Marcella Maia Cordeiro é atriz e cantora. Mineira de Juiz de Fora, ela se mudou para Brasília quando era adolescente e lá descobriu a sua vocação artística. Mulher trans, começou trabalhando como modelo e, paralelamente, também na área de atuação.

Depois de participar de algumas peças teatrais, Maia (como prefere ser chamada) ganhou finalmente o primeiro personagem na televisão, em 2021: o Anjo da Morte em "Quanto Mais Vida Melhor". A trama de Mauro Wilson foi exibida no ano passado, e a experiência de viver a antagonista da novela das 19h da Globo trouxe mais dores do que delícias.

"Fui vítima de transfobia e assédio nos bastidores da Globo", afirma ao F5. Na entrevista, ela diz que teve medo de fazer qualquer denúncia na época. Procurada para comentar as acusações, a Globo não se manifestou até a última atualização deste texto.

Maia conta que prefere deixar no passado o constrangimento que relata ter passado nos estúdios ao saber que um ator teria se negado a beijá-la em cena. Ela também diz querer esquecer as falas preconceituosas que teria ouvido de uma atriz no camarim. Porém, afirma que os piores momentos vividos na emissora teriam vindo do assédio de um diretor.

"[Ele] queria que eu saísse com ele e ficava me pressionando. Não cedi, e a minha vida virou um inferno. Foi uma situação que me fez muito mal e me deixou bem decepcionada com o meio visual", explica ela, que prefere não dizer o nome de quem teria praticado o assédio.

"Por mais que a pessoa saiba que não é a primeira vez que isso acontece e, infelizmente, ainda é um problema decorrente principalmente na televisão, você se frustra. Fiquei desapontada com pessoas que eu admirava e perdi um pouco o encanto de trabalhar no meio. Na minha cabeça, eu só volto a fazer novela se for no México", afirma Maia, que decidiu manter o foco na música. "Encontrei paz e tranquilidade. A música me trouxe de volta alegria e me curou da decepção de ter trabalhado na TV."

Capa de janeiro da edição norueguesa da revista Playboy, Maia começou a trabalhar o primeiro single do álbum "Contraditória", que deverá ser lançado no próximo mês. "Venho compondo há algum tempo. Gosto muito de trap, cresci indo para roda de samba, curtindo baile funk e na casa dos meus avós ouvia bossa nova. Essa mistura é onde me alimento para escrever e compor. Um tipo de mergulho, sabe?", comenta.

Para dar início ao projeto, a primeira canção que ela pretende trabalhar se chama "Samba". "Trata-se de uma música alegre e plural. Acho que consegui fazer uma melodia muito massa", orgulha-se a atriz, que atualmente mora em Lisboa (Portugal).