'É necessário e urgente', diz Kyra Gracie sobre ensinar mulheres a se defenderem
Em quarentena com família, campeã de jiu-jitsu tenta desacelerar enquanto espera bebê
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Campeã mundial de Jiu-Jitsu, Kyra Gracie Guimarães vai além das competições ao escolher ensinar mulheres a se defenderem. A carioca de 35 anos mantém uma academia na Barra da Tijuca (Rio de Janeiro) com mais de 300 alunos, e ainda oferece um curso online de defesa pessoal (via curseria), na intenção de alcançar cada vez mais mulheres.
“Essa é uma das preocupações e uma das missões do curso de defesa pessoal para mulheres: identificar os sinais de relacionamento abusivo e sair desta relação antes que vínculos como a dependência emocional e financeira se estabeleçam”, afirma a lutadora. “Depois que isso acontece, tudo fica muito mais difícil. Ciúme excessivo, descontrole quando ingere bebida alcoólica. Existe um ciclo vicioso.”
As aulas à distância exigem disciplina, organização e disponibilidade para manter a rotina de forma atrativa, diz Kyra. “Não é fácil, mas é possível. Eu e Malvino [Salvador, seu namorado] nos desdobramos para manter o ritmo das aulas, o cuidado de casa, das meninas…”
Em paralelo, a lutadora incentiva a denúncia e a criação de ferramentas para que mulheres possam fazê-la com segurança. “Essa necessidade é necessária e urgente! Mas a gente também sabe que é muito difícil para uma mulher se livrar das situações de abuso”, diz.
“Há muitos canais e ONGs que podem ajudar neste acolhimento. Mas o ideal é que essa mulher consiga identificar as situações de risco antes da violência acontecer. É mais fácil desta forma. Há estudos que apontam que as mulheres deixam seus companheiros algumas vezes antes de romper definitivamente um relacionamento abusivo.”
Apesar de afirmar que nunca passou por um episódio de violência doméstica, Kyra diz que convive com mulheres violentadas e percebe índices alarmantes. Mesmo que não tenha um relacionamento abusivo, a mulher pode ser atacada por um motorista de aplicativo, na balada, em transporte público, escola ou trabalho, diz ela.
Atualmente, Kyra divide a atenção entre o trabalho e a família, com quem passa a quarentena, em casa. A lutadora afirma que está “tentando desacelerar para dar cuidado e atenção às nossas filhas”, e que ela e Malvino estão se reinventando para manter a rotina. “Sou muito disciplinada. O esporte me trouxe isso. Se tenho que ficar em casa, vou me organizar para dar conta de tudo o que tenho que fazer. Acho que estou mais produtiva”, avalia.
Aos que ainda se sentem ansiosos ou com o sentimento de preguiça, ela indica: “Disciplina e rotina. Ninguém muda do dia para a noite. É difícil mudar hábitos e os hábitos influenciam em tudo nas nossas vidas. Ninguém consegue mudar alimentação, se exercitar com frequência, regularizar o sono... nada disso é do dia para a noite. Persistir na rotina. Faltou um dia? Recomece.”
Apesar de estar passando por uma gravidez não planejada, ela se sente tranquila porque “já sabe como funciona o roteiro” –a lutadora é mãe de Ayra, 5, e Kyara, 3, e agora anseia saber se terá mais uma menina ou um menino. “Ser mãe, para mim, é a melhor sensação do mundo. É como acordar apaixonada todos os dias. E tem que ter muita paciência também”, brinca.