Cinema e Séries

Novo 'O Rei Leão' foi produzido em realidade virtual com tecnologia inédita

Diretor buscou 'a ilusão de ser um documentário naturalista'

Andrew Marszal
Los Angeles

As adaptações de suas animações clássicas em 'live-action' deram à Disney uma série de sucessos de bilheteria nos últimos anos, como "Mogli: Entre Dois Mundos" (2018) ou os recentes "Dumbo" e "Aladdin". Mas a nova versão de "O Rei Leão" representa uma aposta ainda maior.

Com um orçamento de US$ 250 milhões (mais de R$ 900 milhões) e um impressionante elenco de vozes incluindo Beyoncé, as expectativas são grandes para este filme que volta a contar a história de Simba, um jovem leão que deverá vingar a morte de seu pai para se tornar o rei da savana africana.

Em novembro, o trailer da produção foi visto 225 milhões de vezes nas primeiras 24 horas, um número recorde para a Disney. 

O filme, que estreia na quinta-feira (18) nos cinemas brasileiros, foi quase inteiramente gerado por computador. No entanto, este "O Rei Leão" não é um filme de animação 3D convencional. 

Segundo seu diretor, Jon Favreau, uma nova técnica foi usada no filme: foi filmado por uma equipe tradicional de técnicos, mas que trabalhou em um mundo virtual em três dimensões. 

O processo exigiu que os produtores e atores utilizassem capacetes de realidade virtual para "entrar" em uma savana artificial, como num videogame, para filmar cenas ou apenas olhar versões brutas das aventuras de Simba e seus amigos.

"A equipe colocava seus capacetes, explorava o meio ambiente e podia instalar as câmeras dentro da realidade virtual", disse Favreau a repórteres em uma entrevista coletiva na quarta-feira em Beverly Hills.

 

Este método encantou JD McCrary, que empresta sua voz ao jovem Simba no início do filme.

"Colocávamos os capacetes e tínhamos uma espécie de controle remoto nas mãos", relatou o ator. "Podíamos ver tudo, as terras do reino, a pedra do rei. Eu vi tudo, foi ótimo".

Para trabalhar em um set de filmagens virtuais, não é necessário nenhum conhecimento específico sobre efeitos visuais. Desta forma, técnicos sem experiência nessa área puderam trabalhar e contribuir com seu conhecimento tradicional neste filme.

Essa imersão na realidade virtual permitiu que técnicos e roteiristas visualizassem o filme durante a  filmagem e fizessem ajustes, como de iluminação, diretamente.

Em seguida, as imagens geradas foram enviadas para Londres, para a empresa de efeitos visuais MPC, onde foram processadas para a finalização.

INSPIRADO POR DOCUMENTÁRIOS

O filme também foi inspirado por documentários do famoso cineasta britânico David Attenborough (de "The Penguin King, 2012, e "Azul Profundo", 2003), que fez com que a natureza fosse admirada por milhões de pessoas em todo o mundo.

Desde o início, o remake procura chamar a atenção do público com impressionantes "cenas" de antílopes e zebras galopando pela savana.  Ao contrário do desenho original, os rostos dos animais nesta nova versão são realistas e não se assemelham aos dos humanos.

Para Favreau, é importante que o filme dê "a ilusão de ser um documentário naturalista". "Vimos (...) todos os documentários de Attenborough na BBC e (vimos como) a emoção poderia ser expressa sem representação humana", explicou. 

Outra ruptura com a tradição: os atores que emprestaram suas vozes aos personagens, e que geralmente falam sozinhos em cabines, gravaram juntos no palco, o que lhes permitiu improvisar. Foi assim que a célebre cena em que Simba aprende a filosofia de "Hakuna Matata" foi recriada.

Seth Rogen, a voz do javali Pumba, achou "incrível" que lhe pediram para improvisar "no que é provavelmente o filme mais incrível, tecnologicamente falando". 

O remake do sucesso de 1994 segue meticulosamente a história do primeiro filme e até James Earl Jones retorna como a voz do pai de Simba, Mufasa. As músicas "Círculo Sem Sim" e "O que eu Quero Mais É Ser Rei" voltam iguais.

Os compositores Hans Zimmer e Lebo Morake voltaram a trabalhar juntos, e Elton John e o letrista Tim Rice fizeram uma nova música.

AFP