Carnaval 2023: Luma de Oliveira se irrita com pergunta sobre Eike e pede respeito
Ex-rainha de bateria diz que pensa em escrever um livro para contar a história de sua vida sob perspectiva própria; 'Tudo foi dito pela ótica de outras pessoas'
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Quem viu, viu. Luma de Oliveira desfilando na Sapucaí à frente dos ritmistas no Carnaval carioca foi um espetáculo que começou em 1987, na Caprichosos de Pilares (de topless, sem silicone, classuda e com aquele sorrisão) e teve seu último ato em 2009.
Foi quando botou um grande laço azul às costas e defendeu as cores da Portela, levantando a arquibancada e fazendo a multidão nas frisas e camarotes se acotovelarem para vê-la passar. Era um momento histórico mas ninguém sabia disso. Luma estava decidida a parar ("É sábio você sair um pouco antes da hora") mas ficou quietinha. "Não contei que seria minha despedida porque não seria bacana da minha parte, não queria que virasse um assunto", diz a empresária.
Convidada a desfilar pela mesma Portela neste Carnaval, Luma, 58, agradeceu o chamado mas para infelicidade geral da nação, disse ao povo da agremiação que não vai. "Não sei se vou estar no Rio neste dia", desconversa. A escola de Madureira completa 100 anos e irá homenagear personagens importantes de sua história no desfile.
Ela não parece à vontade para falar sobre sua ausência na festa da Portela. No início da conversa, diz que recusou o convite porque não vai estar no Rio mas depois, no meio do papo, conta, en passant, que pode ser que esteja... "Mas por que você está voltando neste assunto?", quis saber, desconfiada.
A entrevista, por telefone, entra no território de outros dois desfiles memoráveis na Sapucaí. O de 2001, quando ajoelhou-se na pista, reverenciando a paradinha da bateria da Viradouro. Inédito, histórico. Uma cena que ficou nos escaninhos da memória de muita gente -dela, inclusive. "Foi impactante", admite.
Três anos antes, que momento. Na Tradição, surgiu com a fantasia de gatinha que gerou um bafafá danado por causa da coleira que adornava seu pescoço. Ela trazia o nome de Eike [Batista], seu marido à época, e pai de seus dois filhos. Submissa, trataram de tachá-la, numa discussão sem fim.
Luma respira fundo e diz esperar que as poucas pessoas que a criticaram naquela época tenham evoluído.
"Talvez essas pessoas não tenham pensado que a verdadeira liberdade da mulher é ela fazer o que bem entender, desde que seja a sua vontade, mesmo que escolha viver para o lar, o que nem era o caso". Ao ser questionada se ainda tem a coleira em casa, se a guardou como um souvenir, Luma responde secamente que não e emenda num silêncio constrangedor.
Ela deixa claro que não aguenta mais falar sobre isso, afinal 25 anos se passaram. Mas fazer o que se é um dos momentos mais marcantes da história do carnaval carioca? "Eu entendo, mas é que minha vida no samba é tão mais do que isso", reclama. "Tenho uma história linda no Carnaval, muitas amizades, faço muitas coisas além da Avenida, luto o ano inteiro. E falo isso sem soberba. Respeitem a minha história!".
Ela mesma já pensou em contar sua história numa biografia, incomodada com o tanto que já falaram e escreveram sobre a sua vida. A ideia veio durante a pandemia e continua de pé, e Luma tem uma frase na ponta da língua que, segundo ela, "diz tudo": "Enquanto os leões não contarem suas histórias, elas serão contadas pelos caçadores".
A ex-rainha de bateria perde a paciência de vez -ainda que com uma certa doçura- ao ser perguntada sobre o filme que conta a ascensão e queda de Eike como empresário, lançado em 2022. "O assunto não era Carnaval? Por que está perguntando de filme? Ah, não".