Cinema e Séries

Christina Ricci tentou ser sexy, engraçada e polêmica até encontrar a si mesma

Aos 42 anos, ex-atriz mirim volta como 'esquisitona' na série 'Yellowjackets'

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Thessaly La Force
Los Angeles

Christina Ricci sabia que existiam grandes papéis à sua espera. Mas que teria de esperar até que a idade certa chegasse. Não a velhice –só a maturidade. Uma idade que permitisse que ela deixasse de ser julgada por o quanto é, ou não é, sexy. Idade suficiente para que os homens na sala não pensassem sobre ela daquele jeito.

Isso aconteceu no começo da década de 2000. Ricci tinha pouco mais de 20 anos e já era uma verdadeira estrela de cinema. Poucos anos antes, com longas madeixas louras e bochechas rosadas, ela tinha interpretado Katrina Van Tassel, contracenando com Johnny Depp em "A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça", de Tim Burton. Já tinha apresentado "Saturday Night Live" e sido entrevistada em talk shows. Enfeitou a capa de revistas importantes. Ricci era uma atriz ambiciosa. Queria construir uma carreira duradoura.

Mas aquele era também o período das comédias românticas, quando atrizes como Kate Hudson, Rachel McAdams, Jennifer Aniston e Jennifer Love Hewitt dominavam as telas. Será que Ricci era capaz de ser um pouco mais parecida com elas? Mais... feminina, sabe? Alguém com quem o público se identificasse. Alguém com quem as pessoas rissem. Amigável. A garota da casa ao lado. Tudo isso sem deixar de ser sexy, claro –mas com um gume um pouquinho menos afiado. Sem aquele lado sombrio, gótico. Ela era bonitinha quando mais nova, mas sempre chega a hora de crescer, não é?

Alguns dos filmes que a atriz fez nesse período –"O Preço do Sucesso" e "O Encontro", especificamente– foram fracassos de bilheteria. Tudo bem fazer uma ou duas bombas, mas no cinema é preciso cuidado. A irrelevância está sempre à espera.

Isso tudo alimentou a insegurança e tornou a atriz impressionável. As opiniões de outras pessoas sobre que roteiros ela deveria escolher e quem ela deveria ser passaram a importar mais do que deveriam.

Por isso, ela começou a procurar trabalho exibindo uma nova versão de si mesma –uma pessoa mais acessível, divertida, normal. Mas lhe disseram que o seu look era específico demais. Ricci começou a questionar se tinha o necessário para ser uma estrela, uma protagonista. Sempre que ela encarava a câmera e dizia "eu te amo", a sensação era de que sua interpretação não convencia.

"Quando me vejo tentando parecer assustada diante da câmera", ela disse, "minha impressão é de que sempre sou blasé demais com relação à situação toda".

Agora Ricci, 42, está interpretando a aterrorizante enfermeira Misty Quigley, dona de um papagaio de estimação chamado Calígula, e uma mulher que sabe como fazer um cadáver desaparecer. Ela é parte de um elenco notável em "Yellowjackets", do canal Showtime (no Brasil disponível no Paramount+), que estreou no final do ano passado e não demorou a se tornar um dos maiores sucessos da rede. A série se alterna entre 1996 e o presente, e conta a história de um time de futebol feminino de uma escola de segundo grau cujo avião sofre um acidente, a caminho de um torneio nacional, e cai em uma região inóspita do Canadá. As integrantes do time sobrevivem por 19 meses antes de serem resgatadas, e durante o período é possível que tenham recorrido ao canibalismo.

Um dos motivos para que ela tenha se apaixonado pelo papel foi o fato de que não havia necessidade de fingir. "Quando interpreto Misty", ela disse, com um sorriso, "nunca preciso expressar aquelas emoções irritantes".

A personagem dela é uma menina de óculos e cabelos cacheados que cuida do equipamento do time, e não tem o carisma das atletas populares que a cercam. Ricci a interpreta como uma esquisitona repleta de agressão passiva, com uma vozinha melosa ao ponto de ser enjoativa, mas ao mesmo tempo ela carrega uma dose alarmante de hostilidade. De uma coisa é possível ter certeza: ela não é a namoradinha da América.

CELEBRIDADE AOS 10 ANOS

Ricci me explicou tudo isso em uma manhã recente, em uma caminhada que fizemos até o Observatório Griffith, em Los Angeles; os passos dela pela trilha de terra eram largos e decididos. O rosto da atriz estava encoberto por grandes óculos escuros e, como todas as pessoas que percorriam a trilha, ela usava roupas esportivas. Quando ela se deteve para acariciar um cachorro amistoso, o dono pegou o celular para tirar uma foto.

Perguntei a Ricci se as pessoas a reconheciam o tempo todo, e ela deu de ombros, de um jeito que só uma pessoa que foi famosa a vida inteira faria.

O histórico profissional de Ricci é longo. Ela nunca deixou de trabalhar, e fez filmes e séries de TV (às vezes mais de um por ano) desde que começou a atuar, ainda na infância. Ela interpretou a herdeira que é vítima de uma maldição e ganha um focinho de porco em "Penelope"; uma garota rica que se apaixona por um deficiente físico em "Meu Namorado Pumpkin"; Zelda Fitzgerald, em "Z: The Beginning of Everything"; a escritora Elizabeth Wurtzel, em "Geração Prozac"; uma trapaceira em "Miranda"; uma maníaca homicida em "The Lizzie Borden Chronicles"; um lápis de cera amarelo em "The Hero of Color City"; e uma advogada em "Ally McBeal", entre muitos outros trabalhos.

Aos 10 anos, Ricci já era uma celebridade. Ela estreou no cinema trabalhando ao lado de Cher e Wynona Ryder em "Minha Mãe É Uma Sereia", em 1990. Um ano mais tarde, interpretou Wednesday (Vandinha) Addams em "A Família Addams" (a personagem está sendo retomada em uma série em produção para a Netflix, na qual Ricci é parte do elenco). A atriz deixou uma impressão forte com seu trabalho no filme, como uma garotinha precoce e de aparência angelical, mas propensa ao sadismo e ao sarcasmo mais cortante. Apesar das tendências sociopatas da personagem, havia uma inocência no trabalho de Ricci que fazia com que todo mundo se encantasse com Wednesday.

Na vida real, ela é igualmente inteligente e charmosa. A mídia amava sua confiança e sua falta de interesse por papéis dirigidos a adultos. Quando ela chegou aos 15 anos, Ricci já tinha feito oito filmes, entre os quais grandes sucessos como "Gasparzinho, o Fantasminha Camarada" e "Now and Then: O Segredo que Nos Une".

Poucos anos mais tarde, ela começou a aparecer em filmes independentes e dramáticos: "Tempestade de Gelo", "Buffalo’66", e "O Oposto do Sexo". Em todos esses filmes, ela interpretava personagens menos inocentes, meninas adolescentes que testavam os limites dos adultos que as cercavam, jovens precoces e inconformistas.

O corpo da atriz –sempre exposto ao olhar e ao julgamento do planeta– também tinha mudado. Ela passou a ter seios e quadris. Aos 19 anos, fez uma cirurgia de redução de seios, porque não suportava a maneira pela qual as pessoas falavam de seu corpo. Poucos anos antes, ela começou a sofrer de um distúrbio alimentar. A ansiedade se tornou companhia constante para Ricci. Desconfortável com a atenção que recebia, ela começou a extravasar na mídia, fazendo declarações hiperbólicas e provocativas em entrevistas, entre as quais uma brincadeira com relação a incesto diante de um repórter que queria conversar sobre o caso de amor entre um irmão e uma irmã em "Les Enfants Terribles", de Jean Cocteau, depois que Ricci expressou seu apreço pelo romance durante uma entrevista. Hoje ela acredita que esse posicionamento agressivo lhe custou papéis.

Conduzir sua carreira foi um desafio, nas duas décadas seguintes. Não que ela tenha tido azar. Oportunidades incríveis continuavam surgindo. Ricci trabalhou com diretores como Wes Craven, John Waters, Lana Wachowski e Woody Allen.

Mas a pressão se tornou intensa demais. Por isso, ela deixou de se preocupar com que papéis conseguia e não conseguia, disse a atriz. Perdeu o apego emocional ao seu trabalho. Sentir paixão pelos filmes que fazia se tornou difícil. Ela não se queixa; afinal, faz parte da vida de todo ator ouvir "não". Mas ainda assim as rejeições nunca deixaram de machucar. Para lidar com o problema, Ricci começou a dizer a si mesma que nada daquilo –o mundo, o set– era real.

"Eu costumava repetir sem parar, para mim mesma, que ‘você não existe’", disse Ricci.

O MOMENTO DA VIRADA

Se existe um fio condutor, um caminho para compreender como Ricci conseguiu se orientar em uma indústria dominada por homens e ocasionalmente desprovida de imaginação, ela aponta para sua decisão de fazer "Monster - Desejo Assassino", em 2003. No ano anterior, ela tinha lido o roteiro de Patty Jenkins, e amou a história. Ela se reuniu com Jenkins e Charlize Theron, que tinha assinado para interpretar o papel principal, o de Aileen Wuornos.

O filme conta a história real de Wuornos, prostituta e assassina serial da Flórida que roubou e assassinou diversos de seus clientes. Jenkins e Theron queriam que Ricci interpretasse Selby Wall, a namorada de Wuornos. As duas explicaram que não planejavam fazer um filme provocante. A visão delas seria grotesca e impiedosa. Ricci queria aceitar o convite. Mas algumas das pessoas em sua equipe achavam que dizer sim poderia ser um erro. O visual da personagem era feio demais. E ela seria uma pessoa repulsiva. Não haveria como voltar atrás, se ela aceitasse.

Ricci fez o filme, mesmo assim. Ela se preocupou, é claro. Na época, havia um caminho predeterminado para se tornar estrela de cinema, e ela queria a orientação das pessoas que sabiam como chegar lá. "Monster - Desejo Assassino" representava um desvio quanto a esse caminho.

No entanto, o filme foi um grande sucesso comercial e de crítica. O relacionamento entre Wall e Wuornos é tão tortuoso, e o que acontece é tão horrível, que é impossível desviar os olhos da tela. Quando Theron conquistou o Oscar como melhor atriz em 2004, ela agradeceu sua colega de elenco e a definiu como seu "par romântico", declarando que "você com certeza é a verdadeira heroína secreta do filme".

Jenkins se recorda de que Ricci "sabia que estava interpretando o papel de forma a possibilitar o sucesso de outra atriz. É uma coisa muito corajosa a fazer, para uma mulher jovem".

Ainda que o trabalho de Ricci tenha recebido menos atenção do que o de Theron, ela encarou a experiência como uma lição sobre confiar em seus instintos. E que uma indústria obcecada por precedentes talvez nem sempre colocasse em primeiro lugar os interesses dela. E que nada havia de errado com a pessoa que ela era.

"Quando as pessoas pedem constantemente que você mude, elas sentem o efeito que isso causa", disse Ricci. "Sentem a insegurança, e por isso nunca compram aquilo que você está vendendo. Quanto mais eu tentava mudar e ser uma pessoa diferente, em público, mais as coisas pareciam falsas e confusas, acho".

"Quando eu tinha 20 anos, tinha medo de ir ao correio, porque não sabia como uma agência do correio funcionava", recordou Ricci. Estávamos jantando no Nobu Malibu, um restaurante com vista para o mar. "Uma menina com quem eu dividia o apartamento me levou, e me lembro de pensar que não queria que houvesse coisas na vida que eu não sabia fazer por ser uma celebridade. Sempre tentei viver da maneira mais normal possível".

Ricci estava de vestido xadrez azul e botas de cano baixo, mas, por causa do frio, ela pediu uma manta ao pessoal do restaurante, e se envolveu nela. O lugar estava lotado. Uma mulher a chamou pelo nome e acenou, caminhando até nossa mesa. Era a mãe de uma criança que estuda com o filho mais velho de Ricci. As duas tiveram uma conversa do tipo que só mães podem ter –a intimidade delas existe em função de um momento na vida no qual você forma novas amizades por causa de seus filhos.

"No momento em que ela cruzou aquela linha, isso a diferenciou"

Em 2014, Ricci teve seu primeiro filho, Frederick Heerdegen. Na época, ela estava casada com James Heerdegen, operador de câmera e diretor de fotografia que ela conheceu no set da série "Pan Am". Em 2021, a revista People publicou um artigo no qual informava que Ricci havia obtido uma liminar por violência doméstica contra Heerdegen. Ele nega que tenha cometido qualquer abuso físico contra ela. Os dois estão divorciados.

No ano passado, ela se casou com o cabeleireiro Mark Hampton, que trabalha na indústria da moda e com celebridades. Os dois têm uma filha, Cleopatra Ricci Hampton. Ser mãe levou a atriz a mudar de maneira profunda.

"Antes de ter meu primeiro filho, eu era bem niilista", disse Ricci. "Não sabia que tinha a capacidade de amar alguém tão profundamente. Quando isso acontece, uma porta se abre. De repente, comecei a ter sentimentos sobre tudo".

Quando mencionei a hipótese de que algumas das mudanças em sua carreira e sua vida talvez também pudessem ser atribuídas ao final de um casamento conflituoso, e ao fato de que ela voltou a se apaixonar, Ricci não discordou.

"Aquela experiência, embora eu com certeza pudesse ter vivido sem ela, me tornou uma atriz melhor, de muitas maneiras", ela disse.

Em 2017, Ricci começou a participar do circuito de convenções, fazendo participações em eventos como a Comic Con. Atores participam desse tipo de evento quando têm papéis em filmes e séries da Marvel, por exemplo. Ou se estrelaram filmes da década de 1990 que se tornaram cult, como Ricci fez. As convenções são menos glamorosas do que os eventos de tapete vermelho ou as cerimônias de premiação de Hollywood, mas são lucrativas, e criam oportunidades de contato com fãs influentes.

Para sua surpresa, Ricci descobriu que seu contato com os fãs nesse tipo de evento significa alguma coisa especial. Ela passou a encontrar muitas pessoas que tinham crescido acompanhando seu trabalho, e a amavam desde antes de ela começar a tentar se forçar a ser alguém que nunca foi. Ela foi capaz de se ver –de ver seu eu mais autêntico– pelos olhos dos fãs, e ao fazê-lo começou uma vez mais a perceber seu valor como artista.

A experiência a levou a querer fazer projetos que lhe propiciassem a mesma sensação, disse Ricci. Que parecessem fiéis à pessoa que ela é. A atriz decidiu mudar de empresário, de agente de imprensa e mais, mantendo apenas seu agente de televisão.

Quando perguntei sobre que papéis refletiam essa transição, ela parou para pensar e respondeu: "Eu diria que Misty, na verdade".

Ricci gosta da raiva de Misty. Gosta da ideia de que ela sempre foi descartada, sempre foi colocada à margem, mas mesmo assim se recusa a desaparecer. E de que ela transforma em arma a sua falta de sex appeal.

"Misty começou como uma personagem que só quer se conectar com as pessoas, mas é incapaz disso", disse Bart Nickerson, que escreveu "Yellowjackets" com sua parceira, Ashley Lyle. "Qual é a versão mais extrema daquela pessoa? Até que ponto ela pode ser distorcida, traumática? Até onde uma pessoa como aquela irá para ser vista ou compreendida?"

Melanie Lynskey, uma das colegas de elenco de Ricci em "Yellowjackets", disse que "Christina faz muitas coisas bem esquisitas, e boas demais, com Misty. Ela encontra o caminho para ser alguém que irrita demais os amigos e colegas, mas, ainda assim, no retrato que Christina pinta sobre aquilo, não há como desviar os olhos dela. Há muito trabalho físico na interpretação dela, como aquele andarzinho estranho que ela faz. Ou sua risadinha nervosa, ou a maneira enervante pela qual ela olha as pessoas nos olhos. Ela não é assim na vida real".

Nickerson disse que o que lhe parece mais convincente na interpretação de Ricci é que "ela sabe como chegar ao fundo da escuridão de Misty".

"Não é como se ela fosse Wednesday Addams", ele disse. "A mesma facilidade de transformação estava em exposição naquele momento e continua em exposição agora. Mas são duas situações muito distintas, que só o desempenho dela une".

Falei a Ricci de uma teoria que tenho. A de que "Yellowjackets" deve seu sucesso, em parte, à gama de histórias femininas que conta. Que as emoções que ela e suas colegas de elenco (entre as quais Lynskey, Juliette Lewis e Tawny Cypress) retratam e os desafios que elas encontram são retratos fieis da experiência feminina, e que essa verdade embasa o drama da série. As mulheres da história podem ser ferozmente competitivas, inseguras e violentas. São egoístas e trapaceiras. Algumas delas –em seus piores momentos– são capazes de matar.

Mas também são ternas e amorosas. São personagens que oferecem um senso de vida interior, cujas necessidades e desejos nos parecem verdadeiros. Elas têm poder de agência. E isso é tanto fascinante de assistir quanto ameaçador. Personagens masculinos existem, mas servem só para levar a trama adiante (e alguns deles –"spoiler alert"– terminam mortos). Isso é raro na televisão –mais raro do que você talvez imagine.

"É verdade!", disse Ricci. "Conversamos sobre o fato de que o elenco era quase todo feminino, o que é divertido. E, sem querer generalizar, havia menos ego no set".

Ricci estava grávida durante as gravações, e as jornadas longas a deixavam exausta. Mas ela contou às colegas de elenco sobre a gravidez logo no começo, para ajudar a reforçar a camaradagem.

"A verdade é que Christina sempre foi mais uma artista que uma mocinha de novela", disse Jenkins. "Ela teve de batalhar muito mais do que é normal para poder ser seu eu autêntico, mas a ironia é que, no momento em que que ela cruzou aquela linha, isso serviu para diferenciá-la. As pessoas que dependem da aparência e de suas qualidades mais atrativas quando são jovens não têm muito a que recorrer quando envelhecem".

"Christina, por ser uma pessoa tão complexa e interessante, tem um imenso reservatório do qual extrair material pelo resto de sua carreira".

O que quer que Ricci tenha como atriz –um senso profundo de transgressão, a capacidade de fazer com que os espectadores torçam por seus personagens por mais danificados e horrendos que sejam— é uma qualidade rara.

Ricci, que no futuro gostaria de se transferir para o outro lado das câmeras, como diretora, encara as coisas em modo contemplativo.

"Eu estava disposta a mudar ou a fazer qualquer coisa para transformar minha carreira em sucesso", ela disse. "Imaginei que, se conseguisse enganar todo mundo, chegaria um momento em que eu teria poder suficiente para fazer o trabalho que queria, e eu ficaria bem, mas as coisas não funcionaram assim. Não consegui mudar aquilo que sou".

Tradução de Paulo Migliacci