Ronaldo Nazário é capaz de tirar de casa as figuras mais improváveis de serem encontradas em eventos que causam alguma aglomeração de celebridades. Raramente visto em pré-estreias e outras celebrações do gênero, até Fausto Silva compareceu ao lançamento do documentário "Ronaldo, o Fenômeno", lançado na noite desta quinta-feira, 20, no Shopping Iguatemi, em São Paulo.

Quem também esteve presente na ocasião foi Galvão Bueno, que em breve terá o seu próprio documentário no mesmo GloboPlay, contando sua trajetória de quase 50 anos de TV. O locutor se emocionou a valer e chorou ao rever o drama enfrentado por Ronaldo na comovente final da Copa de 1998, quando o atacante sofreu uma convulsão horas antes da partida.

"Eu vivi tudo isso", lembra Galvão, que deixará de narrar transmissões esportivas pela Globo após o fim da Copa do Qatar, mas seguirá na emissora, como voz institucional não só do esporte. "Hoje passei o dia trabalhando, gravando várias chamadas de séries e outros programas", contou à coluna.

Antes de o filme começar, Ronaldo agradeceu à presença do público e disse que as pessoas podiam de fato "preparar o lencinho".

"Tem muito drama ali, vocês não fazem ideia do sacrifício que tem por trás do universo do futebol", disse. "A gente traz coisas interessantes, mas drama, principalmente, um atrás do outro. O pessoal da minha geração vai lembrar bem o drama que foi tudo isso, mas tem um final feliz maravilhoso, tem muita mensagem bacana, tem uma mensagem do sonho de criança, de jogar uma Copa do Mundo, de ser campeão do mundo pela seleção brasileira. Tem um amor, o maior amor do mundo, pelo futebol, isso eu mostro também no filme."

O TRIUNFO APÓS O CALVÁRIO

Produzido pela Zoom Sports com a DAZN Studios em associação com a Beyond Films e Fifa+, o filme já havia sido lançado em Madri por outra plataforma e traz imagens de Ronaldo bem novo, arrasando nas performances em campo, com todo o peso representado pelo apelido pelo qual logo ficaria conhecido: Fenômeno.

"Quando recebi esse nome, não gostei. Fenômeno não pode falhar, não pode sentir dor e não pode deixar de fazer gol", diz ele no longa-metragem.

A breve apresentação de sua rápida ascensão pavimenta o início da narrativa sobre o mal-estar sofrido no dia da final da Copa de 98 e todo o calvário enfrentado a partir dali, incluindo a resiliência demonstrada na recuperação do joelho, até o grande triunfo do penta, em 2002.

Com uma edição primorosa, o enredo sintetiza de certa forma o Brasil que deu certo, tese que todo dia nos motiva a acreditar que tempos melhores virão.

O filme é entrecortado por um longo depoimento do protagonista, que resgata tudo o que passou, incluindo a convicção de um médico consultado nos Estados Unidos que cravou que ele jamais voltaria a jogar futebol em razão do joelho dilacerado.

Há ainda relatos preciosos de Roberto Carlos, que presenciou a convulsão antes do jogo contra a França, Zinedine Zidane, o primeiro a visitá-lo após a falência do joelho, Romário e Bebeto, além do técnico Felipão, dos pais, Sônia dos Santos e Nélio Nazário.

Milene Domingues, ex-mulher e mãe de Ronald, seu primeiro filho, também rememora aquele período difícil da recuperação do joelho, sem no entanto aparecer diante das câmeras. Todo o seu depoimento surge apenas em áudio, ilustrado por imagens da época.

Em meio ao drama vivido pelo hoje empresário e ex-jogador, há boas razões para rir, como a lembrança de Felipão ao ver seu novo corte de cabelo durante a Copa de 2002: "Você não falou comigo antes de fazer isso", disse-lhe o técnico.

Os amigos destacam que o biografado é um sujeito divertido e da paz, com quem ninguém era capaz de brigar.

O filme é uma produção licenciada pelo GloboPlay, que terá 12 meses de exclusividade sobre o título. Quando a equipe foi solicitar imagens ao serviço de streaming para usar na edição, foi consultada sobre sua exibição no Brasil. Ao saber que não havia ainda distribuição prevista por aqui, o time do GloboPlay logo se prontificou a ter o documentário na sua prateleira.

Nas imagens que resgatam tantos comentários sobre aquele mal-estar de 98, há uma fila de teorias da conspiração apresentadas em vários idiomas, e há ainda os momentos da ocasião narrados pela TV brasileira, por Galvão Bueno e Luciano do Valle, pela Band.

Também são lembrados relatos de Pedro Bial, Armando Nogueira e Paulo Henrique Amorim sobre o caso, e cenas com os repórteres Mauro Naves e Tino Marcos.

"Ronaldo, o Fenômeno" estreou à 0h desta sexta, 21, no GloboPlay, marcando um mês de contagem regressiva para o início da Copa do Qatar.

Confira abaixo imagem do ex-jogador na pré-estreia.