Celebridades

Neil Young pode ter cidadania americana reprovada por uso de maconha

Músico diz publicamente que faz uso da droga, o que não é visto com bons olhos

Neil Young - Alice Chiche/AFP

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Preocupado com a situação climática do mundo, o músico canadense Neil Young, 73, quer votar nas próximas eleições americanas, em 2020.

O seu processo de cidadania, porém, está dando um certo trabalho desde que ele assumiu publicamente que faz uso de maconha, segundo reportagem do New York Times.

Em geral, quem está no processo de pedido de cidadania americano precisa passar no teste do uso ilegal de drogas para ser considerado um cidadão de bom caráter. 

Até mesmo nos estados em que a droga é legalizada, como na Califórnia, onde Young vive, o uso da maconha pode dar a entender que o cidadão não respeita as leis federais. "Quando eu entrei com pedido para a cidadania americana, passei no teste. Foi uma conversa em que me foram feitas diversas perguntas, e eu as respondi com sinceridade", afirmou o músico.

Depois do primeiro sinal verde, ele foi informado de que teria de fazer um outro teste, "por causa do uso de maconha e pela maneira como algumas pessoas que fumam parecem ter problemas", contou Young. 

O artista canadense sempre falou livremente sobre o assunto. Em seu livro de memórias, lançado em 2012, ele relatou uma prisão que sofreu por apreensão de drogas com outros membros do Buffalo Springfield, sua banda dos anos 1960.

Já em suas memórias de 2014, ele conta que passou uma noite inteira de agosto de 1976 escrevendo seu álbum 'Hitchhiker' e que o processo só foi interrompido "por maconha, cerveja ou cocaína". Young conta que parou de fumar maconha em 2011, mas, logo depois, decidiu retomar o uso.

No processo de cidadania, o solicitante pode ser desqualificado se cometeu um crime considerado grave ou se participou de tortura em outros países, por exemplo. O uso de drogas não desqualifica automaticamente os requerentes, segundo Anastasia Tonello, advogada de imigração em Nova York e ex-presidente da Associação Americana de Advogados de Imigração, ouvida pelo jornal americano.

"Algumas pessoas podem ser reabilitadas, e isso não significa que se você já usou drogas ou já foi preso por algo menor nunca poderá se tornar um cidadão dos EUA", disse Tonello. "Mas certamente complicaria o processo."

A política dos Serviços de Cidadania e Imigração diz que alguém que viola a lei federal sobre drogas ou admite fazê-lo, mesmo que não tenha sido preso, pode falhar no teste de caráter. A política também inclui uma exceção para a qual Young provavelmente não se qualificaria: a de pessoas que tiveram apenas uma prisão por posse simples de 30 gramas ou menos de maconha.

Não está claro exatamente o que ele quis dizer com "outro teste", já que as solicitações geralmente são negadas se a entrevista não terminar com uma aprovação, disse Tonello. Segundas entrevistas são incomuns, ela disse, mas uma pessoa que é negada pode se inscrever novamente.

Se, eventualmente, Young ganhar cidadania, ele poderá votar nas próximas eleições. "Espero sinceramente ter demonstrado um bom caráter moral e poder votar minha consciência em Donald J. Trump e seus colegas candidatos americanos", escreveu Young em seu site.

Claro que Young não tem intenção alguma de votar em Trump. Quando o presidente anunciou sua candidatura em 2015 com a música "Rockin in a Free World" tocando ao fundo, o seu produtor afirmou que o músico estava endossando a senadora Bernie Sanders, de Vermont.