Celebridades

Dia das Mães: 'Sempre foi uma visionária', diz Zabelê sobre Baby do Brasil

Filha conta ao F5 sobre a criação que recebeu: amorosa e fora dos padrões

Zabelê com a mãe Baby do Brasil - Arquivo Pessoal

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São Paulo

Em depoimento a Manuela Ferraro

"É difícil de descrever a minha mãe porque ela sempre foi muito diferente. Baby é uma mulher de muita garra e coragem, tem um entusiasmo pela vida que é inspirador. Sempre dedicada, com uma forma de ver a vida que é ao mesmo tempo muito leve e muito presente.

Às vezes, o amor não é estar ali 24 horas, mas a qualidade da atenção e da preocupação. E a gente sentia isso na forma como ela incluía a mim e aos meus irmãos [Sarah Sheeva, Nãna Shara, Kriptus Gomes, Pedro Baby e Krishna Baby] na sua vida de artista.

Minha mãe e meu pai [Pepeu Gomes] amavam nos ter sempre por perto. Quando dava, viajávamos juntos, íamos para Salvador, para o Carnaval, ficávamos com eles no hotel. E frequentávamos seus shows, quando possível. Na época dos Novos Baianos, lembro de minha mãe me amamentando na coxia.

Eu olho para isso hoje em dia e fico me perguntando: ‘Será que eu daria conta? Ter seis filhos e dar o mesmo amor e a mesma atenção para todos, com uma demanda de trabalho tão pesada?’ Isso requer muita energia, foco e atenção.


Eu digo que ela era a mãe das causas impossíveis. Me lembro de uma vez em que eu estava nos Estados Unidos, com muita saudade, estudando dança no final dos anos 90. Um dia ela me ligou e disse: "Adivinha onde eu estou?". E ela estava lá para me fazer uma surpresa e passar uns dias comigo. Sempre que a gente achava que as coisas não iam funcionar, minha mãe vinha com uma solução daquelas incríveis.

A gente assaltava o armário dela quando éramos adolescentes e ela ficava louca. "Por favor, não peguem minhas roupas de show", ela dizia. Imagina, né? Todas caras, feitas por costureiros, por estilistas. E quando ela viajava, fazíamos a festa. Um belo dia ela chegou de surpresa e pegou todo mundo vestido de Baby na sala (risos).

Eu imaginava que ela iria nos colocar de castigo, mas nunca tivemos esse tipo de educação. Meus pais chamavam para uma DR [discussão de relação]. Mas a DR da minha mãe era tão profunda e tão intensa que a gente não errava mais. Pensávamos: "Se eu errar de novo, vai ter aquele papo de três horas de novo. Melhor eu andar na linha". Parecia mais uma sessão de terapia. Não com tom de julgamento, mas de conversa.

Minha mãe também tinha um cuidado com a alimentação, que sempre foi orgânica, natural. Fomos vegetarianos durante dez anos. Ela sempre foi uma visionária. Adorava festejar, outra marca da nossa criação. Fazíamos festinhas todo final de semana. Nossos aniversários eram uma grande festa musical, com muitos artistas, os filhos de Caetano, de Gil, A Cor do Som, Armandinho. Gosto de festa todos os dias. Isso eu devo à minha mãe.

Ela nos inspirou na moda na sua maneira de se vestir, de se colocar. A gente nunca precisou estar dentro dos padrões para ser aceito no mundo. Seja quem você é, isso é o que importa, tenha sua própria personalidade, seja livre para fazer o que você gosta e o que você ama.

As pessoas achavam diferente, perguntavam porque meus pais tinham cabelos coloridos. E a gente achava divertido, porque eles se colocavam com muita leveza. Achávamos mais divertido estar com meus pais do que com os próprios amigos. Minha mãe marcou a minha vida como uma mulher de muita força, muita garra e sempre mostrando que a gente pode ser quem a gente é."