Sharon Stone diz que foi aconselhada a transar com colega por 'química na tela'
Atriz lançará livro com histórias da vida pessoal e profissional dia 30 de março
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No dia 30 de março, Sharon Stone, 63, lançará a obra “The Beauty of Living Twice” (“A Beleza de Viver Duas Vezes”, em tradução livre). No livro de memórias a atriz falará sobre sua vida pessoal e profissional, incluindo situações em que teve que enfrentar machismo, preconceito e assédio no ambiente de trabalho.
Uma das revelações mais marcantes trata da sugestão de um diretor para que ela fizesse sexo com o ator com quem contracenaria em um longa. “Ele me explicou que eu deveria transar com esse colega para que pudéssemos ter química na tela". A atriz, acrescenta que o cineasta esclareceu que ele tinha feito uma cena com a atriz Ava Gardner, o que descreveu como "sensacional".
"Agora, apenas o pensamento assustador dele na mesma sala com Ava Gardner me deixa em choque", disse a atriz, em trecho publicado do livro pela revista Vanity Fair nesta quinta-feira (18). Já na época do ocorrido, ela pensou que seria mais fácil contratar um ator talentoso, "que pudesse fazer as próprias cenas e lembrar suas falas".
“Meu trabalho era atuar e eu disse isso", relembrou a atriz, que a partir do episódio foi rotulada como uma pessoa "difícil", fato que teve impacto em sua carreira.
O trecho da obra falava também de um ex-empresário que disse que ninguém a contrataria porque ela não estava disposta a fazer favores sexuais em troca de papéis. Ela mencionu ainda ter trabalhado com um outro diretor, a quem ela se referiu como um "candidato ao #MeToo", que tornava a vida no set complicada porque ela não "se sentava no colo" dele para receber orientações. A artista apontou que ninguém nunca tentou resolver esse tipo de situação.
Uma das cenas clássicas do cinema e da carreira da atriz, a famosa cruzada de pernas em "Instinto Selvagem" (1992) também tem espaço no livro. “Após filmarmos fui chamada para assistir. Não sozinha com o diretor, como era de se esperar ... mas com uma sala cheia de agentes e advogados, a maioria dos quais nada tinha a ver com o projeto”, lembrou.
“Foi assim que vi minha vagina aparecer pela primeira vez, muito depois de me dizerem: 'não podemos ver nada, só preciso que você tire a calcinha, pois o branco está refletindo a luz, então, é como se você estivesse de calcinha'”, pontuou Stone, dizendo que, ao fim da cena, entrou na cabine de exibição e deu um tapa no rosto do diretor do longa, Paul Verhoeven, 82.
Ela, então, saiu, ligou para seu advogado que disse que o filme não poderia estrear com aquela cena, devido a classificação indicativa que o longa ganharia. Stone poderia evitar o lançamento de "Instinto Selvagem", se quisesse. Após refletir sobre o assunto, a artista contou ter procurado Verhoeven.
“Claro, ele negou veementemente que eu tivesse qualquer escolha. Eu era apenas uma atriz, apenas uma mulher; que escolhas eu poderia ter? Mas eu as tinha. Então pensei muito e optei por permitir essa cena no filme ”, acrescentou. "Por que? Porque era correto para o longa e para a personagem, e porque, afinal, eu fiz isso", defendeu.