Luiza Brunet lembra 'toco' em Pelé e conta que Roberto Carlos a atrai: 'Me chama, eu vou'
Ex-modelo é musa de camarote no Carnaval carioca e uma das atrações do desfile que marca o centenário da Portela
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O ano de 2023 marca a volta do "antigo normal" ao Carnaval carioca, e a presença de Luiza Brunet saracoteando, sorrindo e agitando a massa em meio aos ritmistas de uma escola de samba é a irrefutável prova disso. A vida seguiu seu curso.
A convite da Portela, onde desfilou à frente da bateria por 11 anos, ela se juntará a outras personalidades que fizeram parte da história da azul e branco de Madureira e virá "bem discretinha", segundo suas próprias palavras. "Vou quase de burca, muito vestida", anuncia a atriz e ex-modelo, que passou a metade de seus 60 anos orgulhosamente declarados desfilando como rainha de bateria de agremiações cariocas. Só na Imperatriz Leopoldinense foram quase duas décadas.
A última vez no Sambódromo carioca foi em 2017, como destaque da própria Imperatriz. "Estava com saudade", admite a musa do Camarote Allegria. Na entrevista a seguir, Brunet fala sobre suas expectativas para o desfile, conta por que optou por uma fantasia "que mais esconde do que mostra", relembra o dia em que levou uma cantada forte de Pelé ("Ele estava atirando para todos os lados"), e fala de sua paixãozinha por Roberto Carlos, o "crush" de sua vida. "É só ele falar 'Vem cá, Luiza, que eu vou'", garante.
Ficou surpresa com o convite da Portela?
Nunca imaginei que pudesse voltar, a Portela foi o primeiro lugar em que desfilei como madrinha de bateria, fui muito feliz. É uma escola que tem uma tradição absurda. Achei maravilhoso o convite, só que falei: 'Não vou desfilar de fantasia, não vou de biquininho. Vou de burca, tudo bem?' Eles toparam.
Mas por que tanta discrição?
Olha, eu venho discretíssima mesmo, supervestida. Supervestida (enfática). Basicamente é um vestido longo. Estou com 60 anos, acho que eu poderia, se quisesse, ter malhado muito e colocar o corpo de fora. Mas a vida é tão feita de momentos, e é bom viver coisas diferentes. Então neste momento eu vou me sentir muito mais confortável comigo mesma se continuar com essa imagem da Luiza Brunet como uma mulher elegante e discreta. Não caberia para mim agora botar a perna de fora, tudo de fora, e sair sacolejando.
Você parece orgulhosa da idade que tem. Te soa machista quando dizem: 'Não parece'? Acha que falariam a mesma coisa para um homem, por exemplo? Ah, eu adoro. Esse machismo eu aceito. Imagina! Não me incomoda em nada esse número redondo. Nunca menti a idade. outro dia mesmo estava esperando para embarcar na ponte aérea, fiquei na fila de idoso. E aí teve uma mini briga porque uma mulher falou que era para eu sair dali. Tive que mostrar a carteira de identidade, ficou todo mundo rindo. Não acho ruim o passar do tempo. Minha mãe está com 81 anos e tem namorado, faz sexo com ele.
Nesta volta ao Carnaval você vai desfilar junto a outras ex-rainhas, como Sheron Menezzes e Adriane Galisteu. Há ou já houve alguma rivalidade entre vocês?
Não. Comigo não, porque nunca tive essa filosofia de competitividade, da fantasia mais bonita. Sempre achei que todo mundo tem o seu lugar. Inclusive quando saí da Portela, e eu nunca entendi o motivo por que eu saí, mas enfim, a Galisteu que entrou no meu lugar.
E foi tudo bem?
Sim, inclusive fui falar com ela no começo da avenida porque eu sairia logo em seguida. Tá tudo certo. São momentos que a escola avalia que deve mudar, e vai lá e muda. Mas é um legado que a gente deixa.
Apesar dos avanços, considera que a mulher ainda é objetificada, mais ainda no Carnaval?
Com certeza. Existe muita violência no carnaval, que de certa forma propicia isso porque a mulher às vezes bebe um pouquinho demais, fica mais vulnerável. Existe um assédio maior. É difícil ser mulher, não só aqui. No mundo todo tem esse tipo de approach, mas aqui é pior.
Por quê?
Porque no Brasil as mulheres são mais exuberantes, livres, bonitas, sensuais, e aí tem essa cultura errada de que a brasileira é mais disponível. Talvez ela seja mais segura, então isso proporciona esse approach errado dos homens.
E como lidar com esse problema especificamente nesta época do ano?
Se incomodar de fato, a mulher tem que ligar imediatamente para o 180. Mas não é porque o homem olhou para a mulher que tem que enquadrar o cara. Isso é chato. Quando o assédio é rigoroso, se passa a mão, te incomoda, aí sim. No camarote eu vou levantar essa questão de que o carnaval não significa que você está disponível para ninguém ficar passando a mão, botando a mão na nossa cintura.
Já aconteceu com você? Já, claro. Você acha que eu não sofri assédio a vida inteira? Só que muitas vezes, antes desse momento que a gente vive hoje, era mais difícil perceber que era assédio. O cara chamava a mulher de gostosa, botava a língua para fora, fazia aquele gesto, ou [nos casos em que] ela está no ônibus, ele se encosta e ejacula. Até esse tipo de coisa era naturalizado. A gente não sabia que isso assédio. Eu vivi tudo isso mas só pensava: 'Ah, que cara nojento, que tarado'. Hoje sabemos que não é mais cabível e exigimos respeito.
Como anda o processo em que você acusa o seu ex, Lírio Parisotto, de agredi-la fisicamente?
Meu processo foi para o STJ, em Brasília, houve decisão que voltasse para São Paulo, para que fossem revistos 17 pontos que não foram levados em consideração. Anulou-se então a decisão anterior, voltou à estaca zero. Mas foi importante para mim ter lutado pelos direitos, tem mulheres brasileiras que têm medo de enfrentar a Justiça. Ela demora, muitas vezes é reconhecido que a mulher tem direito, mas justamente por termos um judiciário machista, ela acaba tendo problemas, demora mais.
Você virou uma referência na questão dos direitos da mulher e da luta contra o feminicídio. Sim, e eu fico superorgulhosa porque poderia ter caído naquele lugar comum do "Ai, apanhei, vou ficar quieta porque é melhor, tenho vergonha de contar". Isso é o que mais tem, ainda mais quando você é uma referência de beleza, casada com um cara rico, num relacionamento que parecia ser uma coisa bonita. Eu demorei a tomar uma atitude mas a gente tem que ser forte, não podemos ficar nos vitimizando a vida inteira.
Logo após a morte do Pelé, voltou a ser assunto a capa da revista Manchete com você, ele e Xuxa... (...Quando ele deu em cima de mim, completa, rindo)
Inicialmente Pelé teria dado em cima de você. A Xuxa, que ele também conheceu naquele dia e com quem acabou namorando, foi o, digamos, plano B. Você se lembra disso?
É verdade, mas eu era casada, tinha 17 anos. Essa capa a gente fez na casa de um amigo dele, em Copacabana, numa cobertura. Ele era jovem, sedutor, um charme. Charmoso mesmo. Mas eu não estava disponível, tinha casado há pouco tempo, estava superapaixonada, eu era modelo e depois voltava para casa para lavar, passar e cozinhar. E o Pelé era o Pelé! Então eu levei até um susto. Mas ele viu que não ia rolar. Aí nesse mesmo dia se interessou pela Xuxa. Ele estava meio que atirando pra todos os lados (risos).
Então não houve nada com o Pelé?
Não, nada. Não que ele não tivesse tentado. Eu sempre fui casada, certinha.
E com o Roberto Carlos?
Roberto Carlos? Ah, o Roberto Carlos eu amo até hoje. Mas também não tivemos nada. Nunca fui ao cruzeiro mas fui a centenas de shows, já participei de um clipe dele que é muito bom: eu entro num quarto e saio grávida, hahahaha. Ele é o crush da minha vida. Meu amor, até hoje, com 81 anos, se ele falar 'Luiza, vem pra mim', eu vou. Estou na fila.