Eddie Redmayne quer público torcendo por assassino de aluguel em novo 'O Dia do Chacal'
Para a série, cuja segunda temporada está confirmada, ator treinou com atiradores de elite
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
A primeira coisa que Eddie Redmayne, 42, precisou aprender para seu papel na série "O Dia do Chacal", cujos seis primeiros episódios já estão disponível no Disney+, foi a ser paciente. "Sou profundamente impaciente, é um grande defeito de caráter", conta. "Estou sempre com pressa e correndo."
Para viver o matador de aluguel com mira certeira e nervos de aço, ele precisou se controlar. "Escrevi na primeira página do meu roteiro que ele se move como uma faca quente na manteiga", explica o ator em bate-papo com a imprensa internacional, do qual o F5 participou. "Esse refinamento, essa economia, era algo que eu realmente queria capturar. Mas não é algo que eu tenha na minha essência."
Parte do treino ocorreu em um campo frequentado por atiradores de elite nos arredores de Londres. Lá, chegou a disparar com rifles a uma distância de 2 km do alvo. "Me surpreendi com a calma e a paciência que você precisa ter para esperar os ventos se alinharem", diz. "Você tem que prever o futuro, porque leva um ou dois segundos, quando você está atirando a essas distâncias, para a bala chegar."
A série, cuja segunda temporada já foi confirmada, se inspira no livro de Frederick Forsyth, que fez sucesso no começo dos anos 1970 e inspirou um filme homônimo. A trama, que narrava a tentativa de assassinato do general Charles de Gaulle, era baseada na história real de um funcionário público insatisfeito com a independência da Argélia, ocorrida no mandato do presidente francês.
Redmayne diz que o longa, dirigido por Fred Zinnemann, era um dos favoritos de seu pai e que acabou assistindo a obra "em uma idade inadequadamente jovem". Transportada para os dias de hoje, a história ganhou outros elementos. Para o ator, no entanto, a nova adaptação não vai deixar a desejar no quesito político. Talvez até se aprofunde nisso em alguns aspectos.
"No filme e no livro originais, havia um senso muito mais binário de bem e de mal", avalia. "Tinha-se a sensação de que de Gaulle era o bonzinho e de que o Chacal, embora carismático, era o vilão. Sinto que o que Ronan [Bennett, criador e roteirista] fez em sua tradução é mostrar um mundo menos binário, em que tudo está meio que em um espectro."
Em um momento de polarização e "com menos espaço para nuances", ele diz que essa "área cinzenta moral" foi o que o atraiu no personagem, que é perseguido pela agente do serviço secreto britânico Bianca Pullman (Lashana Lynch). "Ambos são incrivelmente tenazes, profundamente habilidosos, apaixonados e talentosos, mas com moral duvidosa, em última análise", antecipa ele.
Já o alvo, explica o ator, agora é apontado para "esse tipo de multibilionário da tecnologia" que "manipulam os políticos com os cordões da bolsa ou algo assim". "Coisas aconteceram no mundo real que pareciam espelhar algumas das coisas que estavam acontecendo na série", sugere. "Sinto que é isso que a grande televisão ou o grande cinema faz."
Sem um personagem na televisão desde "Birdsong", em 2012, ele não sabe explicar exatamente o que o trouxe de volta, para além de o quanto desejou fazer a série. "Gostaria que houvesse algum tipo de estratégia envolvida na maneira como escolho meus trabalhos, mas a verdade é que é sempre instintivo", afirma.
Leu o roteiro dos três primeiros episódios e se convenceu. "Parecia fresco e novo, mas mantinha todas aquelas qualidades analógicas que eu amava do original", compara. "É o tipo de televisão que adoro assistir, que me mantém na ponta do assento. E também parecia diferente de qualquer outro personagem que eu já havia interpretado."
Além disso, diz, queria saber o que aconteceria a partir do quarto episódio. As gravações duraram nove meses e passaram por países como Áustria, Croácia, Inglaterra e Hungria. "Parecia que estávamos rodando dois filmes, muitas vezes eu estava na Croácia com uma equipe, enquanto a Lashana estava em Londres com outra", conta.
E, claro, havia o Chacal. Para realizar suas missões, o personagem se disfarça e usa múltiplas identidades, o que ampliou o desafio. Seu rosto foi escaneado em 3D para que próteses fossem produzidas para, em conjunto com a maquiagem, transformá-lo de várias maneiras. Já o figurino incluiu diversos trajes que modificavam suas formas. "Isso teve um efeito dominó sobre a fisicalidade dele", comenta.
O maior desafio, no entanto, foi lidar com o fato de que não sabia como a história iria se desenrolar até o fim da temporada. "Você é forçado a interpretar o momento, porque você não sabe exatamente qual é o arco", analisa. "Mas isso também parecia muito adequado para o personagem. O Chacal é alguém que vai sempre improvisar e se adaptar."