Celebridades

Mulher de Asa Branca crê em milagre, mas diz que médicos só dão mais um mês ao locutor

'Ele não quer me deixar, e eu digo que ele irá para outra dimensão', diz Sandra dos Santos

Asa Branca, locutor de rodeio - Marlene Bergamo/Folhapress
São Paulo

O estado de saúde do locutor Asa Branca, 57, é grave. Ele tem câncer terminal. De acordo com a mulher dele, Sandra dos Santos, os médicos deram mais um mês de vida para ele e não têm mais como fazê-lo reagir. A partir de agora, ela e toda a família vivem à espera de um milagre.

“O estado é grave. Os médicos dizem que não têm mais o que fazer, que agora é só esperar a vontade de Deus. Milagres acontecem e eu tenho esperança ainda. Mas estamos vendo que é complicado”, explica ela.

Apesar da torcida, Sandra é realista e sabe que há muito sofrimento por parte do locutor. Por vezes ele fica lúcido, conversa, por outras se mostra confuso, não reconhece algumas pessoas e não sabe onde está.

“Eu me apego em Deus e quero que ele faça o melhor por ele. É difícil vê-lo sofrer. Eu também estou sofrendo muito e sofrerei mais se ele partir. Mas não quero que ele fique como está. Seria egoísta da minha parte, apesar de tudo, pedir que ele ficasse do jeito que está. Talvez o melhor para ele seria parar de sofrer”, diz Sandra, bastante emocionada.

Asa Branca é portador do vírus HIV e está com tumores em vários pontos da garganta e da boca. Na última segunda-feira (16), a família do locutor publicou uma nota informando que o estado dele era “bem crítico”.

Nos últimos meses, Asa Branca chegou a ficar internado outras vezes por causa de um tumor agressivo na garganta. Em julho, ele esteve nos Estados Unidos para tentar se tratar, mas acabou piorando e retornou ao Brasil.

“No dia da internação, ele acordou com 40 graus de febre. Fiz um suco para ele. Era 6h. Ele tomou morfina e um remédio. Quando fui dar a ele uma vitamina percebi que estava caindo na roupa. Estava vazando pela garganta. Quando chegamos ao médico já foi internado”, relembra Sandra, sobre a internação ocorrida no sábado (14).

De lá para cá, o locutor oscila bastante. “Às vezes ele esquece de algumas pessoas, mas de mim ele se lembra sempre”, conta. “Quando ele sente muita dor diz que não aguenta mais. Ao mesmo tempo fala que não quer me deixar. Eu digo que ele não vai me deixar, que só irá na hora certa e para uma outra dimensão, que estaremos sempre juntos”, conta Sandra, bastante emocionada.

Asa Branca recebeu a notícia do retorno do tumor na garganta e na base da boca em setembro. Sem esperança de cura, ele está constantemente sob cuidados paliativos e sedado com remédios para amenizar sua dor.

Nesta quinta-feira (19), uma das filhas dele, Lara Lemos, 18, foi visita-lo no hospital. Ela estava fazendo intercâmbio nos Estados Unidos. Havia um ano e meio que pai e filha não se viam. “Ele a reconheceu e ficou feliz com a presença dela. Se emocionou. Mas quando ela foi embora ele voltou a ficar confuso.” 

No momento, Sandra e a família continuam rezando e pedindo que Deus faça o melhor. Uma vaquinha virtual foi aberta por ela para tentar conseguir fundos para a locomoção até o hospital. Asa Branca está internado pelo SUS (Sistema Único de Saúde). “Algumas pessoas têm ajudado, mas as quantias são pequenas. É mais para gasolina ou para pagar despesas como um estacionamento”, afirma. “Continuaremos rezando”, conclui. É possível ajudar pelo site Vakinha.

ÍCONE DOS RODEIOS

Waldemar Ruy Asa Branca dos Santos foi milionário e um ícone no mundo dos rodeios por criar um novo estilo de narração. Ele já chegou a ganhar R$ 1 milhão em um único mês, morava nos Jardins, usava helicópteros e aviões fretados como meio de transporte.

Após abusar de uma vida de luxo, sexo e drogas, ele perdeu, ao menos, R$ 10 milhões. Portador do vírus da Aids desde 1999, o locutor, que apresentava os principais rodeios país afora, era figura fácil em programas de TV. Quase morreu em 2013, após contrair uma doença transmitida por pombos e meningite. Ele tentou retomar a carreira depois disso, mas a doença foi se agravando.

A carreira de Asa Branca foi meteórica. Virou locutor por acaso em 1985, quando o narrador oficial brigou com a direção de uma festa. Tinha sido eliminado do rodeio no primeiro dia e perdido o gosto pela atividade após ser pisado por um touro em 1984. O pisão lhe rendeu uma cirurgia no peito.

Tomou gosto pela narração e resolveu se aperfeiçoar. Foi limpar cocheiras no Texas, onde acontecem alguns dos principais eventos da área nos EUA, e conheceu uma tecnologia avançada à época: microfone sem fio.