma casa de repouso bastante sinistra no bairro de São Cristóvão.

É um terror tradicional, cheio de visões fantasmagóricas e uma leve referência ao clássico "Alien". Mas é curioso notar que, em meio ao clima sobrenatural, o diretor argentino Cristian Ponce usa a falta de recursos do Corpo de Bombeiros para acentuar a nossa agonia.

Quando vemos Marjorie em "Abraço de Mãe", impossível não lembrar de Carolina, a médica que ela viveu por cinco anos na série "Sob Pressão", enfrentando desafios hercúleos num hospital público na Zona Norte do Rio. Nos dois trabalhos, Marjorie está lá em meio a sangue, suor e lágrimas, tentando dar um mínimo de dignidade a uma situação calamitosa.

Se nesses trabalhos o desafio de Marjorie é mais pé no chão, nossa guerreira enfrenta algo muito pior no filme "Enterre Seus Mortos", em cartaz na Mostra: o Apocalipse. Ela é Nenete, namorada e chefe de Edgar Wilson (Selton Mello), um homem que vive de recolher animais mortos na estrada em torno da fictícia cidade de Abalurdes. Nenete se vê estranhamente atraída por uma seita que prega o Fim dos Tempos, num flerte perigoso com o fanatismo religioso com consequências bem trágicas.

Sem dar spoiler, neste filme Marjorie faz cenas dignas da icônica Samara do terror "O Chamado" –algo bem distante do que ela poderia fazer na TV. O diretor do filme, Marco Dutra, já tinha dirigido Marjorie no excelente "As Boas Maneiras", em que ela tinha uma ligação sinistra com um... bebê lobisomem. Como se vê, não há limites para nossa musa.

Para coroar seus sofrimentos, a atriz ainda sofre como a mãe de um adolescente que agride uma mulher em situação de rua que dormia num caixa eletrônico em "Precisamos Falar", de Rebeca Diniz e Pedro Waddington. Aqui estamos no terreno do drama e não do terror propriamente dito, mas a situação é tenebrosa e bem real. Fala de intolerância, violência e outros temas alimentados pela extrema direita.

Ah, faltou dizer que Marjorie ainda será a grande estrela de "Praia dos Ossos", minissérie da Max sobre um dos grandes casos de feminicídio da história do Brasil: o assassinato da socialite Ângela Diniz pelo namorado, o playboy Doca Street, em 1976.

Já começo a sonhar com a candidatura de Marjorie à Presidência. O slogan vai ser fácil: "Só eu conheço na pele os problemas reais das brasileiras e dos brasileiros!"

"Abraço de Mãe", de Cristian Ponce
Estreia nesta quarta (23), na Netflix

"As Boas Maneiras", de Juliana Rojas e Marco Dutra
Disponível na Netflix

"Precisamos Falar", de Rebeca Diniz e Pedro Waddington
Mostra Internacional de Cinema
Sexta (25), às 14h45, no Cinesystem Frei Caneca

"Enterre Seus Mortos", de Marco Dutra
Mostra Internacional de Cinema
Quinta (24), às 15h40, no Cinesystem Frei Caneca