Celebridades

Cleo diz que ser mulher é ato político, e pressão estética é o que mais a incomoda no trabalho

Atriz reflete sobre maternidade compulsória, empoderamento e mudanças dos últimos tempos

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Cleo, 37, enfrentou severas críticas após revelar, em 2019, que havia engordado 10 kg. Mesmo assim, a atriz e cantora não se deixou abalar e vive publicando imagens sensuais, com mensagens de empoderamento.

"Eu sou o que eu quiser, quando eu bem entender", já disse ela aos seus seguidores. Mas isso não significa que ela não ache difícil lidar com os rígidos padrões de beleza impostos pela sociedade, especialmente sendo uma figura pública.

Para Cleo, esta é, na verdade, sua principal insatisfação com seu trabalho. "Não adianta você ser tão boa quanto um cara. Você tem que ter uma estética 'X' para ser reverenciada, ou para ser levada em conta", conta ela em entrevista ao F5. "A pressão estética reverbera, para a mulher, no trabalho, no dinheiro, no social. Não é só alguém dando uma opinião. É uma coisa que pesa em todos os setores da vida da mulher".

Confira a entrevista com Cleo:

É importante existir um dia dedicado à mulher?
É muito importante existir um Dia da Mulher. Obviamente, em um mundo ideal, não existiria um Dia da Mulher. Idealmente, todos somos iguais e devemos ter as mesmas oportunidades, ser respeitados da mesma forma e julgados da mesma forma. Mas essa não é a realidade, então acho que é importante ter o Dia da Mulher porque é uma coisa simbólica, para a gente lembrar das lutas, dores, dificuldades, dos ganhos e de tudo o que ainda tem por vir.

Ser mulher é ...
É difícil definir. Ser mulher é tão amplo. Acho que hoje em dia, com toda a história da mulher no mundo, acho que ser mulher é um ato político. É entender que, acima de tudo, a gente tem que olhar uma para a outra com muita compaixão, muita calma. A gente tem que construir novas formas de se entender. Ser mulher é entender que a gente vem de uma história de muita opressão e de muito julgamento.

Qual a sua principal insatisfação em seu ambiente de trabalho?
Para mim, cai dentro desse conceito de ser julgada de uma forma diferente. Não adianta você ser tão boa quanto um cara, você tem que ter uma estética 'X' para ser reverenciada, ou para ser levada em conta. A pressão estética é sempre o que mais me incomoda. Porque reverbera, para a mulher, no trabalho, no dinheiro, no social. Não é só alguém dando opinião. É uma coisa que pesa em todos os setores da vida da mulher.

Qual a importância de termos mulheres em cargos de poder?
Acho que os cargos de poder eles moldam o mundo ao nosso redor. Então se a gente quiser ver um mundo que tenha mais compreensão do universo feminino, dessas dores, lutas e opressões que vivemos; e um mundo que tenha políticas públicas pró-mulheres, acho que temos que ter mulheres nos cargos de poder.

Mulheres são sempre associadas à maternidade. O que você pensa sobre isso?
A famosa maternidade compulsória. Acho mais uma opressão. Mais uma obrigação que você tem. Por ser mulher, você tem que ser maternal. Sua realização completa só pode vir depois de um filho. Eu acho desumano isso, com qualquer pessoa. Acho que não existe essa obrigação de você ter o sentimento de ser mãe porque você é mulher. Acho que é uma energia, e às vezes você não tem essa energia, ou não gosta dessa energia. E você deveria poder ocupar o mesmo lugar de status no imaginário das pessoas que vão te achar mais legal ou mais digna de respeito por ser mãe, não sendo mãe.