Cinema e Séries

'Legalize Já' traz história inédita sobre a amizade de Marcelo D2 e Skunk do Planet Hemp

Com críticas sociais, filme retrata nascimento da banda

Renato Góes e Ícaro Silva são Marcelo D2 e Skunk no longa "Legalize Já" - Divulgação

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São Paulo

Estreia nos cinemas no dia 18 de outubro o filme “Legalize Já ­ - Amizade Nunca Morre”. O longa retrata o início da banda Planet Hemp a partir da história de amizade de Marcelo D2 e de Skunk, morto em 1994.

Ao contrário da maioria dos filmes sobre bandas, o longa não mostra bastidores de shows ou fala das prisões que os músicos sofreram nos anos 1990. Com Renato Góes (Marcelo D2) e Ícaro Silva (Skunk), o filme vem com a missão de mostrar importância que Skunk teve no nascimento de uma das bandas mais importantes daquela década.

O próprio Marcelo D2 ajudou a construir o roteiro com o amigo Johnny Araújo. "Dirigi diversos videoclipes da banda, e enquanto comemorávamos prêmios do VMB [Video Music Awards], o Marcelo disse emocionado que vivia um sonho que não era dele. Que tudo aquilo tinha nascido com o Skunk, que infelizmente não estava mais ali", afirma Araújo.

"Em tom de desabafo, ele começou a lembrar que Skunk era uma cara que ele conheceu do nada e que tinha mudado a vida dele. Por isso, dizemos que esse filme não fala da história de uma banda, muito menos sobre maconha, mas é um filme sobre amor”, afirma o diretor Johnny Araújo.

Em tom de cores sombrio, o filme é mais um drama que narra um momento desconhecido dos fãs. A trilha sonora lembra as bandas que influenciaram o Planet Hemp, como Dead Keneadys e Beastie Boys, mas não chega ao ponto de aumentar o astral do longa, que também vem carregado de críticas sociais.

O longa retrata Marcelo D2 e Skunk vivendo de bicos e sem perspectivas até que os dois se trombam no meio da rua. Na época, D2 não imaginava que poderia ter uma vida diferente de seus dias como camelô. A namorada, Sonia, tinha acabado de engravidar, e ele precisava fazer dinheiro rápido.

Em sessões musicais no quarto onde Skunk morava, os dois começaram a construir as primeiras letras do que viria a ser as faixas do primeiro disco da banda, “Usuário” (1995). Em cena, Renato Góes e Ícaro Silva aprenderam a cantar, rimar e improvisar.

“A gente gravou as músicas para ensaiar e musicalmente estávamos envolvidos, mas essa parte do rap e da rima foi o que mais pegou. Marcelo faz rap com muita velocidade, então o que está no filme foi o que aconteceu. A gente errava, parava e tentava voltar ao ritmo”, conta Ícaro Silva. “É muita palavra em uma linha só”, brinca Góes.

Os atores contam que se sentiram realmente apresentados à banda durante a produção do filme. Renato Góes afirma que seus amigos ouviam escondido o CD e que guarda na memória algo bem diferente do que ele acha hoje sobre a banda.

"Na época, eu ouvia aquelas letras, eu cantava, mas não entendia muito. Hoje vejo o quão importante foi eles terem a voz e a coragem de falar tudo aquilo. Eles lutavam pelos que não tinham no dia a dia. A maconha é o que mais gritava nas músicas, mas isso era apenas uma forma de chamar atenção para outras coisas", define Góes.

ARTE LEGALIZADA

O elenco do longa defende que o título “Legalize Já” dado ao filme levanta diversas discussões, que vão muito além da maconha. A música "Legalize Já", do álbum de estreia "Usuário" (1995), foi o primeiro grande sucesso da banda e se tornou o clássico do grupo.

"'Legalize Já' é um grito pela legalização do direitos humanos e individuais. É você poder amar quem quiser, é poder ir e vir sem ser executado no meio do caminho", afirma Marina Provenzzano, que interpreta a primeira mulher de Marcelo D2, Sonia. ​

A atriz disse ainda que eles tiveram a preocupação de o filme não ser tachado como sendo favorável à maconha. Para ele, o longa aborda a pressão da polícia sobre os mais pobres e a questão do aborto, que é retratada por sua personagem."

"Eles estavam naquela situação difícil, e em um momento, ela cogita fazer o aborto em um lugar mais barato. E isso é o que acontece com as mulheres que não têm dinheiro suficiente para fazer um aborto seguro”, afirma Provenzzano.

A atriz conta que sua personagem é uma mistura das mulheres da vida de D2. “Foi uma mistura das três. A própria Sônia, a Manu e a Camila, com quem ele é casado até hoje. Eu fui a namorada do Marcelo no filme, mas o par romântico desse filme é o Marcelo e o Skunk", afirma a atriz.