Cinema e Séries

Hebe ganha homenagem de Andréa Beltrão e equipe de seu filme no dia em que faria 90 anos

'Hebe - A Estrela do Brasil' deve estrear em agosto deste ano

Andréa Beltrão como a apresentadora Hebe Camargo no filme "Hebe - A Estrela do Brasil" - Divulgação
São Paulo

A equipe do filme “Hebe - A Estrela do Brasil”, que chega aos cinemas em agosto, resolveu homenagear a apresentadora na última sexta-feira (8), dia em que ela faria 90 anos, com a exibição do primeiro trailer do longa-metragem.

O local escolhido não poderia ser melhor: a mansão no bairro do Morumbi, em São Paulo, onde a loira viveu seus últimos anos —ela morreu em 2012. Nascida em 8 de março de 1929, a maior apresentadora de TV que este país já teve fazia aniversário no Dia Internacional da Mulher.

A ocasião contou com a presença da atriz Andréa Beltrão, que vive Hebe Camargo no filme e também em outra produção, uma série em dez capítulos já gravada para a Globo. Ao lado de Beltrão estavam a roteirista, Carolina Kotscho, o diretor, Maurício Farias, e também Cláudio Pessutti, sobrinho e agente de Hebe, que mora na bela residência construída pela apresentadora, até hoje preservada da forma como ela a deixou.

O filme faz um recorte da vida de Hebe na década de 1980, com declarações e acontecimentos que ocorreram entre 1982 e 1987. “Um filme é sempre uma interpretação, uma visão sobre a história de cada um”, diz o diretor Maurício Farias. E completa: “Um filme não é uma vida, é uma síntese. Mas a gente não queria inventar uma Hebe. Acho bom que pareça verdadeiro”.

Para Farias, é instigante poder levar ao público a intimidade daquela figura pública, um lado que as pessoas mal conheciam. “O mais interessante do filme é representar o que ninguém viu. Se for para reproduzir uma cena que está no YouTube, a Hebe real ganha da gente”, brinca.

O trailer dá a dimensão de uma vida doméstica que não combinava com a festa e o glamour promovidos por Hebe diante das câmeras. Interpretado por Marco Ricca, Lélio Ravagnani aparece como marido ciumento e até agressivo, em algumas ocasiões, como na cena em que ele atira uma garrafa contra um televisor.

O elenco conta também com Danton Mello, que interpreta o sobrinho Cláudio, e Caio Horowicz, como o único filho da apresentadora, Marcello Camargo. Temos, ainda, Gabriel Braga Nunes como o primeiro marido de Hebe, Décio Capuano, Cláudia Missura como Nair Bello, grande amiga da apresentadora, e Daniel Boaventura como Silvio Santos. Stella Miranda faz Dercy Gonçalves e Felipe Rocha vive o cantor Roberto Carlos.

Por mais que tenha usado roupas, joias e sapatos da apresentadora, Andréa Beltrão assegura que não é do tipo de atriz que “incorpora” outra pessoa. “É uma interpretação, não é uma imitação. Estudei a maneira como ela falava com a Íris Gomes, uma craque em prosódia. Teve uma longa caracterização. Eu não tenho nem metade do que a Hebe tinha de cabelo”, diz.

A atriz conta que se surpreendeu durante a gravação de cenas que reproduziam um programa de auditório. Na sequência, que contou com a participação de mais de 300 figurantes, ela foi tratada como se fosse a própria Hebe. “Ela era uma pessoa solar e, embora eu goste do sol, não sou de me abrir assim para o abraço, como ela fazia. Eu gosto de ficar mais invisível”, revela Beltrão.

Com parcerias entre FOX, Warner, Globo Filmes e Loma Filmes, produtora de Carolina, o filme mostra ainda as contradições entre a profissional arrojada e a esposa às vezes reprimida, enaltecendo posições transgressoras em questões como homossexualidade e aborto. Essa faceta também promete aparecer na minissérie e, ainda, nos depoimentos de um documentário.

“A Hebe não é de esquerda, nem de direita: a Hebe é direta”, diz Andréa Beltrão no papel da apresentadora, em cena do trailer do longa, já disponível no YouTube.

JOIAS EM POCHETE

Um segredo que a roteirista Carolina Kotscho só agora revela diz respeito às famosas joias de Hebe Camargo. “É claro que a gente não poderia falar isso durante as filmagens, porque era muito arriscado, mas as joias usadas no filme são autênticas”, conta. O problema, explica ela, é que nenhuma seguradora se dispôs a fazer o seguro do material: a questão não era definir o custo de diamantes, ouro e esmeraldas, mas sim o inestimável valor de peças que pertenceram à apresentadora.

“O figurinista tinha uma pochete com todas as joias dentro, e a gente o chamava de ‘Hebinha’”, lembra Andréa Beltrão, que se encantou com o efeito das pedrarias usadas em cena. “O interessante da joia é o brilho que ela provoca, né? Parece aquele globo de discoteca. Um dia, estávamos no carro e, quando o sol bateu, aquilo se refletiu em mil brilhos e luzes”, diverte-se.

A atriz conta, ainda, que só havia sapatos de grife no acervo da apresentadora e que ela teve a sorte de poder usar boa parte desses pares por calçar o mesmo número que a loira. Andréa usou também alguns modelos originalmente vestidos por Hebe, embora algumas peças do figurino tenham sido feitas especialmente para o filme e a série da Globo.

Após mais de oito meses ostentando fios loiros, Andréa está de volta ao seu tom natural, agora bem curtinho, como usava em “Tapas e Beijos” seriado que, aliás, também foi dirigido por Maurício Farias, seu marido. “Meu cabelo caiu quase todo, de tanta tinta que usei durante esse tempo.”

ROBERTO CARLOS

Além do filme e da minissérie para a Globo, ambos protagonizados por Andréa Beltrão com direção de Maurício Farias, Hebe Camargo ganhará um documentário sobre sua vida. Carolina Kotscho, que assina roteiro e direção dessa produção, gravou entrevistas com 40 pessoas que conviveram com a apresentadora ou tiveram suas vidas guiadas por ela de alguma maneira.

O documentário conta com depoimento de Roberto Carlos —ele raramente aparece em produções do gênero_, que se emociona ao relembrar a grande amiga. O ídolo da Jovem Guarda, aliás, também é retratado no filme “Hebe - A Estrela do Brasil”.

No longa, ele é o único personagem a ganhar um selinho da apresentadora. “O selinho é de uma outra época, vem depois”, explica Carolina, que também assina o roteiro do filme. “Tudo o que está ali é ficção, mas é também verdadeiro. É um bordado. Como eu digo: aconteceu, mas não necessariamente naquela ordem”, completa.

No documentário também são ouvidas apresentadoras de TV como Xuxa, Eliana e Angélica, além de pessoas que participaram ativamente da rotina de Hebe, como a produtora de seu programa no SBT, Regina Souza. A produção chegará à TV provavelmente pelo canal pago GloboNews, talvez antes mesmo que a minissérie possa chegar à TV aberta —a data de estreia na Globo ainda não foi definida.

A minissérie, convém dizer, não é uma reedição do filme. Ao contrário: enquanto o longa concentra a narrativa sobre um recorte da vida de Hebe nos anos 1980, a produção para a Globo abordará toda a trajetória da apresentadora, desde Taubaté, no interior paulista, onde nasceu, até sua morte, em 2012, em São Paulo. Tudo isso com direito à exposição do microfone do SBT na tela da Globo, uma façanha que somente Hebe Camargo mesmo conseguiria.