Fosse em tempos de inteligência artificial, a foto em que o então sisudo apresentador do Jornal Nacional aparece olhando languidamente para a câmera numa banheira de espuma poderia deixar muita gente ressabiada. Ele ainda estava com as duas pernas levantadas, numa pose, digamos, bem conceitual.

Mas era verdade. Em 1993, Cid Moreira, que morreu na manhã desta quinta (3), aos 97 anos, apareceu na capa da revista Caras desta maneira. A ideia, segundo o site da publicação, era "mostrar suas diferentes facetas" fora da bancada do JN.

Ele recebeu então a equipe de jornalistas em sua casa para um ensaio "mais intimista", que resultou na imagem, uma das mais emblemáticas da história da revista, que tascou o seguinte título: "O homem tímido que existe por trás do rosto mais conhecido do Brasil mostra sua casa, sua mulher e suas pernas".

Os bastidores da foto são uma história à parte. Em recente entrevista ao canal de Rafael Cortez, Cid lembrou com carinho daquele dia e deu mais detalhes sobre o retrato —naquele exato momento, ele fazia exercícios abdominais sob a espuma.

"Eu amo aquela foto. Estava em uma sessão de fotos e já estava cansado. Então acabou a bobina do ajudante e ele falou ‘tenho que pegar lá no carro’", contou. "Fiquei ali esperando, e aí comecei devagarinho a exercitar o abdome, estava assim, levantando. Eu tinha esse domínio. Esqueci que tinha um fotógrafo lá, ele bateu e ganhou prêmio", contou.

Cid fazia exercícios para a musculatura pelo menos até o ano passado, conforme contou em entrevista ao F5 em setembro de 2023, quando havia acabado de completar 96 anos. "Faço um pouco de pilates, esteira e mexo bem no computador, nisso eu sou craque". Ele também fez uma declaração de amor à esposa, Fátima Sampaio: "Quero chegar aos 150 para curtir a vida e namorar mais a minha mulher".