É hora de dar tchau: Passagem do goleiro Bruno por clube de Búzios dura dois dias
População e movimentos feministas pediram afastamento do assassino de Eliza Samudio: 'Não queremos ele aqui'
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Durou dois dias a passagem do goleiro Bruno Fernandes pela Sociedade Esportiva Búzios, time que disputa a quarta divisão do Campeonato Carioca (também chamada de B2). Este foi o tempo que passou entre o anúncio oficial de sua contratação, nas redes do clube, e a dispensa do ex-atleta do Flamengo.
Bruno foi condenado em 2013 a 22 anos de prisão (depois reduzidos para 20 anos e nove meses) pelo homicídio da então ex-namorada Eliza Samudio três anos antes. Ele progrediu em 2019 para o regime semiaberto domiciliar e agora cumpre a pena em liberdade.
A chegada de Bruno ao time mais popular da cidade de Armação dos Búzios, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, mexeu com os ânimos de seus 40.532 habitantes, o que fez com que o clube cedesse à pressão de afastá-lo do elenco e romper o acordo.
O atleta não joga nem treina e ainda está impedido de vestir a camisa do Búzios. O F5 apurou que o presidente da SEB, Renato Mattos, já anunciou a decisão para conselheiros do clube. A reportagem entrou em contato, mas ele não respondeu às mensagens e ligações.
Vale lembrar que Bruno havia sido contratado em 2019 pelo Poços de Caldas Futebol Clube (MG). A torcida organizada do time dizia na ocasião que ele, "com certeza", teria o apoio das arquibancadas e que até ganharia música especial, mas seu contrato foi rescindido vinte e três dias depois de sua chegada. Em julho deste ano, ele foi anunciado pelo Atlético Carioca, que disputa a Série C do Campeonato Carioca, e ficou menos de um mês no clube.
Contratá-lo seria uma jogada de marketing de clubes nanicos, que dobrariam a aposta mesmo sabendo que a rejeição deve ser grande? Eis a questão.
Moradores de Búzios marcaram uma manifestação nesta sexta-feira (7), às 16h, em frente à sede do clube para rechaçar a contratação de Bruno Fernandes. O ato simbólico foi mantido mesmo com o anúncio do afastamento do jogador circulando pela cidade.
Representantes de vários movimentos como Movimento Olga Benário, Frente Feminista de Búzios, Movimento de Mulheres da Região dos Lagos e Mulheres Buzianas vão protestar com um "não queremos ele" e cobrar políticas públicas no combate ao machismo e à violência contra a mulher.
A cidade teve ao menos cinco casos de feminicídio em 2022. Um dos casos mais emblemáticos da história do pais, o crime na Praia dos Ossos, aconteceu em Búzios, no final de dezembro de 1976. Ângela Diniz tinha 32 anos quando foi morta com quatro tiros no rosto pelo marido, o playboy Raul Fernando do Amaral Street, o Doca Street.
Na época, o advogado de Doca, Evandro Lins e Silva, alegou que seu cliente teria matado "por amor" e agido em "legítima defesa da honra": Ângela seria uma "Vênus lasciva" que convidava "outros e outras" para a cama do casal, enquanto o playboy era um "mancebo bonito e trabalhador".