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Com Larissa Manoela, 'Lulli' chega à Netflix com leveza em temas polêmicos

Longa aborda empatia, feminismo, homofobia e até diferenças sociais

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São Paulo

A atriz Larissa Manoela, 20, é a protagonista de "Lulli", novo filme da Netflix que será lançado oficialmente neste 26 de dezembro. A obra é uma comédia leve, com temática jovem, mas que aborda de maneira discreta temas polêmicos como homofobia, feminismo e diferenças entre classes sociais.

Larissa interpreta a garota que dá nome ao filme, uma estudante de medicina que leva um choque em um equipamento de ressonância magnética durante um estágio no hospital universitário. Após o acidente, ela passa a contar com um estranho superpoder: o de ouvir o pensamento das outras pessoas.

Antes de adquirir essa capacidade, Lulli era criticada pelas pessoas de seu entorno justamente por não escutar o que elas diziam. E, após o choque, ela consegue entender melhor os desejos e as necessidades dos outros.

"Essa é a maior lição que eu quero que as pessoas tirem. A gente não precisa tomar um choque numa máquina de ressonância para entender que precisamos ouvir o outro", diz a atriz, que considera que há um problema de falta de diálogo na sociedade atual.

Na trama, Lulli é a melhor amiga de Vanessa, personagem que é interpretada pela atriz Amanda de Godoi. Durante boa parte da história, Vanessa tem uma rivalidade com Elena (Yara Charry), colega de faculdade das duas, já que elas têm interesse em Ricardo (Nicolas Ahnert).

No decorrer do filme, Vanessa e Elena decidem parar de brigar pelo rapaz e se tornam amigas. Elena diz que não quer ser rival da colega e que elas devem ter sororidade, que é a união entre mulheres.

"[É importante] a gente entender o que é sororidade na prática. Temos ouvido muitos discursos [sobre isso] e aplicar na prática não é tão fácil. Eu falo pela questão da Vanessa, porque eu imagino na cabeça dela, ela sabendo exatamente o que é o feminismo, o que é sororidade, mas está a fim de um cara, que é desejado por outra menina também. É nesse momento mais difícil de colocar o seu discurso em prática que a gente consegue evoluir o nosso pensamento", comenta Amanda de Godoi.

Outro tema delicado tratado no filme é a homofobia. Julio (Sérgio Malheiros), de quem Lulli foi namorada na adolescência, é um jogador de vôlei com futuro promissor que se recusa a assumir publicamente sua homossexualidade por causa do medo de que isso possa prejudicar sua carreira no esporte.

O filme foi gravado entre outubro e dezembro de 2020. Antes, portanto, das polêmicas envolvendo o jogador da seleção brasileira de vôlei Maurício Souza, que foi demitido do Minas Tênis Clube após fazer postagens homofóbicas em suas redes sociais. "É muito curioso esse fato de como a arte e a vida realmente estão caminhando juntas", diz Godoi.

A trama também dá destaque a questões de classe social. Lulli veio de uma família de classe média, perdeu o pai ainda na infância e, na escola, sofria bullying por causa disso. O namorado dela, Diego (Vinícius Redd), é filho de um conceituado cirurgião (interpretado pelo veterano Guilherme Fontes), que trata com desdém os profissionais que atuam no setor público. Quando Lulli diz que todas as vidas têm o mesmo valor, o sogro responde, ironicamente, que ela é uma "idealista".

"É essencial a gente falar e ter espaço para falar mundialmente sobre causas tão importantes. O filme é leve, emociona, faz dar risada, mas, ao mesmo tempo, aborda assuntos muito importantes que estão cada vez mais conquistando espaço", comenta Larissa, que diz ter feito workshops e preparações para se aproximar do mundo dos médicos residentes.

As atrizes também comentaram sobre o fato de o filme abordar um ambiente médico e ser veiculado ainda durante a pandemia. "Acho muito legal [abordar] a importância da medicina como geral. A gente ia começar [a filmar] antes da pandemia, mas acho que todo mundo ter passado por esse momento mudou totalmente o significado do filme", afirma Godoi.

"Agora existe um novo consciente coletivo em relação à importância não só dos médicos, mas de todos os profissionais que estão trabalhando na área da saúde", continua ela. "Existe um respeito muito maior agora. A sociedade só está podendo voltar ao normal agora por causa dos médicos, por causa da vacina, por causa da ciência".

Questionadas se gostariam de adquirir o poder de ouvir pensamentos, as atrizes divergem. "Eu não seria capaz. Eu não consigo lidar nem com os meus pensamentos, porque minha cabeça não para", diz Larissa.
Amanda, por outro lado, admite que gostaria de ter essa habilidade.

"Eu adoraria. Às vezes a gente tem uma intuição de alguma coisa e, na nossa cabeça, é muito verdade. Mas muitas vezes estamos viajando. Então, eu queria ter esse poder só para tirar uma dúvida se a minha intuição está certa ou se é uma viagem", diz. Por outro lado, ela confessa que não gostaria que outras pessoas pudessem saber o que ela está pensando.