Celebridades

Mayana Neiva diz que preconceito contra nordestinos persiste, mas vê 'jogo virando'

Atriz destaca Juliette, sua conterrânea, como uma nova voz na quebra de estereótipos

Mayana Neiva - Instagram/mayananeiva

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São Paulo

Natural da Paraíba, a atriz Mayana Neiva, 38, afirma que ainda existe preconceito com o Nordeste e os nordestinos, mas observa que "o jogo está virando". No ar nas tardes da Globo na reprise de "Ti Ti Ti" (2010-2011) e em cartaz nos cinemas com o filme "Silêncio da Chuva", ela destaca a importância de Juliette, sua conterrânea, na quebra desses estereótipos.

"É maravilhoso que existam pessoas como ela ocupando esses espaços de poder e desfazendo essas narrativas quase que folclóricas sobre o Nordeste, em que a região ocupa um lugar exótico ou engraçado. Eu acho que a gente está vivendo um outro tempo", diz a atriz, salientando também nomes como o do cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho, diretor de "Bacurau" (2019).

"Acho que a gente está vivendo um grande levante feminino no mundo, um grande levante de debater esses lugares comuns do preconceito e de ouvir novas vozes. O cinema é uma plataforma disso, a música e por que não a TV e o BBB?"

"O Nordeste é uma dimensão profundíssima da nossa literatura, da nossa arte, da nossa cultura popular, já estava mais do que na hora de ser reverenciado", diz ela, reforçando que nove estados compõem a região, cada um com sua especificidade.

"O Nordeste é muito vasto para ser encaixado todo no mesmo lugar", pondera, citando o vídeo "Sudestinos" do Porta dos Fundos, que satiriza a forma como a região é tratada de forma estereotipada por muitas pessoas que moram no sul do Brasil.

Além de trabalhar como atriz, Neiva quer ser uma dessas novas vozes femininas. Desde o final de 2017, depois que voltou a morar no Brasil após cinco anos nos Estados Unidos, ela começou a flertar com a ideia de atuar atrás das câmeras, na direção.

O primeiro projeto é o documentário que conta a história do seu avô José, um homem que era balaieiro na feira (carregava em um balaio na cabeça as mercadorias para ajudar as pessoas), se tornou fotógrafo e por meio da arte "sustentou a família e tirou os irmãos da miséria."

"Posteriormente, ele se tornou um editor de livros didáticos. Ele para mim é um brasileiro no sentido mais lindo da palavra", afirma.

É desse contato tão próximo com o avô que Neiva também se apaixonou por boleros e músicas latinoamericanas. "Hoje eu canto como convidada na banda Quimbará, de resgate da música latinoamericana, porque eu ouvia essas canções com ele, aos domingos. Não tem nada a ver com o mundo de origem dele, mas é uma coisa que ele ama", diz.

Em 2011, quando foi gravar o filme "Infância Clandestina", do diretor Benjamín Ávila, na Argentina, Neiva revela ter se encantado com o país e, ao mesmo tempo, se envergonhado por saber pouco sobre a cultura e a história dos vizinhos do Brasil.

"A minha vida virou uma grande investigação pela paixão dessa cultura, do cancioneiro latinoamericano, do cinema, da história. Tenho muito amor por essa parte do mundo."

Como fruto disso, ela tem trabalhado em produções internacionais que dialogam com a América Latina como a série "Encerrados", também de Ávila, e que está disponível na Netflix na Argentina e na Espanha. Com episódios independentes, Neiva protagoniza um deles como uma mãe, vítima de tráfico humano, que luta para rever o filho.

ESCRITORA E NOVOS PROJETOS

A pandemia foi um período de reflexão, mas também de criação para Mayana Neiva. Formada em letras, ela escreveu o seu segundo livro infantil a partir de uma experiência forte e difícil que viveu ao lado da sobrinha Marina, 10, que teve leucemia.

"Eu fiquei no hospital com ela durante quase um ano. Essa obra é fruto desse coletivo feminino, desses desafios e dessa vivência com a minha sobrinha, minha irmã e minha mãe. É um jeito de eternizar essa história", diz —ainda não há uma data para o lançamento do livro.

A literatura também se faz presente no trabalho de Neiva em "Silêncio da Chuva", filme de Daniel Filho que estreou nos cinemas na quinta (24), e é uma adaptação do romance de mesmo nome do escritor carioca Luiz Alfredo Garcia-Roza (1936-2020).

Na história policial com clima noir, ela é a secretária Rose, personagem que define como "a mais intensa da sua carreira". "Ela tem um diapasão muito profundo. Foi um papel que me desafiou profundamente", destaca.

Neiva também está na quarta temporada de "Rotas do Ódio", no Globoplay, em que interpreta a delegada Carolina. "Ela é uma policial diferente, que se compadece das narrativas ao seu redor."