Filipe Bragança elege 'Dom' seu trabalho mais complexo: 'Série ambiciosa'
Produção brasileira estreia no streaming da Amazon nesta sexta
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Com apenas 20 anos, o ator e cantor Filipe Bragança, que fez sua estreia na TV no remake de "Chiquititas" (SBT, 2013-2015), vai estrear na próxima sexta-feira (4) seu trabalho mais complexo até agora. “Nunca estive em um set tão grande", afirma ele sobre “Dom”, nova série da Amazon Prime Video.
Bragança interpretará a versão jovem de Victor Dantas, que vive na década de 70. Victor é pai do traficante Pedro Dom (Gabriel Leone) e, em sua fase adulta será interpretado pelo ator Flávio Tolezani. “Basicamente, eu sou o pai do Gabriel Leone”, brinca o artista em entrevista ao F5.
Com direção de Breno Silva, que esteve em “2 Filhos de Francisco” (2005), a série nacional conta a história real de Pedro Machado Lomba Neto, conhecido como Pedro Dom (1981-2005) e membro de uma facção criminosa, e da relação dele com seu pai, que era policial. Para Bragança, a série apresenta “uma discussão sobre como a vida de um pai pode influenciar a vida de um filho.”
Ele afirma que a trama terá “muita discussão sobre alguns problemas nossos, que temos aqui no nosso Brasilzão. Alguns problemas de muito tempo”. A história vai se passar nas décadas de 1970 e 2000, “são problemas com os quais lidamos até hoje”, completa.
As gravações foram feitas entre o final de 2019 e o início de 2020. “Foi uma das melhores experiências da minha vida”, classifica o cantor. “Estou orgulhoso da série e pelo que ela representa enquanto parte do audiovisual brasileiro. É uma produção muito ambiciosa com muita gente talentosa”, diz. "As cenas são muito complexas e meu personagem tem muitas cenas de ação."
O elenco fez filmagens em praias do Nordeste e, sem querer dar “spoilers”, ele diz que o público pode esperar por “muitas cenas de ação no mar, cenas de percurso e umas loucuras”. Sobre seu personagem, o ator diz que mostra “um caminho que ele [Victor Dantas] percorre para mostrar porque quis se tornar policial e como ele poderia ter se tornado algo muito mais parecido com o destino de Pedro.”
Além da estreia de “Dom” o artista está na produção de um filme de animação 100% nacional. “Bem ao estilo Pixar”, explica ele. Para o ator, foi uma experiência nova, já que ele nunca havia trabalhado com dublagens.
“Tem o estilo infanto-juvenil, mas tem toda uma discussão mais séria e mais madura”, afirma Bragança. “Tive a sorte e o privilégio de poder trabalhar com isso nesse momento”, completa sobre o longa, que tem direção de Humberto Avelar, em meio à pandemia.
Para além dos projetos, o artista afirma que sente muita falta de ir ao cinema e ao teatro nesse período de quarentena e isolamento social. “Toda semana eu ia ao cinema, nem que fosse sozinho”, relembra. “Cresci assistindo a filmes, séries e indo ao teatro.”
"Minha mãe é atriz e meu pai é bailarino, hoje não dança mais profissionalmente, mas ele é professor”, explica ele, que diz ter tido a arte sempre presente em sua vida. Ele conta que essa influência dos pais ajudou para entendesse que queria ser ator e decidisse de dedicar a música.
“Sempre tive uma maturidade de entender que era aquilo ali [atuar] que eu queria fazer”, afirma. “Quando me mudei para São Paulo, justamente por ‘Chiquititas’, comecei a investir mais [na música].”
“Sempre fiz balé, desde criança. Quando mudei para São Paulo comecei a aprender violão e a fazer aula de canto”. O artista conta que aprendeu a tocar piano, e diz: “já toco, modéstia parte, muito bem! Gosto muito.” Para ele, “se cada ser humano aprendesse a tocar um instrumento, todo mundo seria mais feliz.”
Bragança vê sua trajetória como algo muito natural e diz que, a cada trabalho, agrega mais bagagem para projetos maiores. “Em 2017, fiz o ‘Les Misérables’, um musical da Broadway. Foi uma produção estrangeira que veio para o Brasil, e era algo muito complexo. Então consegui aprender o suficiente e aprimorar minhas ferramentas musicais para participar de algo tão grande quanto isso”, explica.
SOMOS POLÍTICOS
Mas a responsabilidade do ator não está apenas em seu trabalho, destaca ele, que aponta também uma responsabilidade política em sua profissão. “Sou um ator e cidadão brasileiro, e nós, enquanto cidadãos, somos políticos, não preciso ter um cargo político para ser político”, reflete.
“Tento me dedicar muito, leio muita coisa sobre política, assisto muita coisa, sobre diversos temas da sociedade”, conta, “posto muito no Instagram, tento discutir sobre isso. Primeiro, que eu não me aguento, mas também porque acho importante, faz parte do meu trabalho.”
“Temos que nos dedicar mesmo para melhorar o debate. Especialmente hoje, é algo totalmente diferente, o que está acontecendo. Existem coisas muito graves, como ataques à democracia e a tudo que é diferente”, afirma ele, que também destaca o "momento esquisito” que passa a classe artística.
“As pessoas estão morrendo então não podemos filmar, viver nossa vida normal como se nada tivesse acontecendo”, afirma. “Devido à pandemia e à irresponsabilidade dos gestores, federais e estaduais, enfim, de todos, não conseguimos controlar esse troço que é essa pandemia”, completa.
“Mas penso que, como sempre, as pessoas estão aprendendo algumas coisas. Se não sairmos melhor disso, aí eu não sei. Aí eu desisto e vou para Marte”, brinca.
Mas Bragança se mostra otimista: “Tenho certeza que nós, atores e artistas do Brasil, quando pudermos produzir de verdade de novo, ir ao teatro contar histórias como queremos contar, estaremos com muito gás e energia acumulada”, afirma. “Tende a ser um momento bonito quando tudo isso passar.”