Walcyr Carrasco retoma temas delicados com maestria ao relançar "Pituxa, a Vira-Lata"
Dica é parte de uma homenagem à minha cadela Luna, morta há 1 ano
Na sexta-feira, fez um ano que minha cachorrinha Luna morreu. Ela ficou doente e não houve muito o que fazer. Até hoje a saudade que sinto parece não ter fim.
Ainda sinto o corpinho dela nos meus braços, como quando eu a carregava. Mas o sentimento, por mais que não vá embora, vai se transformando. Hoje eu olho para uma foto dela, como esta ao lado, e sofro menos. Lembro mais dos bons momentos que vivemos juntas.
A coluna de hoje é uma homenagem a ela. Espalhou alegria por aí e abriu os olhos de muita gente para a possibilidade da adoção. Não é preciso ter raça nenhuma para dar e receber amor. E é justamente sobre uma vira-lata que Walcyr Carrasco, famoso autor de novelas, trata no relançamento de um livro de 2010.
No infantil “Pituxa, a Vira-Lata” (R$ 56, 48 págs., Moderna), o premiado autor infantojuvenil levanta a questão ao retratar a vida de uma cachorrinha que muito lembra a minha Luna. É só comparar a imagem das duas. E a história. Das ruas até encontrar um lar e a luta pela aceitação.
Um ponto na literatura jovem de Walcyr que sempre me fascinou (sou sua leitora desde a adolescência) é a insistência em demonstrar com exemplos que as diferenças não importam. Ou ao menos não deveriam importar.
Se desta vez ele usou a figura da vira-lata para dar uma lição de amor, foi porque se inspirou em sua própria cachorrinha –que, por sua vez, acolheu de patas abertas um cão de raça que o escritor ganhou. Foi um pouco o que a Luna me ensinou.
Já velhinha, aprendeu a conviver com os gatos que adotamos. Adaptou-se muito bem, com sua alegria usual, em todas as casas pelas quais passamos. Quando ia à casa da nossa vizinha e amiga do peito Lu, a farra era sempre a mesma. Nunca se cansou de dar cambalhotas no sofá. O essencial, como a Luna e a Pituxa nos ensinaram, é estar de coração aberto sempre.