Confira curiosidades sobre '3 Tonelada$: Assalto ao Banco Central'
Série documental reconstituiu em detalhes o túnel construído na ocasião
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"3 Tonelada$: Assalto ao Banco Central" chegou nesta quarta-feira (15) ao catálogo da Netflix. A série documental conta uma das histórias mais espetaculares do noticiário policial brasileiro, o roubo ao Banco Central do Brasil em agosto de 2005.
Por meio de um túnel de quase 80 metros de comprimento, um grupo invadiu o cofre da instituição financeira e roubou mais de R$ 160 milhões, cerca de 3,5 toneladas de dinheiro vivo. O caso ocupou os noticiários durante anos, e as investigações geraram novos crimes.
Com depoimentos inéditos de policiais, jornalistas e envolvidos no caso, e amplo material de arquivo, a produção reconstitui o roubo, que aconteceu em Fortaleza, no Ceará, há quase 17 anos.
Em três episódios de 50 minutos cada, a série documental recria momentos-chave do crime e pistas levantadas ao longo dos cinco anos de investigações a um dos maiores assaltos a banco da história do país e do mundo.
A produção brasileira traz ainda detalhes inusitados sobre o furto, além de suas consequências —o golpe milionário que parecia perfeito deixou um rastro de extorsões, sequestros e assassinatos, levando os envolvidos a se arrependerem da ação.
Confira curiosidades sobre a série documental:
O ASSALTO
A quadrilha abriu, próximo ao banco, uma empresa de fachada voltada à instalação de grama sintética. Nela, os envolvidos trabalhavam na escavação do túnel, sem parar, usando pá de jardineiro. Eles se organizavam em grupos de até sete pessoas, que se dividiam em turnos.
O túnel contava com um sistema de ventilação, iluminação e linha para interfone —o grupo não usava telefone para não deixar provas. Estima-se que 900 tábuas de madeira foram usadas em sua construção.
A identidade falsa do dono da empresa, Paulo Sérgio, trazia como data de nascimento 05/08/1968, o mesmo dia e mês em que a quadrilha efetuou o roubo.
Ele mantinha um ótimo relacionamento com os vizinhos para não levantar suspeitas, e buscava afirmar a veracidade do negócio. O homem chegou a distribuir bonés estampados com o nome da firma em uma boate que frequentava.
Logo após o assalto, a polícia encontrou um buraco no cofre do Banco Central: a saída do túnel. Apenas uma pessoa magra conseguia entrar, e o policial Enéas Sobreira seguiu o caminho sem saber quem ou o que encontraria pela frente. Ele rastejou por uma hora até encontrar o fim do túnel.
Na fuga, alguns integrantes do bando viajaram com documentos e nomes falsos, mas com fotos verdadeiras. Isso possibilitou a identificação deles pela polícia. Um deles, Fernando Carvalho, usou "Fernando Vinícius de Moraes", nome do famoso poeta.
Uma das primeiras providências da Polícia Civil foi procurar em revendas de carros e caminhões pistas sobre a aquisição de veículos que poderiam ser usados para transportar o dinheiro, saindo de Fortaleza.
Eles descobriram que, para a fuga com parte do dinheiro do banco, R$ 6 milhões foram escondidos em carros zero num caminhão cegonha.
A RECONSTRUÇÃO DO TÚNEL PARA O DOCUMENTÁRIO
Para recriar os acontecimentos, a equipe da produção do documentário reconstruiu a passagem subterrânea em um galpão localizado em Embu das Artes, em São Paulo. A réplica teve medidas e dimensões muito próximas ao túnel original.
O espaço ainda trazia os objetos encontrados pelos peritos dentro do túnel, como ventiladores, tubulação de ar refrigerado, lâmpadas, garrafas de água e de isotônico e cordas. Os itens foram colocados nas mesmas posições apontadas por fotos da perícia cedidas pela Polícia Federal e por depoimentos colhidos.
A estrutura, de três metros de altura por oito metros de extensão, foi construída em madeira e revestida por várias camadas de terra batida e argila, para criar um aspecto equivalente ao de um buraco embaixo da terra.
O túnel tinha a possibilidade de aberturas nas laterais e em sua parte frontal, para que a câmera acompanhasse a movimentação dos assaltantes na encenação.
Acima dele, a três metros do chão, foi reconstruída parte da sala da empresa de fachada em Fortaleza, com piso de taco, assim como a original.
A construção do túnel foi feita por uma equipe de sete pessoas e levou 15 dias para ser concluída, enquanto as gravações em torno do túnel duraram apenas um dia.
Oito profissionais trabalharam na reprodução dos objetos que estavam no túnel originalmente, e precisaram recorrer a acervos em busca de alguns itens que, na época, eram diferentes. Esse foi o caso das garrafas, que eram de vidro.
Também foi necessário reproduzir o modelo antigo das notas de 50 reais, exatamente como as que foram roubadas na época. Muitas foram sujas com terra, já que, durante o processo de retirada do dinheiro pelo túnel, os ladrões perderam algumas cédulas ao longo do caminho.
OS NÚMEROS DO ASSALTO
O crime contou com 34 pessoas diretamente envolvidas no assalto ao banco. A execução passou pela escavação de um túnel de 75 metros, enquanto o assalto em si se deu ao longo de aproximadamente 11 horas.
Um total de R$ 164,5 milhões foi roubado, cerca de 3,5 toneladas de cédulas de 50 reais não rastreáveis.
Os órgãos responsáveis realizaram investigações ao longo de 5 anos, e mais de 200 policiais federais de diversos estados foram envolvidos na operação nesse período.
As investigações apontam que mais de 160 pessoas participaram do processo de lavagem de dinheiro nos anos posteriores ao furto. Ao todo, 129 pessoas foram indiciadas por envolvimento direto no furto ou lavagem de dinheiro, e cerca de 500 testemunhas foram ouvidas.
Nas condenações em 1ª instância, as penas somadas chegaram a 2.452 anos de prisão.
OS NÚMEROS DO DOCUMENTÁRIO
A produção do documentário contou com 3 meses de pesquisa e 2 meses de negociação para convencer um dos líderes da quadrilha a dar um depoimento inédito sobre o caso.
Ao todo, mais de 30 pessoas foram entrevistadas e 106 figurantes foram contratados para as reconstituições de cena.
Todas as gravações somaram 95 horas de material captado, sendo 75 horas na parte documental e 20 horas de encenação.
A série documental demandou, ao todo, de 6 meses de produção e 4 meses de pós-produção.
A PRODUÇÃO
"3 Tonelada$: Assalto ao Banco Central' está entre os conteúdos locais inéditos produzidos no Brasil com exclusividade para o serviço de streaming da Netflix.
A produção tem direção geral de Rodrigo Astiz, e direção e roteiro assinados por Daniel Billio. Claudia Belfort foi a pesquisadora-chefe e a produção-executiva é de Adriana Marques, Íris Sodré Mendes e Mauricio Hirata Filho. Gavulino Filmes e Marcos Tardin são produtores associados.
A realização é da Mixer, uma das produtoras audiovisuais mais premiadas do mercado, que traz no currículo séries como "O Negócio" (HBO), "Mothern" (GNT), "Escola de Gênios" (Globoplay/Gloob), "A Garota da Moto" (SBT/FOX), "Rio Heroes" (FOX Premium), "Águias da Cidade" (Discovery Channel) e "O Escolhido" (Netflix), além de um grande volume de filmes publicitários.