Mulheres empoderadas promovem semana do sexo em 'Renascer'
Autor tem conseguido marcar uma bela diferença em relação à trama original, de 31 anos atrás
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Vestida num apertado maiô de látex preto, Yolanda (Camila Morgado) finalmente faz a festa na cama com o libanês Rachid (Almir Sater). Eliana (Sophie Charlotte) brinca de strip karaokê com o patético coronel Egídio (Vladimir Brichta): para cada vez que ele perde dela nas notas do karaokê, tem que tirar uma peça de roupa. Até o casal-pijama Inocêncio (Marcos Palmeira) e Mariana (Theresa Fonseca) promove um rala e rola aos pés do jequitibá-rei, saindo de semanas de tédio cacaueiro.
Foi sem dúvida uma semana agitada em "Renascer", em que o autor Bruno Luperi, neto de Benedito Ruy Barbosa, fez lembrar os bons tempos das novelas de Carlos Lombardi (autor de "Quatro por Quatro", "Uga Uga" e "Kubanacan", novela queridinha da Geração Z). Trouxe ventos de comédia a uma novela que andava sisuda demais com o suspense arrastado do exame de DNA de Teca (Lívia Silva), que deve provar que o filho dela não é de José Venâncio (Rodrigo Simas). Mas, como nem o sexo nem a comédia são inocentes nessa vida, o autor tem conseguido marcar uma bela diferença em relação à trama original, de 31 anos atrás.
Estou falando do empoderamento de quase todas as mulheres da trama. Muitas delas armaram uma rede de sororidade na casa de Jacutinga, que foi arrendada por Sandra (Giullia Buscacio). Foi lá que Dona Patroa virou Yolanda, finalmente saindo das garras do coronel Egídio. Foi lá que Eliana morou antes de se bandear pro lado do inimigo. E foi lá também que Zinha (Samantha Jones) se encantou com a doçura de Joana (Alice Carvalho), num flerte sem muito futuro. Resumindo: as mulheres de "Renascer" em 2024 têm muito mais voz do que as de 1993.
A regra tem valido até para a insossa Mariana, personagem que foi sendo apagado na versão de Adriana Esteves há trinta anos. Não que a nova Mariana toque o terror para cima de Inocêncio, mas ela lhe dá belas alfinetadas feministas. "Quer dizer que você aceita se reunir com o homem que matou seu filho, mas não com a mulher que foi casada com ele?", disparou, ao saber que Inocêncio não falaria com Eliana depois de conversar com Egídio.
OK, Eliana é mais um exemplo de ambição neoliberal, cuidando dos seus interesses e querendo uma fatia das terras de Inocêncio, do que exatamente um exemplo de feminismo. Mas está sendo uma vingança bem divertida ver ela tripudiar em cima de Damião (Xamã), um macho à moda antiga, que não vê problemas em trair a esposa, mas quer matar Egídio só de pensar que ele agora está com sua amante.
Nas próximas semanas, vai ser curioso acompanhar o destino de Teca, que apesar de muito pobre nunca baixou a cabeça para a família Inocêncio.
Não custa lembrar que o remake de "Pantanal" terminou com a morte de Zé Leôncio (também vivido por Marcos Palmeira) e sua mulher, a forte Filó (Dira Paes), assumindo as fazendas. Em "Renascer", já sonho com uma grande cooperativa feminina tomando as rédeas do cacau, uma nova Casa das Sete Mulheres comandada pela corajosa Inácia (Edvana Carvalho), verdadeira máquina de cuspir verdades na cara de todos os personagens da trama.
Em novela, nada se cria, muito se copia, mas tudo pode se transformar com os novos tempos.