Casa de vidro do BBB é páreo para o barulho dos golpistas presos em ginásio no DF?
Boninho terá de lutar para fazer o reality show gerar mais curiosidade no público do que as cenas produzidas pelos confinados de Brasília
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Maestro do Big Brother Brasil desde a primeira edição, Boninho é expert em criar e reciclar ideias capazes de manter o público ligado no programa há mais de duas décadas, mas nunca encontrou uma concorrência tão forte para as ações de seus confinados como essa balbúrdia da vida real --algo raro em janeiro, normalmente um mês calmo--, que vem marcando os cartões-postais de Brasília nos últimos dias.
Foi minha amiga Patrícia Villalba, boa jornalista e roteirista, quem me chamou a atenção para tanto: Boninho terá de lutar para tornar a sua casa de vidro mais atraente aos olhos e ouvidos dispostos a multiplicar conversas e engajamento, já que disputa a atenção do público com cenas e relatos produzidos por outra turma de confinados, ainda que involuntariamente, no ginásio da Academia Nacional da Polícia Federal, em Brasília.
Para piorar, os detidos estão de posse de seus celulares, ainda que os aparelhos estejam sendo todos periciados pelas autoridades responsáveis pela triagem que tem mandado alguns deles de volta para a casa, outros para a Papuda e outras para a Colmeia. Ou seja, todos os dias recebemos via WhatsApp e redes sociais cenas normalmente grotescas de golpistas a clamar por piedade e a se queixar de maus tratos, muitos deles produzindo provas contra seus próprios crimes e se gabando por tanto.
São imagens e narrativas de causar vergonha até aos roteiristas dos testes de DNA e de fidelidade desses programas de auditório em busca de audiência a qualquer custo. Convenhamos: isso torna inglória a missão do BBB 23 em aguçar o apetite do público pelas tretas da casa que, até outro dia, costumava ser a mais vigiada do país. Agora, nosso foco está ameaçado por intrigas mais imprevisíveis.
Não importa que o "reality" do ginásio de Brasília não esteja ocupando propriamente um canal de TV ou da internet. As cenas disputam o precioso tempo consumido pelo espectador diante de uma tela, tanto faz se é do celular ou da TV.
Uma casa de vidro como essa inaugurada nesta terça, 10, em um shopping do Rio, é sempre alvo da mórbida curiosidade de quem passa diante daquelas paredes, e remete inevitavelmente a um zoológico. Só não há ali a plaquinha "Não dê comida aos animais" porque o local é fechado ao acesso do público, mas a cena suscita exatamente a essa percepção.
E quando a gente pensa que isso pode ser bizarro, bingo, lá vem a vida real apresentar episódios ainda menos críveis.
Se vale como termômetro, é bom avisar que além de a Globo ter ampliado em 29% a sua audiência de domingo ao trocar o entretenimento de Luciano Huck pela cobertura dos atos de vandalismo dos bolsonaristas em Brasília, o Jornal Nacional de segunda-feira, 9, dia em que contabilizamos os cacos recolhidos por tamanho estrago, teve mais audiência que a novela das nove (25,4 x 24,9 pontos), uma inversão atípica, por mais que "Travessia" tampouco ajude a manter a hierarquia de praxe.
O JN foi a maior audiência da Globo na segunda, e os telejornais carro-chefe de Record e Band deram também às duas emissoras o pico do dia em cada uma, com 6,8 pontos para o Jornal da Record e 5,2 pontos para o Jornal da Band, tudo na Grande São Paulo.
O BBB que se cuide. A novela-reality da vida real está batendo um bolão, e todo dia tem anúncio de novos nomes para o paredão.