Na virada do dia 4 para 5 de maio, o show de Madonna em Copacabana, que encerrou sua turnê "Celebration", foi o assunto mais comentado do Brasil. A escolhida de Madonna para ser a convidada especial dessa apresentação histórica foi Anitta.

Curiosamente, assim que o fim de semana terminou, Anitta começou a perder seguidores no Instagram. Segundo o Social Blade, a principal plataforma online em análise de dados e estatísticas de mídia social, na segunda-feira (6), 14 mil pessoas deixaram de seguir a artista.

Poderia ter sido uma coincidência, um evento isolado. Mas no dia seguinte, mais 21 mil pessoa deixaram de acompanhar a brasileira.

A tendência perdeu força, mas continuou. Entre quarta-feira (8) e domingo (12), o perfil perdeu mais 19 mil pessoas.

Ou seja, entre o show de Madonna e o Dia das Mães, 54 mil pessoas deram unfollow em Anitta.

Eis que, na manhã da segunda-feira (13), Anitta postou um carrossel de fotos no Instagram mostrando suas atividades no candomblé e do seu novo clipe "Aceita". A canção, com letra em português e inglês, é parte de seu novo álbum "Funk Generation", a ser lançado no dia 15 e faz referências a particularidades de sua vida, incluindo sua religião.

Acompanhando as imagens, Anitta postou, em inglês e português, uma sinopse do enredo para 2025 da escola de Samba Unidos da Tijuca, que vai homenagear Longun Edé, o orixá da riqueza e da fartura.

Como a própria Anitta já previa, algumas pessoas iriam reclamar e chamá-la de "macumbeira". Mas a reação parece ter sido um pouco maior do que o esperado: em poucas horas, Anitta perdeu quase 200 mil seguidores.

A explicação mais plausível parece ser também a mais lamentável: intolerância religiosa.

Ao perceberem esse movimento, muitos passaram a seguí-la como forma de apoio, outros se solidarizaram a ela, dizendo que a debandada era muito mais um livramento do que uma perda.

No final da noite, o post contava com quase 3 milhões de curtidas. A reação foi tão intensa que Anitta decidiu gravar um vídeo de 27 minutos falando calmamente para a câmera.

No vídeo, ela fala que busca os caminhos mais variados de crescimento pessoal, como budismo, xamanismo, cristianismo, cartomancia e que gosta de todas as religiões, reza o terço com sua mãe que é católica, mesmo sendo do candomblé. Ela também fala de sua infância, do tempo em que cantava na igreja e faz digressões sobre a hipocrisia dos invejosos que se declaram cristãos, mas encomendam "trabalhos" para prejudicar o colega que faz sucesso.

Achei Anitta muito calma e centrada em seu longo monólogo, calma essa embasada numa verdade matemática irrefutável: os 200 mil "fãs" que ela perdeu correspondem a ridículos 0,3% de sua enorme base de quase 65 milhões de seguidores. E bota enorme nisso: o Instagram tem 2 bilhões de usuários ativos e o perfil de Anitta ocupa a posição de número 77. É realmente um superpoder estar no TOP 100 de 2 bilhões.

Diante dos acontecimentos, apoiei Anitta e passei a seguí-la. Só um detalhe em tudo isso me pareceu questionável. Na letra de "Aceita", tem um verso que diz:

"Oh, eu morro assim, nunca vou mudar. Não é tão difícil me aceitar".

Mas, para quem conhece Anitta desde o começo de sua carreira, antes do Show das Poderosas estourar, é fácil perceber que ela mudou, sim, e mudou muito, física e espiritualmente. Felizmente, mudou para melhor.

Para quem deixou de seguí-la, fica o conselho: Anitta é um sucesso. Aceita, que dói menos.