Mauricio de Sousa quer personagem gay na Turma da Mônica, mas diz temer represálias
Cartunista afirma que estuda a melhor maneira de colocar mais diversidade em seus quadrinhos e lamenta que 'parte da sociedade talvez reaja de maneira agressiva'
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Se dependesse da vontade de Mauricio de Sousa, 87, já existiria um personagem LGBTQIA+ nos quadrinhos da Turma da Mônica. É o que afirma, em entrevista ao F5, o cartunista, que, no entanto, prefere a cautela antes de dar esse passo, pois "parte da sociedade talvez reaja de maneira agressiva".
O criador do grupo de amigos do bairro do Limoeiro diz que procura seguir os avanços e os comportamentos do mundo em que vivemos para nortear seu trabalho. Em suas historinhas, com mais de seis décadas de existência, a inclusão já está presente em personagens cegos, surdos, negros e cadeirantes, por exemplo.
Ele evita, porém, definir um prazo para a inclusão de um personagem gay. "Não sei quando, mas vai haver. Estamos estudando o caso, as consequências. É natural que tenhamos", avalia. "Estou aprendendo com o Mauro [Sousa, filho, assumidamente gay] até onde podemos ir para não haver represálias", reforça.
Segundo Mauro, que inspirou o personagem Nimbus e hoje trabalha como diretor da Mauricio de Sousa Produções, as conversas a respeito do assunto acontecem diariamente na empresa. Ele lembra da graphic novel "Tina Respeito", que conta com uma personagem lésbica, e garante que "tudo é possível" nos próximos anos.
"É uma preocupação de todos. Entendemos que isso é importante para termos nos projetos e o universo LGBT+ não está fora, assim como nenhum grupo minoritário. Estamos constantemente falando disso, apesar dos comentários que aparecem —de tudo o que é tipo", diz.
Enquanto isso, Mauro diz que a empresa vai comendo pelas beiradas, como no espetáculo Circo Turma da Mônica, que celebra os 60 anos da personagem-título e estreia neste sábado (1º) no Teatro Bradesco. Aqui, a diversidade aparece nos bastidores, com uma equipe formada por pessoas LGBTQIA+ e de outras minorias, abrangendo diversidade étnico-racial, corporal, de gênero e gerações.
Na peça, que chega em sua terceira edição (a primeira após a pandemia), o público embarca numa viagem completa ao universo da personagem com efeitos especiais, experiências sensoriais, jogos de luzes, grandes cenografias, números circenses, esportes radicais e números de mágica e ilusionismo. Várias fases de Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali fazem parte do show, como as versões toy e adolescentes.